Estudantes da FAV recebem Marcelo Tramontano, da USP

Tiago Gebrim

Fotos: Carlos Siqueira

A Faculdade de Artes Visuais (FAV/UFG) recebeu esta manhã, dia 28 de fevereiro, o professor doutor em Arquitetura e Urbanismo e livre-docente da Universidade de São Paulo (USP), Marcelo Cláudio Tramontano. Ele foi convidado pela FAV para ministrar a aula inaugural do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFG.

O professor iniciou sua fala apresentando o Núcleo de estudos de habitares interativos (Nomads), existente dentro do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da USP, e as pesquisas nele desenvolvidas, que se preocupam com a hibridização dos espaços virtuais e físicos.

Em um discurso objetivo, Tramontano abordou, com vários exemplos interconexos, a inversão da lógica público-privado e o conceito de intimidade. Essa inversão também está ligada ao individualismo, à alienação do sujeito dentro de seu próprio lar.

O diferencial que liga-se a tudo isso são os efeitos da comunicação na contemporaneidade. “Hoje o sujeito está no celular e conversa, no meio da rua, assuntos que não conversaria, nessa situação, há dez anos. Mas aí, se você vai dar um palpite, a pessoa vira e diz: 'isso não é assunto seu'. Mas e o meio da rua não é um lugar público?”

Tramontano exemplifica também falando sobre o quarto. De acordo com ele, o quarto foi sempre a parte mais íntima da casa, o último refúgio, o “quarto-de-dormir”. Entretanto, hoje, a maioria das pessoas tem seu computador localizado exatamente neste ambiente, assim como o eram os telefones, quando criaram-se as extensões de linha (em geral, se havia um único telefone na casa, este se localizava na sala). E aí, explica o professor, o que antes era o ambiente íntimo se torna o ambiente aberto ao mundo. Além disso, ressalta ele, esses usos geralmente se dão a portas fechadas. Isto é, o quarto está isolado dos demais habitantes da casa, pressupondo que o indivíduo tenha mais liberdade e intimidade com quem está do outro lado do telefone, ou da webcam, do que com seus companheiros de casa.

Ao longo desta discussão, que reavalia o modo de enxergar a “casa” e o uso que seus habitantes fazem de cada parte dela, o professor exibia os projetos desenvolvidos pelo Nomads, como a Unidade 001, um conceito diferenciado para habitações populares. Veja aqui.

Tramontano mostrou que falar em planejamento de ambientes já deixou há muito de ser o estudo da construção física apenas. Ele adverte que os próprios docentes têm que atentar para isso, para a existência de um espaço virtual, e, do mesmo modo, para as modificações das relações interpessoais decorrentes das novas tecnologias de comunicação e sua influência no consumo de espaços pelos sujeitos.

Estudantes fazem fila na porta do auditório da Escola de Música e Artes Cênicas para assinar a lista de presença da aula inagural

Professor Marcelo Tramontano: para ele, os arquitetos devem se preocupar com a reconfiguração de uso dos espaços