Jornalistas discutem os rumos da profissão
Para conduzir as discussões, compuseram a mesa os professores Edson Spenthof, Ana Carolina Rocha Pessoa Temer, Flora Ribeiro e Nilton José dos Reis Rocha. Com o fim de esclarecer os presentes, a coordenação organizadora do evento definiu a temática como fundamental para a melhoria do curso e para reverter o quadro definido pelo STF. O diretor da Facomb/UFG, Magno Medeiros, elogiou a iniciativa, e considerou que a continuidade do debate poderá gerar um documento norteador para a reformulação do curso.
Como professor, presidente do Fórum Nacional de Professores de Jornalismo e diretor do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de Goiás, Edson Spenthof iniciou sua fala resumindo os acontecimentos e a decisão tomada pelo poder judiciário no último mês de junho. “Tudo o que ocorreu no Supremo foi uma aula para nós. Uma aula de história, de Jornalismo (principalmente pelos erros conceituais cometidos) e de política, que nos fez repensar nosso papel”, afirmou.

Em sentido horário: público presente ao debate; professora Flora Ribeiro; estudante questiona a mesa; componentes da mesa-redonda
Em seguida, o professor fez uma explanação histórica sobre a imprensa e o Jornalismo e os argumentos utilizados para a derrubada do diploma. Spenthof relembrou que o principal fundamento no qual os ministros se basearam foi a liberdade de expressão. No entanto, ele explicou que o Jornalismo não é liberdade de expressão, e o trabalho do jornalista é uma função técnica-intelectual que envolve a mediação de opiniões. Por isso, ele classificou a decisão do STF como equivocada e ineficaz.
Para o estudante do sexto período de Jornalismo, Renato Dantas, o debate cumpre a função de mostrar a posição da universidade em relação à exigência de formação superior. “O STF não deu voz à sociedade. Em meio a uma série de erros cometidos pelo Supremo, a queda do nosso diploma foi apenas mais um”.
Na continuidade da discussão, a professora e vice-coordenadora do programa de pós-graduação em Comunicação da Facomb, Ana Carolina Temer, deu uma possível razão para as perseguições históricas sofridas pela profissão. “O Jornalismo é uma espécie de consciência. Ele mostra as falhas, os erros e isso incomoda”, comentou. Segundo ela, a grande questão agora apresentada ao público é se prefere comprar um serviço de qualidade, feito por profissionais habilitados.
Quanto ao aspecto social, a professora Flora Ribeiro levantou um importante questionamento. “Por que a sociedade não se indignou com a decisão do STF, já que o Jornalismo está ao lado dela?”, interrogou. Além disso, Flora fez alunos e professores pensarem sobre a qualidade da informação jornalística praticada. “A discussão remete a nós mesmos como uma autocrítica. Pode ser que a sociedade pense que esse Jornalismo feito por jornalistas é insuficiente.”
Já o professor Nilton José expôs possíveis caminhos para a evolução do curso e, consequentemente, da formação dos profissionais. “Nós não podemos brincar de redação dentro da universidade. Nós temos que fazer Jornalismo e um grande exemplo disso é a Rádio Universitária, e devemos executar a prática diária em outros laboratórios”, argumentou. Com trabalho reconhecido em movimentos sociais, Nilton traz uma outra visão de comunicação. “Não temos que formar jornalistas para trabalhar em determinadas empresas, e sim, para a sociedade”, concluiu.
A coordenadora Angelita informou que a Facomb irá realizar um debate por mês sobre essa temática. Para a professora Flora esse é o momento ideal para a discussão do papel social do jornalista. “Esse é um momento para nós, da academia, reanimarmos e fazermos diferença no mercado”, completou. Edson Spenthof ainda comunicou que foi convidado em nome do Fórum Nacional dos Professores de Jornalismo para participar da audiência pública "A dispensa de graduação para o exercício da profissão de jornalista", na Câmara Federal, no dia 27 de agosto, próxima quinta-feira.

Em sentido horário: professora Flora Ribeiro e professor Nilton José; professor Edson Spenthof; Lorena Soares, estudante de jornalismo
Quelle: Ascom/UFG
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