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Antropólogos debatem seus métodos de investigação

Sur 06/06/11 08:52.
Evento, realizado nos dias 2 e 3/6, discutiu questões relativas ao exercício da narrativa

Patrícia da Veiga

Foto: Carlos Siqueira

 

A escrita pessoal é uma forma de registro? E a literatura regional? Como a Antropologia considera o patrimônio imaterial? Que modalidades de inventário e resgate da memória são reconhecidas por esse campo de estudos? Em que medida a fala das pessoas é, também, fonte? Estes e outros questionamentos foram lançados para debate pelo Programa de Pós-graduação em Antropologia Social (PPGAS) durante o seminário “Abordagens e Narrativas da Antropologia Brasileira”. O evento foi realizado durante os dias 2 e 3/6 (quinta e sexta-feira), no Museu Antropológico e na Faculdade de Ciências Sociais (FCS) da UFG.

De acordo com a professora Cintya Maria Costa Rodrigues, organizadora do seminário, a proposta foi reunir pesquisas preocupadas com o fazer dos etnógrafos. “Nos interessa, sobretudo, questões relacionadas a narrativas, tanto pessoais como institucionais”, comentou.

Para tanto, foram convidadas a apresentar seus trabalhos as professoras Izabela Tamaso, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), e Fernanda Arêas Peixoto, da Universidade de São Paulo (USP). A primeira compôs com Cintya e com o professor Gabriel Omar Alvarez a mesa de trabalho “Os diferentes campos de realização da pesquisa antropológica”. Na ocasião, Izabela relatou a experiência, os desafios e os resultados da confecção de um inventário do patrimônio imaterial em Mato Grosso. Já Fernanda Arêas ministrou palestra na sexta-feira (3/6) sobre o "olhar" de Roger Bastide lançado para as metrópoles.

Outro ponto do evento foi a discussão estabelecida em torno da Literatura. “Qual o lugar de obras literárias, que relatam tempos e circunscrevem outras localidades, no registro antropológico?”, questionou Cintya ao apresentar o tema de sua tese de doutorado.

Para a professora, investigar as “(in)fortunas” de escritores do Sudeste goiano revelou não somente o cotidiano e as características da região, o que já foi “uma surpresa”, mas também as relações de poder inscritas na trajetória dessas pessoas. Segundo ela, escritores locais são intelectuais e exercem influência na organização da cultura, mas, não chegam a ser reconhecidos nem pela academia e nem pela indústria editorial. “Como articular as dinâmicas de vida dessas pessoas às suas práticas de escritura? Esse foi um questionamento teórico-metodológico que tive e que percebo chegar tarde na universidade”, completou.

A pesquisa com escritores locais foi feita também por estudantes de graduação e mestrado, que se envolveram com a literatura, por exemplo, do Vale do Araguaia e do Setor Campinas, em Goiânia. Ainda durante o seminário, a pós-graduanda Aline Lopes Murillo apresentou o resultado final de sua dissertação, intitulada “Histórias que se entrecruzam: narrativas de Valdon Varjão sobre Barra do Garças”. “Aline lembra de ler esse autor ainda na infância”, arrematou a professora Cintya.

Source: Ascom/UFG