Um colosso no centro do país
Por Raniê Solarevisky
A SBPC é grande. É essa a impressão nos olhares surpresos de quem passeia pela ExpoT&C; no entusiasmo das discussões nas mesas e conferências; na audição atenta aos pôsteres; nos sorrisos em frente aos palcos; no encanto vivo dos cientistas de amanhã. E parece conseguir isso sem esforço algum. A grandeza do evento talvez seja uma soma da amplitude dos temas, da diversidade do público e das apresentações ou, para além disso, da democratização do conhecimento.
“Fiquei aqui a manhã toda, e ainda não consegui observar tudo”, afirma Flora Ribeiro, ao lado do marido e dos dois filhos pequenos, Pedro e Lucas. “É muito enriquecedor para as crianças. É interessante ver o quanto elas abrem a mente e conseguem ver de forma mais palpável a realidade que as cerca”. A jornalista não foi a única que veio com toda a família; dezenas de visitantes trouxeram pais, irmãos e colegas. “O evento não tem uma relação direta com a ciência técnica. A ciência é para o bem da humanidade, e se o que tem sido desenvolvido dentro da academia diz respeito a todos nós, nada melhor do que termos algum contato”, defende.
Os estudantes Diogo Hilário da Cruz e Jean Carlo Ferreira se interessaram pelos experimentos de física. “Também viemos para conhecer o lugar; estamos fazendo cursinho para entrar na UFG e ainda não tínhamos visitado a universidade”, relata Jean. “Além de mostrar em que nível estão as pesquisas em cada área, o contato também influencia na escolha do curso. Encontramos muitos colegas que também vieram para participar”, informa Diogo.
O magnetismo flui sobre todo o país, e motiva retornos. “Participo desde 2008”, afirma Igor Vinícius de Oliveira, agrônomo da Universidade Federal Rural da Amazônia, em Belém, no Pará. Na fila para escalar um paredão montado no estande do Ministério dos Esportes, o mestrando defendeu também o xadrez e o tênis de mesa, usufruídos por quem visitava o local. “Qualquer atividade, como o estudo, deve ser intercalada com algum momento de lazer. Num evento científico, esse tipo de prática é importante”.
“A cada ano que passa, me surpreendo com as melhorias”, revelou Márcia Andréia de Andrade, de frente para um cubo mágico gigante onde os visitantes se divertiam com as projeções de luz. “Houve um pouco de desinformação no primeiro dia, mas isso é normal em qualquer evento desse porte. Meu alojamento também ficou bem longe do campus mas, mesmo cansada, quando chego aqui, vale muito a pena”, conta a estudante de física do Instituto Federal do Amazonas. “É a terceira vez que participo. O mais interessante é a diversidade das atividades e do público; pessoas de todo o país passam por aqui e fazemos mais do que apresentar nosso trabalho”.
“Acabei de chegar. Tem pouca coisa na minha área”, afirmava Patrícia Gazire de Marco, mestranda em Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Com um mapa nas mãos, pediu orientação sobre como chegar ao local em que apresentaria seu trabalho. “Vim somente para apresentar e pretendo ir embora amanhã”. No entanto, uma passagem rápida pela ExpoT&C bastou para a estudante hesitar: “Mas tem tanta coisa legal...”.
A desorientação não parece respeitar fronteiras, e se impôs sobre todos. “Não vimos nada muito detalhado ainda. É a primeira oportunidade que estou tendo de ver tantos grupos e tantas ideias juntas. Acho fantástico. Devíamos ter incentivo, desde o ensino médio, a buscar o ensino superior e reunir os programas das empresas, estimulando a participação em eventos como esse”, declarou Santiago Alves de Souza, estudante de engenharia da computação da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, ao lado da namorada.
Todos os depoimentos foram colhidos de pessoas que visitavam uma pequena área da ExpoT&C, pouco antes do almoço. Perto dali, mais uma palestra ocorria na bolha interativa do espaço. Nas salas de todos os prédios do câmpus, conferências, minicursos e mesas-redondas faziam fervilhar discussões e circular ideias. Perto da Faculdade de Letras, foguetes de garrafa levavam a experiência do conhecimento aos céus e semeavam as pesquisas de amanhã. Os corredores da universidade, cercados por pôsteres, nunca tiveram que conduzir tanta gente (e tantos projetos). E a noite ainda reservava um mundo particular de sensações frente aos palcos.

资源: Ascom/UFG
类别: SBPC
