Inovação tecnológica é usada para controlar pragas na agricultura e combater a dengue

Em 09/05/11 08:47.
Técnica de Inseto Estéril é anunciada como promessa ambientalmente segura e sustentável

 Michele Martins

 

O secretário-geral da SBPC, Aldo Malavasi, explicou, em conferência realizada durante a Reunião Regional da entidade, no Câmpus Catalão da Universidade Federal de Goiás (UFG), os procedimentos para a criação em larga escala de insetos geneticamente modificados. O objetivo é erradicar pragas que causam danos à produção agrícola, principalmente na fruticultura, e controlar a manifestação em seres humanos de doenças como a dengue, por exemplo.


Os trabalhos com moscas geneticamente modificadas desenvolvidos pela organização social Biofábrica Moscamed Brasil, dirigida por Aldo Malavasi, têm apresentado soluções inovadoras para um dos maiores problemas da fruticultura: a infestação de pomares por moscas.


A Técnica de Inseto Estéril (TIE) consiste na alteração dos genes de insetos machos para deixá-los estéreis e impedi-los, posteriormente, de fertilizarem as fêmeas selvagens de uma determinada área, reduzindo, dessa forma, os prejuízos causados pelas moscas quando  atacam as frutas de uma plantação.


“O resultado é uma erradicação em área ampla, por meio de um processo muito mais sustentável em comparação ao uso de inseticidas, e com a vantagem adicional de ser ambientalmente seguro, altamente específico e mais econômico”, informou Aldo Malavasi.


Todos os procedimentos para a criação em larga escala de insetos geneticamente modificados, desde o processo que os torna machos estéreis, passando pelas formas de identificação dos exemplares  (por intermédio de marcadores manipulados geneticamente) e de sua inserção em determinadas áreas, até o acompanhamento do ciclo de vida destes insetos, foram devidamente explicados por Aldo Malavasi durante a conferência.


Combate à dengue - Apesar desta técnica já ter apresentado resultados positivos em outras partes do mundo, caso da erradicação da mosca tsé-tsé (Glossina palpalis), causadora da doença do sono, em Zanzibar, na África, esta é a primeira vez no Brasil que a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprova a liberação na natureza de insetos geneticamente modificados. Neste caso, o argumento para a liberação foi a apresentação de um experimento voltado para o combate à dengue.


De acordo com Aldo Malavasi, a proposta para que a Moscamed produza machos estéreis do Aedes aegypti partiu da bióloga Margareth Capurro, do Instituto de Ciên­cias Biomédicas (ICB) da Universidade de São Paulo (USP), quem trouxe para o país a linhagem transgênica do Aedes aegypti desenvolvida por uma empresa britânica. Desde março deste ano, um experimento com os insetos transgênicos está em andamento no município de Juazeiro, na Bahia.


Aldo Malavasi afirmou que a tendência atual no combate a pragas é o controle genético feito por meio da Técnica do Inseto Estéril. “Temos que pensar em métodos que sejam ambientalmente muito seguros, com enfoque multifacetário para a resolução dos problemas. A sustentabilidade é algo que tem que acontecer em todos os processos”, concluiu o pesquisador.

Fonte: Ascom/UFG