Conferência alerta para casos de Leishmaniose visceral em Goiânia

Sur 11/07/11 01:31.
Professora da UFG relaciona doenças parasitárias com alterações no meio ambiente

Goiânia está em estado de atenção após três cães serem diagnosticados com Leishmaniose visceral, uma doença parasitária preocupante que acomete cães e seres humanos. O alerta foi feito por Dulcinéa Maria Barbosa Campos (UFG) durante a conferência “Alterações no meio ambiente – Expansão de Doenças Parasitárias no Brasil”, realizada no dia 11 de julho, como parte da programação da 63ª Reunião Anual da SBPC.


Doutora em Parasitologia pela Universidade de São Paulo (USP), professora aposentada da UFG e atualmente professora do Centro Universitário de Anápolis (UniEvangélica), Dulcinéa explicou que em doenças como Leishmaniose visceral, de difícil controle e de transmissão rápida, é preciso estar atento a cada caso. Cães infectados podem levar, por meio do mosquito-palha (nome popular do Lutzomyia longipalpis e Lutzomyia cruzi), à transmissão da doença e ocasionar surtos entre seres humanos. “A situação realmente é preocupante. Não queremos causar pânico, mas a comunidade científica precisa ser alertada sobre isso”, afirmou.


O perfil epidemiológico da Leishmaniose visceral tem se alterado ao longo das últimas décadas devido, entre outros fatores, às alterações no meio ambiente causadas pelo processo desordenado de urbanização. Segundo Dulcinéa, acredita-se que a infecção dos cães em Goiânia tenha relação com a construção da barragem do Ribeirão João Leite. Alterações na natureza como esta, provocam graves desiquilíbrios ambientais e propiciam a propagação de doenças parasitárias.


Dulcinéa explicou que para o controle da Leishmaniose visceral é imprescindível o diagnóstico precoce e o monitoramento geográfico da doença. Não basta identificar os casos em cães e seres humanos, para controlar sua transmissão é necessário saber onde foram infectados.


A Organização Mundial de Saúde considera as doenças parasitárias como doenças negligenciadas devido ao pouco investimento em tecnologia e pesquisa sobre o assunto. Ledice Inácia de Araújo Pereira, professora do Departamento de Medicina Tropical e Dermatologia da UFG e responsável pelo ambulatório de doenças endêmicas do Hospital de Doenças Tropicais (HDT), que apresentou a conferência, alertou que em um mundo globalizado, doenças que normalmente acometiam somente países subdesenvolvidos devem ser motivo de preocupação para todo o mundo.

Source: Ascom/UFG

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