Professoras de Biblioteconomia da UFG ministram minicurso na 12ª edição do Pensar

On 10/11/11 00:33 .
Docentes da UFG realizam minicurso "Competência Informacional em Biblioteca Escolar"

“A maior das virtudes humanas é justamente aquela que nos aproxima de um deus; a possibilidade de criar. Se negamos a um ser humano essa sua capacidade, podemos estar anulando um futuro gênio da informática, da arquitetura, ou da engenharia. Precisamos municiá-lo, com a colaboração entre bibliotecário e professor, de um grande volume de informação, desenvolvendo em quem hoje é estudante a habilidade de selecionar dados que lhe interessam, adotando um foco e refinando-o com o progresso da pesquisa. Só depois de todo esse processo é que é possível fazer o exercício mais importante; a reflexão. E é a partir dela que estão instaladas as condições para a criação”.


A reflexão acima é da professora Eliany Araújo, da Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia (Facomb) da UFG, proferida durante o Pensar 2011, que ocorre no Centro de Convenções de Goiânia até amanhã, 8 de outubro. A professora ministrou no último dia 6, com as colegas Andréa Santos e Janaína Fialho, que também lecionam na Facomb, o minicurso “Competência Informacional em Biblioteca Escolar”.

Andréa dos Santos ressaltou a necessidade do uso da biblioteca como um local de formação do futuro usuário da biblioteca pública, universitária e digital/global (a internet). “Daí a necessidade de profissionais formados e qualificados para atender aos usuários, estimulando a leitura e orientando as pesquisas. Precisamos de pessoas com competências mais específicas e completas e não simplesmente qualificação”, afirmou. A professora também destacou a importância de se evitar um uso utilitarista da informação. Uma das participantes do minicurso, professora de uma instituição pública, afirmou que os alunos fazem os trabalhos copiando o que encontram das fontes, muitas vezes auxiliados por donos de lan houses, onde costumam procurar informação.


Janaína Fialho apresentou um modelo estadunidense de busca de informação. “O que nossos estudantes estão fazendo é pular várias etapas desse processo”, afirmou, “indo do momento de coleta das informações direto para a redação dos resultados, sem passar pela leitura detalhada de todo o material recolhido, seleção dos melhores dados, reflexão sobre o material, com compilação e confrontação de teorias para a definição de um foco e, aí sim, criação de conhecimento novo”. A professora também informou que ainda não temos, como nos Estados Unidos, a cultura de cuidar de nosso patrimônio bibliotecário: “infelizmente, ainda estamos lutando para ter nossas bibliotecas”.


A professora Elyane apresentou dados de uma pesquisa recente, publicada este ano, que fazia uma avaliação dos sentimentos experimentados por alunos de escolas públicas e particulares do ensino fundamental durante a elaboração de um trabalho escolar. A reação mais recorrente entre os de escola pública, quando o professor pedia o trabalho, era apresentar dúvidas (23%), ao passo que os de escola particular, na sua maioria, se sentiam satisfeitos (31%). Dificuldades financeiras influem no andamento das pesquisas de alunos de escola pública, enquanto nas particulares os alunos enfrentam problemas para trabalhar em grupo e para redigir, por exemplo.

A professora destacou que 18% dos alunos da rede pública “não sentiram nada” quando o professor recomendou a pesquisa. “Esse dado é preocupante. Encontramos alguns pequenos percentuais de preguiça ou raiva, mas 'não sentir nada' é algo novo”, declarou. O papel da internet também é algo a ser observado nesse processo. “Ela serve como uma gigantesca biblioteca desorganizada, onde há todo tipo de informação, boa ou ruim; mas não se tem atentado para a memória do que se produz. Daqui a 50 anos, esse será um grande problema, quando boa parte do que se produziu ali ou dos registros de contexto de produções se perderem”, defende. “Essa perenidade influi no nosso comportamento, fazendo com que não exista momento de reflexão e, consequentemente, tempo para reter as coisas na memória; daí se perdem, por exemplo, os valores, e nossas crianças conseguem dizer que 'não sentem nada' quando lhes é posta uma tarefa”.

Source: Ascom/UFG

Categories: Pensar 2011