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Quando o ato de ler ultrapassa o livro

在 09/12/09 01:02 上。
Formação do sujeito por meio do conhecimento foi o tema debatido no III Café com Leitura

Considerada uma prática que ultrapassa os livros, a leitura é ação que pode estar nas mínimas interações entre os seres humanos e o ambiente. É nesse sentido que ler equivale a dialogar e a trocar conhecimento. Assim, a formação de um indivíduo passa pela leitura, mas por todo tipo de leitura. E não apenas a leitura do livro, do jornal, do que está no papel, mas a do mundo, do contexto histórico, da trajetória construída pelas pessoas nesse mundo e do que cada um produz de cultura. Seguindo essa premissa, que vai ao encontro das ideias do educador Paulo Freire, os cursos de Biblioteconomia e Geografia realizaram, no dia 4 de dezembro, o III Café com Leitura.

 

O evento, que procura refletir sobre o ato de ler, tratou nessa edição dos “Desafios e práticas para formação do sujeito contemporâneo”. Para tanto, compuseram a mesa do auditório do Instituto de Estudos Socioambientais (Iesa) o escritor Brasigóis Felício e as professoras Eliany Alvarenga de Araújo e Suely Henrique de Aquino Gomes, da Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia (Facomb). Os três convidados apresentaram suas definições sobre o sujeito contemporâneo e comentaram sobre a construção do conhecimento no mundo de hoje.

        

Em sua fala, o escritor Brasigóis Felício fez uma abordagem existencial sobre a formação e a leitura, abordando, entre outros assuntos, a dificuldade que o ser humano tem para ler, inicialmente, o seu próprio mundo, o mundo do autoconhecimento. E alertou para um sujeito cada vez mais preocupado com questões externas ou com tempos que ainda não chegaram, um sujeito angustiado que, assim, deixa de viver o presente."Não pensamos por nós próprios, somos pensadores de segunda mão", provocou.

 

A professora Eliany definiu a leitura como a condição básica da existência humana, uma vez que é na capacidade de apreender o mundo que a identidade do ser humano se ampara. Ela lembrou a quantidade de símbolos produzidos no mundo e perguntou para a plateia: “quem é esse sujeito contemporâneo, marcado pela razão, pelo nascimento e pela morte, carregado de informações? Não sabemos mais quem é o outro, pois é tanta informação que não sabemos mais qual é a verdadeira imagem do sujeito contemporâneo”. Para ela, mais desafiante do que a leitura é a compreensão dessa leitura e mais desafiante do que definir o sujeito é compreender esse sujeito.  Contextualizando a realidade altamente tecnológica do século XXI, Eliany observou: “nunca tivemos tanta possibilidade, tanta realidade”. E seguiu provocando: “mas, para quê?”.

 

Também considerando que falar de leitura e sujeito é falar da forma como todos os seres humanos sobrevivem no planeta neste novo milênio, a professora Suely trouxe à discussão a existência de um sujeito midiático, que se forma muito mais pela televisão, pela internet e por outros meios de comunicação do que pela escola, pela igreja e pela família, que se relaciona muito mais de forma mediada do que presencialmente. “O sujeito morreu? O sujeito moderno morreu? E quem é esse sujeito midiático que nasce?”, perguntou, narrando a trajetória de pensadores do ocidente que se debruçaram sobre o tema.

 

Suely relacionou a formação do sujeito no mundo atual ao ato de consumir, relacionando o seu resultado a uma formação acrítica. “O que resta ao sujeito? Resta-lhe o corpo. É o último território a ser conquistado pelo homem. Por isso temos um investimento maciço no corpo. Representa um preenchimento de vazios, vazios talvez existenciais”, explicou.

 

Tamanha a complexidade do tema, o assunto não se esgotou nas quatro horas de duração do evento. Ao final, a plateia discutiu o tema, levando para casa outras tantas dúvidas e angústias sobre a formação e a leitura. “Uma fala quer gerar outras e não estamos aqui para concordar, mas sim para despertar reações”, provocou, mais uma vez, a professora Eliany Alvarenga.

 

 

资源: Ascom/UFG

类别: Educação

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