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A realidade virtual como ferramenta de reabilitação

Sur 03/12/08 02:33.
Dissertação de mestrado aplica sistema de realidade virtual desenvolvido na Escola de Engenharia Elétrica da UFG, para a reabilitação de pacientes com dificuldades motoras

Na era do conhecimento, da informação e da tecnologia, a pesquisa multidisciplinar vem ganhando espaço no meio acadêmico e se tornando cada vez mais importante no mercado profissional. Reconhecendo a necessidade de integração das diversas áreas do conhecimento, a Escola de Engenharia Elétrica (EEE) da Universidade Federal de Goiás (UFG), vem desenvolvendo pesquisas que interligam engenharia e saúde. Prova disso foi a dissertação do Mestrado em Engenharia Elétrica e de Computação da UFG “Utilização de um sistema de realidade virtual não imersiva como ferramenta para a reabilitação de membros superiores de indivíduos hemiparéticos”, defendida pelo aluno Dagoberto Miranda Barbosa, orientada pelo professor Euler Bueno dos Santos e co-orientada pelo professor Marco Antônio Assfalk de Oliveira, ambos docentes da EEE da UFG. A dissertação foi defendida e aprovada, no dia 27 de novembro, na EEE.

O trabalho é a continuação de estudos realizados por um grupo de pesquisa composto por alunos da graduação, pós-graduação e por docentes da Escola de Engenharia Elétrica e de Computação da UFG. A pesquisa já teve como resultado a dissertação de Mestrado do ex-aluno Wilson Nogueira da Mota, também orientada pelo professor Euler Bueno dos Santos e co-orientada pelo professor Marco Antônio Assfalk de Oliveira, que desenvolveu um Sistema para Terapia utilizando ambientes Visuais (SisTeV). O SisTeV é um sistema de baixo custo (composto por hardware e software), coadjuvante no tratamento para a reabilitação de pacientes com dificuldades motoras nos membros superiores. O sistema – que funciona basicamente como um “joguinho de computador” com um mouse adaptado – possui ambientes virtuais e cada ambiente tem exercícios em vários níveis de dificuldade. O SisTeV é um sistema atraente para a terapia porque possui cenários virtuais que despertam a curiosidade e aumentam a motivação dos pacientes. Uma grande vantagem é que o sistema pode ser implantado em qualquer clínica de reabilitação, pois seu custo é baixo.

O trabalho da pesquisa começou com a visita de Wilson Nogueira ao Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo – Crer. O aluno percebeu que a EEE poderia desenvolver um significativo trabalho em parceria com o Crer. A partir daí, formou-se uma equipe de docentes e discentes da EEE para realizar trabalhos e estudos envolvendo a Engenharia Elétrica e a área da saúde. A pesquisa se dividiu em três fases: a primeira, com a elaboração de dispositivos e softwares (como, por exemplo, o programa SisTeV); a segunda, com a validação dos dispositivos (a dissertação de Dagoberto Miranda). A terceira etapa é um sistema de tele-reabilitação que está em desenvolvimento.

Uma das ações da dissertação de Dagoberto Miranda foi a aplicação do SisTeV no Crer. Foram selecionados cinco pacientes, vítimas de Acidente Vascular Encefálico (AVE), com mais de seis meses de lesão e seqüela motora de hemiparesia esquerda (paralisia parcial de um lado do corpo). Nesses pacientes, foram realizadas 12 sessões de terapia com o SisTeV. O resultado da pesquisa foi a constatação de mudanças no comportamento motor dos pacientes, além das análises de um volume significativo de dados matemáticos e gráficos. Dagoberto Miranda lembra que “nenhum programa virtual substitui a presença do terapeuta. O trabalho precisa ser multidisciplinar e realizado em conjunto, numa construção coletiva”.

A terapeuta ocupacional e professora da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), Daniela Tavares Gontijo, compôs a banca que aprovou o trabalho de Dagoberto Miranda e ressaltou a importância da realidade virtual na reabilitação dos pacientes. “O trabalho com pacientes crônicos é muito difícil, pois a reabilitação em neurologia é a longo prazo e muitos perdem a motivação ao longo do trabalho. A realidade virtual é uma motivadora nata porque desperta a curiosidade e leva o paciente a querer superar os desafios”, reforça a professora da UFTM.

Source: Ascom/UFG

Catégories: Pós-Graduação