Mesa-redonda aborda violência doméstica na 63° Reunião Anual da SBPC

在 18/07/11 13:21 上。
Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn) levanta a discussão sobre proteção à dignidade social da mulher

Por Alisson Caetano

Violência doméstica é uma temática sempre presente na mídia, seja nos noticiários, seja no mundo ficcional de novelas, filmes e seriados. Dentro do tema, a violência contra a mulher é, em sua maioria, o foco do assunto e a constante presença de tal violência em nosso cotidiano a torna uma relevante preocupação para a saúde pública. No intuito de propor uma discussão acerca do assunto, a Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn) trouxe para a programação da 63° Reunião Anual da SBPC a mesa-redonda "Violência doméstica: um olhar de gênero".


Diretora da ABEn, Emiko Yoshikawa Egry, representando a Universidade de São Paulo (USP), coordenou a mesa cujos participantes por meio de pesquisas e publicações se tornaram autoridades na área da violência doméstica enfocando a violência de gênero. O professor Marcelo Medeiros, membro do Conselho Diretor da Faculdade de Enfermagem da UFG, iniciou a discussão destacando a importância do trabalho do profissional da saúde no combate a todo tipo de violência. Entretanto ele alerta que a ação dos enfermeiros em pesquisas qualitativas está mais voltada para a identificação do problema do que para solução dele. Para um resultado efetivo no combate à violência deve existir um conjunto de políticas de diversas áreas que sejam capazes de compreender as representações simbólicas que indicam vulnerabilidade social.


Segundo o professor, a violência de gênero deve ser entendida como qualquer uso intencional da força ou de uma pressão psicológica que diminua o papel social da mulher. A violência conjugal, o tráfico de mulheres e o abuso sexual são os mais preocupantes reflexos da vulnerabilidade da mulher em relação ao homem, sendo representada não somente na comparação à força física, mas também aos papéis sociais impostos a ambos numa sociedade patriarcal.


A professora da Escola de Enfermagem da USP, Rosa Maria Godoy Serpa da Fonseca, argumentou que a violência intrafamiliar acontece por não haver políticas que liguem a saúde da família à relação de gênero. Relação essa que construiu papéis rigidamente forjados no mundo feminino, fazendo com que no espaço público a mulher seja ligada ao papel de mãe, dona de casa e aos demais incentivados pela mídia, principalmente por causa do sensacionalismo das novelas. Rosa Maria afirma que os profissionais da saúde se sentem em uma posição de impotência paralisante por não poderem combater efetivamente o caráter de invisibilidade da violência doméstica.


A enfermeira e professora Ivone Evangelista Cabral, presidente Nacional da ABEn, buscou em um texto de Paulo Freire a representação da violência contra a criança e o adolescente como forma de ilustrar a educação fundamentada em castigos, punições e repressões. Esta forma de educar fabrica uma obediência que afirma as relações de dominação e subordinação no âmbito familiar. A palestrante destacou a relevância de se desmascarar a normalidade com a qual a vulnerabilidade feminina é tratada em nossa sociedade.


Uma questão cultural


A relação vítima/algoz sempre foi algo presente na história da vida humana. Porém, a violência contra o "mais fraco" é algo que vem se tornando cada vez mais complexo em nossa sociedade. Os três palestrantes da mesa-redonda consideraram a violência de gênero um resultado da concepção cultural de dominação masculina. A hostilidade conjugal tem em quase cem por cento dos casos a mulher como vítima, o que acaba por abalar a integridade física e social feminina.


A lei Maria da Penha, muito lembrada pelo professor Marcelo Medeiros, visa não apenas punir os agressores, mas principalmente proteger a dignidade social da mulher. Para tanto, a lei não tem sido suficiente. É necessária a efetivação de políticas públicas ligadas à educação a não-violência. A cultura não é estática e nunca é tarde para estimular a nossa, a ser uma cultura que pregue, acima de tudo, o respeito.

 

资源: Ascom/UFG