Mesa-redonda discute o uso das novas tecnologias e das redes sociais
Foi realizada nesta quarta-feira, 28/09, na Faculdade de Ciências Sociais da UFG, uma mesa-redonda para discutir o uso de novas tecnologias e das redes sociais no fazer profissional. O evento, organizado pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas de Política, Informação e Novas Tecnologias (POINT-UFG), teve a mesa composta pela blogueira, twitteira e jornalista de O Popular, Fabiana Pulcineli, pelo jornalista e doutorando do programa de pós-graduação da FCS/UFG, Luiz Carlos do Carmo, e pelo profissional multimídia e correspondente estrangeiro no Brasil, Thomas Milz. Os convidados concentraram o debate, principalmente, nas mudanças da atividade jornalística com o advento das redes sociais e seu uso como agente politizador da sociedade.
Fabiana Pulcineli iniciou as considerações mostrando como o twitter pode proporcionar ao jornalista uma plataforma com informações rápidas para a elaboração de matérias, além de oferecer maiores possibilidades para a avaliação de demandas. “As regras jornalísticas não mudam. A apuração de informações, a ética, o profissionalismo e a credibilidade continuam sendo essenciais para a atividade”, esclareceu ela. De acordo com Pulcineli, tais avanços na área comunicacional são recentes e ocorrem rapidamente, de modo que ainda não são usados ou conhecidos pelos veículos de notícias em sua totalidade.
O correspondente alemão no Brasil, Thomas Milz, mostrou como sua experiẽncia profissional foi afetada pelas novas tecnologias. Segundo ele, os avanços tecnológicos tornaram a vida do jornalista mais fácil, porém, o mercado mais competitivo. O compartilhamento de informações em tempo real oferecido pela internet a qualquer cidadão dificulta a produção de material jornalístico que atraia o interesse dos veículos de comunicação em publicar o material. “A sociedade passou a consumir a informação como qualquer outro produto, com demanda rápida, ocasionando uma realidade comunicativa composta de muito mais notícias vazias propriamente discussões”, afirmou ele.
Já o jornalista Luiz Carlos do Carmo falou sobre sua pequisa de doutorado, que contempla o uso da internet no processo eleitoral brasileiro. De acordo com o desenvolvimento de sua pesquisa, a aparente democracia da internet como um possível veículo de comunicação contra-hegemônica é contraposta pela entrada das grandes empresas de comunicação no meio, onde costumam também dominar a disseminação de informações. A proximidade entre representante e representado gerada por redes sociais como o twitter, sem que haja um desenvolvimento posterior voltado para o debate social e político, torna-se então uma mera ferramenta de transmissão de informações.
COm base nos três pontos de vista compartilhados, os convidados, com a partipação da plateia, discutiram acerca da capacidade que as redes sociais possuem de disseminar conhecimento, culminando numa possível politização mais efetiva de seus usuários. Luiz Carlos do Carmo apresentou um dado segundo o qual o Brasil é um dos cinco países com maior número de usuários de redes sociais, mesmo com apenas 25% da população tendo pleno acesso à internet. A possibilidade levantada ao longo do debate foi a de que onde há indignação popular as redes sociais podem funcionar como um catalisador das revoltas, mas não são capazes de provocar o mesmo efeito numa sociedade em que o conformismo tornou-se regra geral, o que aponta a ideia de que a comunicação rápida pode mobilizar pessoas, mas não é suficiente para motivá-las.
Quelle: Ascom/UFG
