Pesquisadores abordam doenças negligenciadas em saúde mental
Pesquisadores de Goiânia, Brasília e São Paulo se reuniram na tarde do dia 12 de julho, no auditório do antiga Faculdade de Ciências Humanas e Filosofia (FCHF) da UFG para discutir as psicopatologias ignoradas pela sociedade e até pela comunidade científica. A mesa-redonda “Doenças Negligenciadas em Saúde Metal” foi coordenada pelo psicólogo Marcelo Frota Lobato Benvenuti (UnB) e composta pelo psiquiatra Leonardo Ferreira Caixeta (UFG), e pelos psicólogos Ileno I. da Costa (UnB) e Roberto Alves Banaco (PUC-SP).
Segundo Ileno da Costa, as políticas públicas voltadas para a saúde não contemplam as doenças mentais e ignora-se o fato de que elas podem ser a base de outras doenças graves. Ele acredita que a negligência em relação às psicopatologias tem início na própria definição do termo, que quando equivocada acarreta sérios enganos nas pesquisas, nos diagnósticos e nos tratamentos dos doentes.
Leonardo Caixeta, que estuda as doenças mentais negligenciadas em minorias étnicas, explicou que indígenas, grupos isolados, como os Kalungas, e grupos de pouca visibilidade política, como idosos e moradores de rua são constantemente ignorados pela saúde pública. O suicídio coletivo, alcoolismo e depressão entre indígenas, as doenças mentais crônicas e as síndromes de meia-idade são algumas das patologias que, de acordo com o psiquiatra, ainda não foram devidamente estudadas pela comunidade científica.
Ele citou ainda a Síndrome de Diógenes, doença caracterizada pelo acúmulo excessivo de lixo, e se disse espantando com o desconhecimento ainda presente em relação ao assunto. O psiquiatra realizou um estudo que ligou a síndrome à dengue devido à falta de higiene nos locais onde estes doentes vivem. Trata-se de um exemplo de como uma doença mental pode ocasionar sérios riscos à saúde pública.
Doenças mentais em idosos
Leonardo Caixeta alega que o suicídio entre idosos, responsável por 7,5% das mortes por causas externas em idosos no Brasil, não é estudado pela medicina ou abordado pela mídia. Segundo ele, a falta de acompanhamento desta e de outras ocorrências relacionadas à terceira idade, como alcoolismo e depressão, evidencia que o país não está preparado para atender sua crescente população de idosos.
Para o psiquiatra, a demência também é uma doença preocupante. Ele afirmou que trata-se de uma epidemia silenciosa, que normalmente é confundida com “caduquice”. Neste caso, a negligência acontece ainda na prevenção. Leonardo Caixeta, que é autor de dois livros sobre Alzheimer, uma das demências mais conhecidas, afirmou que o sistema público parece não se atentar para as possibilidades de se prevenir ou retardar a doença.
Roberto Alves Banaco explicou que as psicopatologias podem ser identificadas por meio do que ele denomina de critério do sofrimento, ou seja, se os comportamentos causam ou não desconforto à pessoa ou àqueles que a cercam. Competição, controle e individualismo em excesso, por exemplo, podem indicar uma patologia comportamental. Ele ainda destacou outros comportamentos comuns que podem ser preocupantes, como ingestão de antidepressivos ou bebidas energéticas sem real necessidade.
Ao fim da mesa-redonda, os três pesquisadores concordaram que a negligência em torno das doenças mentais existe tanto do ponto de vista social quanto ético e científico.
Roberto Alves Banaco fala sobre comportamentos que indicam psicopatias
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Fonte: Ascom/UFG
Categorie: Saúde
