noticia7688.jpg

Investimento em Ciência e Tecnologia agrícola é a peça chave para uso sustentável do Cerrado

En 12/07/11 05:42 .
Presidente da Embrapa destaca importância do bioma como produtor agrícola e a relação com a preservação do bioma

No primeiro dia de programação científica da 63ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), o presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Pedro Antônio Arraes Pereira proferiu a palestra “Cerrado – água , alimento, energia e tecnologia agropecuária”, no auditório do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federal de Goiás (UFG). O pesquisador apontou as principais características da agricultura brasileira, desde o estouro da atividade, na década de 1970, até os dias atuais.

Crise alimentar, pobreza rural, e baixa produção e rendimento agrícola caracterizavam o perfil da agricultura na década de 1970. Não havia conhecimento tecnológico sobre o assunto e por isso buscou-se evoluir da agricultura tradicional para uma que fosse baseada em ciência e tecnologia. Com o passar dos anos, a aplicação das novas tecnologias trouxeram significativo aumento da produção. Hoje, o país é um dos principais produtores e exportadores de soja, carne e açúcar para países da Europa, China e Estados Unidos. Dados apontados por Pedro Arraes mostram que a produção agrícola contribui com 28% do Produto Interno Bruto (PIB) e 42% das exportações do Brasil.


Desenvolvimento

De acordo com o palestrante, para que a atividade agrícola do país se desenvolvesse, foi preciso um trabalho envolvendo ciência e tecnologia, políticas públicas, apoio institucional, conhecimento tropical e empreendedorismo dos agricultores. Segundo estimativas realizadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), 12% do total de investimento em Ciência e Tecnologia no país são voltados para a área agrícola. “É preciso investir mais. Houve um declínio nesse tipo de investimento nas últimas décadas em países em desenvolvimento. Só com pesquisa poderemos melhorar ainda mais a produtividade”, explica Pedro Arraes.

A migração da atividade agrícola para o Cerrado, especialmente a partir da década de 1970, trouxe benefícios e custos para a região. Além da exaustiva utilização dos recursos naturais da região, o risco para a biodiversidade é grande, devido a fatores como a poluição, especialmente de rios. Por outro lado, a agricultura trouxe estabilidade na oferta de alimentos, melhorias na renda, nos serviços de saúde e diminuição dos preços dos alimentos, entre outros. “Tudo tem um lado positivo e negativo. É preciso ponderar os dois lados para que se possa buscar uma solução para a dicotomia entre a produção no Cerrado e a preservação do Bioma”, afirma Pedro Arraes.

Para tanto, o pesquisador afirma que é preciso investir em pesquisas e que estas sejam de fato colocadas em prática, não só por grandes produtores mas também por agricultores familiares, que muitas vezes ficam à margem destes avanços. Pedro Arraes destacou ainda que é preciso pensar no uso sustentável de áreas alteradas e florestas úmidas, fortalecer parcerias público-privadas, considerar as mudanças climáticas e pensar em energias alternativas. “Acima de tudo, precisamos pensar em um marco regulatório para a Economia Verde, algo que determine qual será o padrão para a produção nos próximos anos. O Brasil tem tudo para ser uma potência agrícola, ambiental e energética. Precisamos colocar isso em prática de forma consciente”, enfatiza Pedro Arraes.

Fuente: Ascom/UFG

Categorías: Meio Ambiente