FAV apresenta exposição Paisagens Outras
Entre os dias 12 de novembro e 10 de dezembro de 2010, a Galeria da Faculdade de Artes Visuais (FAV) apresenta a exposição coletiva de fotografias Paisagens Outras. A exposição tem como curadora a professora e artista visual Shirley Paes Leme. Participam da exposição os artistas do grupo de pesquisa Heterotopias: Sandra Rey, Marcos Martins, Fernanda Moraes, Lucia Bittencourt, Valderez Frigo, Beatriz Rauscher, Miriam Silva, Shirley Paes Leme, João Virmondes e Lucas Killer. A abertura será às 10 horas, no dia 12 de novembro,juntamente com o lançamento do livro da curadora intitulado Heterotopias cotidianas de Michael Asbury.
O grupo, ligado ao curso de mestrado da Faculdade Santa Marcelina (SP), foi criado em 2007 pela artista Shirley Paes Leme, como um campo de interlocução entre artistas e pesquisadores em torno de textos, de ideias e da prática sistemática da pesquisa em artes visuais, e tem entre seus objetivos os estudos sobre espaço com base nos textos de Michel Foucault, Milton Santos, Yi Fu Tuan e outros, além de propiciar intercâmbios entre instituições brasileiras e internacionais, mediante exposições, debates, e simpósios.
A exposição Paisagens Outras é parte da proposta do grupo, de intercâmbio entre o curso de Mestrado da Faculdade Santa Marcelina e a Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de Goiás, materializando resultados parciais de pesquisa em arte de seus membros e artistas convidados.
Sobre as propostas apresentadas pelos artistas a curadora comenta:
"É uma exposição que procurou deslocar a paisagem, de modo heterotópico, investigando uma diversidade de espaços e lugares, como os fundos de quintais suburbanos, terreiros de fazendas ou as ramas de galhos secos de árvores na fotografia de Shirley Paes Leme, que se apresenta, mais que a mera observação passiva, mas como situações de espaços e lugares, nas quais não prestamos atenção em nosso cotidiano, mas que estão ali, presentes. Também colocando em evidência o enquadramento e ponto de vista da imagem fotográfica, mas aqui, pela fragmentação, o trabalho de Sandra Rey é “resultado de desdobramentos dos dados do real em uma série de combinações suscetíveis a resignificações” enquanto Beatriz Rauscher nos fala de espaços líquidos, da idéia de trânsito e de deslocamento. O conjunto de fotografias, reunido por Rauscher, foi tomado sucessivamente em baixa velocidade de obturador, do interior do carro em movimento, onde as interferências do próprio deslocamento e diferentes luminosidades nos apresenta uma nova idéia de paisagem. Uma paisagem líquida. No entanto, as fotografias da série “Encontro com o Vento”, de Valderez Frigo, é o registro das mudanças, provocadas pelo vento, sobre a matéria, que cria uma outra paisagem.
A fotografia de João Virmondes também como a de Frigo é o registro da cidade, de casas em processo de demolição e de objetos em vias de desaparição. Essas imagens são capturadas pelo aparelho celular e montadas a partir de três seqüências de imagens instantâneas formando uma imagem panorâmica. Marcos Martins apresenta a fotografia como registro de uma Intervenção Urbana. O embate do corpo com a cidade, caminhos abertos pelo ato de caminhar, deslocamentos subversivos ao plano urbano outrora imposto são agora re-significado pela construção de fluxos que diminui distâncias, sugerindo encontros e interligando lugares, linhas desenhadas pelos corpos no momento do pisoteamento da grama, caminhos abertos que afirmam uma presença, TRILHA “linhas do desejo”.
Já “FONTE II” de Lucia Bittencourt, é uma sucessão de fotografias criando um objeto penetrável que remete à fonte de Narciso. O espectador é convidado a realizar o mergulho, a penetrar nesta “fonte” onde encontrará o outro. A obra discute questões sobre Identidade e Alteridade. Contrariamente ao trabalho de Bittencourt, Miriam Silva recria a paisagem do corpo feminino repensando e revisitando seus arquivos de ensaios fotográficos de mulheres que cultuam o corpo e que querem se identificar com modelos das revistas masculinas.
As fotografias de Lucas Kiler são registros da passagem do tempo sobre as coisas no mundo: manchas, rachaduras, vestígios de um tempo, o objeto perde sua característica inicial, e com uma força brutal cria uma outra paisagem. Numa atitude similar, Fernanda Moraes em JOGO DE FIOS fotografa uma série de conexões encontradas ao acaso que remete às ligações clandestinas entre fios elétricos, também chamadas popularmente de “gatos”.
Nessa exposição, esses lugares se refazem na medida que se dão ao encontro do outro e se abrem a diversos percursos. Penetrar nas paisagens outras que esta mostra oferece, é se deixar estar em todos esses lugares, aqui, ver a obra é ver-se a si mesmo."
Source: FAV/UFG
Catégories: Galeria
