O conteúdo desse portal pode ser acessível em Libras usando o VLibras

Como vivem os deportados

Em 10/03/10 23:15.
Pesquisadora do Kansas vem a Goiás compreender os cidadãos que um dia sonharam com o exterior

Por Patrícia da Veiga (Ascom/UFG)

 

“Iracema voou para a América, lava chão numa casa de chá. Ambiciona estudar canto lírico, mas não domina o idioma inglês. Não dá mole para a polícia e, se puder, vai ficando por lá. Tem saudade do Ceará, mas não muita”. A história de Iracema, narrada pelo compositor popular Chico Buarque de Holanda, não é real, mas pode ser bastante emblemática. Em busca do “sonho” de prosperidade, muitos cidadãos de nações pobres (ou em desenvolvimento) passam a migrantes em um país estrangeiro. No destino desejado, esses migrantes vendem barato sua força de trabalho, alguns conseguem acumular capital, poucos aprendem o idioma do lugar com fluência e a maioria vive de forma clandestina. De modo que, além de migrantes, podem passar também a deportados.

Essa regra despertou a curiosidade da professora da Universidade do Kansas, Tanya Golash-Boza, que atendeu a um convite da UFG para pesquisar a vida desse grupo específico. Segundo ela, os Estados Unidos deportam uma média de 350 mil pessoas todos os anos e, no Brasil, o estado que mais recebe gente de volta é Goiás. Em seu blog, há outro dado: dois mil goianos já retornaram de países europeus ou de estados norte-americanos.

Tanya recebe uma bolsa por meio do Programa Fulbright e está morando com sua família na cidade de Goiás. Com previsão para apresentar dados finais da pesquisa em 2011, ela tentará compreender a fundo os deportados goianos, apontando como eles viviam antes do “sonho” europeu ou americano, como vivem agora e o que representou para suas trajetórias a experiência de ir e voltar. As primeiras pessoas contactadas residem nas proximidades do município de Itapuranga.

Para a Faculdade de Ciências Sociais (FCS), além da preocupação com o posicionamento de Goiás no ranking das deportações, importante para essa parceria é a trajetória de Tanya com as questões latino-americanas. “Ela fez um estudo sobre negros no Peru e há muito já vínhamos nos encontrando em congressos e debatendo o tema”, comenta a professora Izabel Missagia de Mattos.

As experiências da professora do Kansas serão narradas para estudantes da pós-graduação em Antropologia e Sociologia da UFG, bem como para interessados da comunidade geral, em uma série de palestras. A primeira, já marcada, será no dia 26 de março, às 9h, no auditório da FCS. O tema tratado na ocasião será “Deportação Massiva dos Estados Unidos no século XXI”.

 

Mais informações: www.tanyagolashboza.blogspot.com

 

Palestra Interessante: Deportação Massiva dos Estados Unidos no século XXI

Data: 26 de março

Hora: 9h

Local: Auditório Lauro de Vasconcelos, na Faculdade de Ciências Sociais

Fonte: Ascom / UFG

Conteúdo acessível em Libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro, Hosana ou Guga. Conteúdo acessível em Libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro, Hosana ou Guga.