Diretor da ANP esclarece os desafios e as potencialidades do pré-sal
O auditório da Biblioteca Central da UFG ficou lotado na manhã de hoje com estudantes sentados nos corredores. Todos vieram acompanhar a conferência sobre a descoberta de petróleo na camada de pré-sal da costa brasileira, proferida por Haroldo Lima, diretor geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Haroldo veio a Goiânia para apresentar a riqueza bruta de petróleo descoberta em nossa costa, os desafios e cuidados para sua exploração, além de fomentar a necessidade de envolvimento de toda a população brasileira no processo. Isso porque os benefícios da exploração da área permitirão a entrada de incalculáveis recursos em nosso país, gerando a possibilidade de investimento em áreas fundamentais, como a educação. O evento foi realizado pela Câmara Municipal de Goiânia, a Comissão de Pró-desenvolvimento da região metropolitana de Goiânia, o Núcleo de pesquisa e estudos em Geopolítica (Nupeg/Laboter), pelo Instituto de Estudos Socioambientais (IESA/UFG) e pelo Conselho regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia Goiás (Crea-GO).
O professor Romualdo Pessoa (IESA), coordenador do evento, afirmou que a iniciativa da conferência cumpre o objetivo de trazer para Goiás a discussão dessa questão estratégica para o país. Após essa conquista é preciso que sejam fomentadas discussões visando gerenciar a futura aplicação dos recursos oriundos da exploração do pré-sal. Romualdo, que também é secretário regional da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), considera que a maior parte dos recursos deve ser investida em questões essenciais e estratégicas para o país, como a educação básica.
Já o vereador Fábio Tokaski ressaltou em sua fala a importância da preservação, não só da Amazônia, mas também do cerrado. Segundo Fábio, que é professor licenciado da UFG, “o cerrado é a caixa d’água do Brasil”. Já o secretário de Planejamento do estado de Goiás, Oto Nascimento Júnior, apontou a potencialidade de Goiás para a produção de energia, seja hidrelétrica, seja biocombustível e gás natural. O secretário destacou ainda a demanda de investimentos para que o sistema energético de Goiás seja cada vez mais expandido.
Em seu discurso o reitor da UFG, Edward Madureira Brasil, destacou que as universidades federais estão em franco processo de expansão, questão estratégica que também deve ser discutida, já que essas instituições podem mudar a realidade de uma sociedade. Além disso, o reitor concorda com o professor Romualdo, e acredita que deve haver um investimento na educação para que a riqueza advinda da descoberta de petróleo na camada de pré-sal seja convertida para o povo brasileiro.
Após a abertura, Haroldo Lima ministrou a palestra e manteve a atenção do público durante toda a sua fala. Em um discurso descontraído o diretor da ANP apresentou a possibilidade de exploração do petróleo no país como “um marco na história do Brasil que pode trazer, inclusive a curto prazo, grandes vantagens, mas também alguns riscos”. Haroldo mensurou que, com o petróleo do pré-sal, o Brasil saltará de 16º. para 8º. país do mundo em reservas de petróleo. A bacia de pré-sal com potencialidade de exploração do Brasil se estende do estado do Espírito Santo até Santa Catarina, e é preciso que a riqueza que existe a ser explorada atinja e desenvolva todo o país.
Desafios – Mas não é só alegria que traz a descoberta de petróleo, mas também demanda muita atenção. Além do trabalho tecnológico para extrair o petróleo, questões econômicas devem ser levadas em consideração. Haroldo falou sobre a chamada “doença do petróleo” que atingiu alguns países, os quais, após descobertas de grandes reservas como a brasileira, venderam rapidamente sua produção sem nenhum tipo de controle. Essa atitude gera a entrada desregulada de moeda estrangeira no país, produzindo uma ânsia pela importação de produtos, o que acaba por desaquecer a economia e desindustrializar o país, já que se torna mais simples importar do que produzir. O diretor da ANP adiantou que o governo está atento e pretende regular de perto essa tênue relação. O perigo da desindustrialização do país é mais um fator que reforça a necessidade de que o controle sobre a bacia do pré-sal seja feito em um modelo que não exclua a participação do Estado, visto que as empresas estrangeiras não terão a preocupação de controlar a venda do petróleo extraído e nem se importarão com o destino da economia brasileira.
Fonte: ASCOM/UFG
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