Nanotecnologia que brota do cerrado
A nanotecnologia não é mais uma ciência emergente; mas um segmento de pesquisa concreto que tende a se afirmar ainda mais no futuro. A fala é da professora Eliana Martins, que ministrou hoje a conferência “Nanotecnologia que brota do Cerrado rumo à inovação farmacêutica”, durante a 63ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). A professora é coordenadora do Programa de Pós‐Graduação em Nanotecnologia Farmacêutica da Associação em Rede, formada por dez universidades (UFG/UFRGS/UFSM/UFSC/USP RP/UNESPAr/UFOP/UFMG/UFRN/UFPE).
Segundo a professora, a maioria dos estudos sobre nanotecnologia atualmente é realizada dentro da área medicinal, com destaque para a área de fármacos, e os estudos envolvendo o combate a tumores cancerígenos tem sido o foco nos últimos anos. “Problemas como baixa estabilidade, falta de precisão e tempo reduzido de circulação no organismo são bastante comuns nas drogas usadas no tratamento de câncer”, afirma a professora. “ E a nanotecnologia tem desenvolvido formas de melhorar esse processo”, completa.

Eliana Martins é diretora do Laboratório de Tecnologia Farmacéutica (Farmatec) da UFG
A professora também forneceu um panorama da situação de pesquisa em nanotecnologia. Segundo dados da Web of Science, há 10 anos, os Estados Unidos eram responsáveis por 30% do conhecimento em nanotecnologia produzido mundialmente, seguidos por França e Alemanha. Atualmente, a China tomou o lugar da França, e o Brasil passou de 23º para 17º lugar. “Os EUA investem 3,7 bilhões de dólares ao ano em pesquisa com nanotecnologia, ao passo que nós investimos 27 milhões em dez anos”, informou.
A técnica mais utilizada pelos pesquisadores no tratamento de tumores é o drug delivery; o método usa nanopartículas para transportar fármacos que combatem especificamente as células cancerígenas, eliminando o tumor sem afetar as estruturas vizinhas. Outros tipos de tratamentos que utilizam as estruturas são a terapia fotodinâmica, a termo ablação e a magneto hipertermia. Todos usam de diferentes estímulos (radiação ultravioleta, infravermelha ou variação do campo magnético) para rastrear e destruir as células cancerígenas. “É claro que há perda de partículas. Mas a precisão é muito maior. Em um estudo que realizamos com a leucemia, houve redução de 90% na dose de medicamentos utilizada”, revelou a professora.
Falando sobre os riscos que os materiais podem trazer, a professora garantiu: “Já conhecemos as substâncias usadas em escala nano. Só não conseguimos mensurar, ainda, que tipo de problema a inalação de certos elementos por quem lida diariamente com eles pode trazer”. Mas reafirmou o tom positivo: “ Boa parte da indústria de cosméticos e esportes já utilizam essa tecnologia, e o futuro parece pedir pela sua intensificação”.
资源: Ascom UFG
类别: Ciência
