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Nelson Maculan aborda pesquisa e ensino na pós-graduação

On 05/19/11 00:02 .
Professor da UFRJ relatou experiências e situação da pesquisa nas universidades brasileiras

 Raniê Solarevisky

 

Em tom descontraído, o professor Nelson Maculan, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, ministrou uma palestra, no dia 05 de maio, sobre as experiências da Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharias (COPPE) com ensino e extensão. O reitor, Edward Madureira Brasil, e a pró-reitora de Pesquisa e Pós-graduação, Divina das Dôres de Paula, participaram do evento realizado no auditório da Biblioteca Central, além de professores, alunos, diretores e coordenadores de várias unidades acadêmicas.

 

Segundo Nelson Maculan, a COOPE foi fundado em 1963, com recursos do BNDES: “a intenção era contrabalancear a produção científica concentrada em São Paulo”, afirmou o professor. O instituto foi formado mediante a colaboração de pesquisadores russos, franceses e de outras partes do mundo, e desde cedo contou com recursos privados para financiar seus projetos. Atualmente, a COOPE realiza projetos no valor médio de 400 milhões de reais ao ano com a Petrobrás, por meio da Fundação Coordenação de Projetos, Pesquisas e Estudos Tecnológicos, a COPPETEC.

 

A unidade da UFRJ mantém 12 cursos de pós-graduação, em áreas da engenharia como Biomédica, Oceânica, Nuclear e de Transportes. De acordo com o professor, existe um sistema de avaliação interna que mensura níveis de qualidade, semelhante ao adotado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, a Capes. Todos os cursos têm nível Capes 6 ou 7 (conceito máximo). O professor questionou os métodos de pontuação da  instituição: “uma avaliação deve servir para criar e corrigir, e não para punir”. Respondendo a perguntas do público, ele também incentivou a visão do estudo como uma forma de trabalho: “ na COPPE, temos cerca de 100 bolsistas; o ideal seria superarmos a noção cultural de que o estudo não é uma ocupação como qualquer outra”, declarou.

 

Nelson Maculan defendeu que não existem bons programas de pós-graduação e pesquisa sem a presença de bons alunos e sem empenho no trabalho em equipe. “É nosso papel como professores e orientadores incentivar o corporativismo, o espírito de equipe, e estimular a participação em seminários e defesas de teses diversas”, afirmou. O pesquisador ainda fez críticas à vaidade dos cientistas no mundo acadêmico e às formas de titulação no sistema de ensino superior no Brasil.


Durante toda a sua fala, o professor fez comparações entre as instituições de pesquisa no Brasil e em outros países, como os Estados Unidos. Segundo ele, naquele país, apenas 7% dos recursos destinados à pesquisa são de origem privada, cerca de 80% dos alunos recebem bolsa para estudar e lecionar, enquanto os professores se dedicam mais à pesquisa e à extensão. Maculan ainda destacou que a quantidade de programas de doutorado no Brasil – cerca de 1.200 – ainda é muito pequena e tem baixa produtividade: anualmente, formam-se cerca de 10 mil novos doutores no país. Ainda de acordo com ele, atividades de extensão têm suprido a ausência de serviços públicos, obrigação do Estado, o que  impede as universidades de se dedicarem a procurar soluções a longo prazo para problemas existentes.

O reitor, Edward Madureira Brasil, lembrou que cinco cursos da UFG receberam nota 5 na última avaliação da Capes. “Nosso objetivo é levar todos os cursos a alcançar o conceito máximo”, declarou. O reitor ainda questionou o professor convidado sobre uma política de integração nacional entre as universidades. De acordo com Nelson Maculan, o caminho para se construir uma rede colaborativa entre todas as universidades do Brasil passa pela solução de problemas simples, como a dificuldade para implementar bons programas de mobilidade para professores e alunos. “Estamos fazendo a nossa parte, incentivando a colaboração entre os diversos laboratórios e unidades acadêmicas”, garantiu o reitor.

 

 

 

Source: Ascom/UFG