
Kalunga Cidadão levará conjunto de ações básicas para a melhoria de vida dos quilombolas
No início do ciclo do ouro, ainda no século XVIII, muitos negros foram trazidos para o interior do Brasil como mão-de-obra escrava, para a garimpagem. Os escravos que se rebelavam contra a exploração dos senhores fugiam das fazendas e se escondiam entre as montanhas. Assim, nasceram os quilombos da região. O termo Kalunga, no sentido que os moradores do Sítio Histórico o concebem, significa “lugar sagrado que não pode pertencer a uma só pessoa ou família”, ou ainda, um lugar onde nunca seca, arável, sendo bom para as horas de dificuldades.
O povo Kalunga representa a continuação de uma comunidade formada por negros que resistiram à escravidão e por outros, alforriados, que organizaram quilombos na região da chapada dos Veadeiros, no norte de Goiás, nos atuais municípios de Cavalcante, Monte Alegre de Goiás e Teresina de Goiás. Detentor de identidade e cultura peculiares, o Povo Kalunga possui toda uma história que caracteriza seu modo de viver, suas relações com o meio natural, com a própria comunidade e demais grupos, na organização social e política de sua vida, na construção de suas formas de subsistência, entre outros processos. Com uma população em torno de 6.000 pessoas, são cinco os núcleos dos Kalungas: Vão de Almas, Vão do Moleque, Ribeirão dos Bois, Contenda e Kalunga, que abrigam cerca de 50 grupos populacionais.
Atualmente, pode-se dizer que os Kalungas são agricultores familiares multifuncionais e pluriativos. Combinam múltiplas inserções ocupacionais de pessoas que pertencem a uma mesma família e promovem os cuidados com o território, o meio ambiente, a salvaguarda do capital cultural, a manutenção de um tecido econômico e social rural pela diversificação de novas atividades ligadas à atividade agrícola. Ao longo de sua história, eles mantiveram estratégias de segurança alimentar que vêm sendo afetadas diretamente por políticas públicas assistencialistas. No campo do agronegócio, a valorização do território constitui-se numa importante estratégia para diferenciar a produção e agregar renda às atividades, porém o caminho para alcançar tal valorização é o desafio. As políticas públicas que atendem as comunidades quilombolas são recentes e estão em diferentes momentos de implementação.
Os Kalungas enfrentam problemas de falta de infra-estrutura como: ausência de estradas, assistência médica e escolas, convivem com a seca, lutam pela regularização de suas terras e, alguns se encontram abaixo da linha da pobreza e outros abaixo da linha de indigência. Tal situação tem provocado o êxodo rural, especialmente entre os mais novos, que buscam melhores condições de vida nos grandes centros. As jovens da comunidade saem, principalmente para Brasília e Goiânia, onde na maioria das vezes, trabalham como empregadas domésticas, e os rapazes exercem trabalho temporário em fazendas da região.
Sabendo que é imprescindível a implementação de sistemas de atendimento diversos tais como Assistência em Saúde, Jurídica, Educacional, entre outros, na área Kalunga para minimizar as necessidades dessa população e garantir melhoria na qualidade de vida, evitando a migração dos jovens para a periferia de grandes cidades, a UFG vem com o projeto de extensão Kalunga Cidadão atenuar as diversas carências desta população.
O projeto objetiva desenvolver um conjunto de ações voltadas diretamente para as melhorias de condições de vida dos quilombolas Kalungas. Trata-se de uma ação de extensão a ser realizada no dia 24 de setembro de 2011 junto à comunidade quilombola Kalunga, utilizando como ponto de concentração o Engenho II, situado na zona rural do município de Cavalcante (GO), onde serão desenvolvidas diversas atividades.
资源: EVZ/UFG