A cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio no mundo
O suicídio está entre as três maiores causas de morte entre pessoas com idade de 15 a 35 anos. Considerado um problema de saúde pública pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o suicídio não possui uma causa específica, mas é resultado de uma complexa interação de fatores biológicos, genéticos, psicológicos, sociais, culturais e ambientais. Chamando a atenção para a gravidade do assunto foi escolhida como data de alerta o dia 10 de setembro, Dia mundial de Prevenção do Suicídio.
Como uma das formas de combater o problema é conhecê-lo, o Programa de Estudos e Prevenção do Suicídio e Atendimento a Pacientes com Tentativas de Suicídio (PATS) promoveu, dia 17/09, uma mesa-redonda com o tema “Por que as pessoas morrem de suicídio”. Coordenado pela psicóloga Célia Maria F. da Silva Teixeira, o programa é vinculado ao Departamento de Saúde Mental e Medicina Legal (DSMML) da Faculdade de Medicina da UFG e pretende orientar e auxiliar pessoas com comportamento suicida e familiares por meio de tratamentos com uma equipe multidisciplinar.
De acordo com um dos palestrantes, a professora de Psiquiatria da Faculdade de Medicina, Maria Amélia Dias Pereira, as pesquisas mostram que a maioria das pessoas que cometeu suicídio avisou sobre sua intenção. Ela acrescentou que tentativas prévias de suicídio são os maiores indícios de que alguém pode de fato suicidar-se. Ainda de acordo com os estudos, atualmente o suicídio é mais comum entre jovens, o que reverte o quadro de alguns anos, pois antes os mais altos índices de suicídio estavam entre os idosos. Desemprego, problemas escolares, comunicação pouco frequente e insatisfatória com os pais seriam as principais justificativas para o novo cenário. De acordo com os dados, as mulheres tentam suicidar-se mais que os homens, apesar do êxito ser maior entre eles.
Segundo a psiquiatra, os fatores de risco e tentativas estão associados, por exemplo, a pessoas com histórico de violência física ou sexual, rejeição e luto, sendo os conflitos interpessoais e as grandes perdas os principais eventos precipitadores do suicídio. De acordo com os estudos, o suicídio não é planejado com dias de antecedência, e, sim, nas últimas 24 horas que antecedem a tentativa, na grande maioria dos casos.
Estatísticas
Segundos dados da OMS, pessoas com transtornos de humor representam cerca de 35,8% dos casos de suicídio ligados a doenças mentais. Dependentes químicos são 22,4% dos casos e esquizofrênicos, 10,6%. As pesquisas ainda revelam que, entre os depressivos, 15% deles cometem suicídio. A psiquiatra Maria Amélia ainda acrescentou que pessoas com recorrência de quadro depressivo têm menos riscos de suicidar-se. “Isso porque os pacientes já sabem que saíram desse quadro, e que a tristeza vai passar”, explicou a psiquiatra.
Além da apresentação de dados gerais, a psicóloga Cláudia de Paula Juliano Souza levantou pontos importantes relacionados às possíveis justificativas de quem tentou ou consumou o suicídio. Partindo da ideia de que não há resposta única para os motivos que levam as pessoas a cometerem suicídio, há indicadores sociais capazes de direcionar possíveis justificativas para tal ato, como questões relacionadas à ilusão de pertencimento a uma sociedade sem fronteiras, e de que a felicidade é projetada no futuro. A psicóloga explica que essas premissas geram a sensação de desesperança e exclusão que alimenta a intenção de se matar. A questão da nova ordem familiar, com queda da soberania do pai, e outros fatores que geram desamparo, também foram apontados pela psicóloga, a qual acrescentou que é possível encontrar três características básicas na mente suicida: sentimento de ambivalência (a pessoa não necessariamente deseja morrer, mas sim buscar o alívio de uma situação considerada insuportável); impulsividade e rigidez nos pensamentos. A agressividade foi traço marcante, já que, segundo os especialistas, pessoas com tendência suicida revelaram claramente essa característica.
O que fazer
Um dos maiores problemas é não levar a situação a sério. De acordo com os especialistas, é preciso mostrar empatia, dar atenção ao indivíduo e procurar orientação de um profissional especializado. De acordo com o médico residente de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, Thiago Cezar de Fonseca, é importante que as pessoas mais próximas tratem o assunto de forma clara e aberta, já que o suicídio pode e deve ser prevenido. “A família precisa ser envolvida para discutir sinais de alerta específicos do paciente, além de reduzir o isolamento”, afirmou Thiago Cezar. Dessa forma, segundo ele, quanto mais ajuda receber o paciente, maiores são as chances de se evitar a ação. “O suicídio é um pedido de socorro que não foi ouvido a tempo”, afirmou Thiago.
Como participar do PATS
Caso o indivíduo seja paciente do Hospital das Clínicas, é necessário o encaminhamento de outra especialidade. É preciso solicitar o serviço de Interconsulta Piquiátrica para realização de exame clínico e posterior encaminhamento ao Pats nos casos de tentativa e idealização suicida. Mas, se o paciente é de outra unidade hospitalar, basta um encaminhamento comum de um psiquiatra. Maiores informações podem ser obtidas no local de funcionamento do programa no Ambulatório de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da UFG.
Fuente: ascom/UFG
