
Por uma Matemática criativa e cotidiana
Pela primeira vez, o Encontro Brasileiro de Estudantes de Pós-graduação em Educação Matemática (Ebrapem) é realizado fora do eixo Sul / Sudeste. Após campanha feita por estudantes e professores do Instituto de Matemática e Estatística (IME) da UFG, Goiânia foi eleita a sede desta que é a 13ª edição do encontro. O XIII Ebrapem começou neste sábado e vai até segunda-feira, 7. As atividades ocorrem no Centro de Eventos do Câmpus Samambaia e nos auditórios do Instituto de Matemática e Estatística (IME) e do Instituto de Química (IQ).
Participam do evento delegações de 18 estados brasileiros e cerca de 400 pessoas. Dessas, 275 apresentam trabalhos inéditos em 13 Grupos de Trabalho. “O forte do encontro é a vasta pesquisa na área”, comenta Wellington Lima Cerdo, professor do IME e organizador do 13º Ebrapem.
Os Grupos de Trabalho se reúnem durante todo o domingo e trazem pesquisas com diversas abordagens. Entre as tendências, estão a Etnomatemática, que aborda a ciência inserida no cotidiano de comunidades locais, a formação de professores, constante preocupação da educação contemporânea, e o uso das novas tecnologias de informação e comunicação em sala de aula.
Diante dessa variedade de conhecimentos produzidos, o objetivo maior é perceber o que, de fato, chega até a comunidade escolar. “Nosso desafio é tornar a Matemática mais significativa para o cotidiano das pessoas”, explica o estudante do mestrado em Educação em Ciências e Matemática e representante dos discentes na organização do evento, Roberto Barcelos Sousa.
Criatividade – A abertura do encontro, realizada na tarde deste sábado, foi garantida pelo matemático, professor, pesquisador e formador de professores, Joaquim Giménez, da Universidade de Barcelona/Espanha, atuante na área há 40 anos e desde 1991 convidado para proferir palestras e realizar estudos no Brasil. Ele falou sobre competência e criatividade na educação do século XXI.
Logo no início de sua conferência, Giménez fez questão de ressaltar que a competência em questão não se trata de “competência mercantilista”, mas sim de “prática criadora”, que leva o aluno a ser sensível e perceber o mundo por meio dos números (e vice-versa). “Por exemplo, para falar de ângulos, podemos usar a ergonomia, a posição do corpo humano disposto em uma cadeira. Assim, os estudantes podem fazer cálculos e imaginar uma situação real”, explicou.
Segundo o professor, a criatividade é fundamental para o ensino da Matemática. Contudo, seu êxito só é possível se o professor estiver disposto a ouvir seu discente e, assim, perceber junto com ele o contexto que os envolve. “O aluno competente contextualiza e abstrai”, comentou.
Da arqueologia às artes, da ecologia à astronomia, Giménez mencionou vários casos em que o ensino da Matemática tornou-se representativo e apetecível para as relações de educação formal. Baseando-se no pensamento do mestre Paulo Freire, ele enfatizou que a chave para um ensino diferenciado é a capacidade que todos nós temos de interpretar a vida. “Ler o mundo”, como diria Freire.
Na segunda-feira, os professores da USP, Maria do Carmo Domite e Ubiratan D’Ambrósio, importantes nomes em Educação Matemática, encerram o 13º Ebrapem abordando o tema: “Resolução de problemas”. Eles refletirão sobre a importância das relações sociais e dos saberes locais na hora de elaborar uma questão matemática, por meio do questionamento: “Mas problemas de quem?”. Interessados em acompanhar o evento podem obter outras informações pelo site: www.ebrapem.mat.br
资源: Ascom/UFG
类别: Educação