Pesquisadores mapeiam disseminação de pneumococo em creches

Estatísticas mostram que infecções bacterianas causadas por doenças pneumocócicas matam 1,6 milhão de pessoas anualmente, incluindo mais de 800 mil crianças menores de cinco anos. Pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG), em parceria com as secretarias de Saúde e Educação do município de Goiânia, e financiados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT), desenvolveram um projeto para fazer a vigilância, determinar fatores de risco e avaliar a distribuição espacial de cepas de pneumococos resistentes à penicilina, colonizadoras da nasofaringe de crianças em creches de Goiânia.
“Detectamos uma taxa alta de portadores de pneumococo resistente na nasofaringe das crianças. Estas crianças podem atuar como disseminadoras de cepas resistentes na comunidade”, disse a professora Ana Lúcia Andrade, do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da UFG e coordenadora do projeto.
Os pesquisadores visitaram 62 das 70 creches existentes no município e selecionaram, por amostragem, 1.192 crianças menores de cinco anos de idade. “O estudo confirma as evidências de que as creches funcionam como um reservatório de pneumococo resistente. Estudamos também a distribuição espacial das cepas resistentes no município e verificamos a ocorrência de um aglomerado espacial significativo, em setores censitários com maior poder socioeconômico, ou seja, com maior poder de aquisição de antibióticos, o que contribuiria para a seleção de cepas resistentes”, explicou a coordenadora.
O principal fator de risco encontrado para criança portadora de pneumococo resistente foi a otite média aguda de recorrência, a chamada otite de repetição, que é uma das principais causas de visitas ao ambulatório de pediatria, e causa freqüente de prescrição de antimicrobiano.
Os resultados encontrados pelos pesquisadores serão divulgados nas teses de doutorado das alunas Caritas Franco e Licia Melo. “A vacina pneumocócica 7-valente é administrada atualmente apenas em grupos especiais, considerados de risco. O estudo mostrou evidências de que se a vacina fosse introduzida no programa de imunizações ela cobriria 67% dos sorotipos de pneumococos que estão circulando entre as crianças e 78% dos sorotipos resistentes”, completa a coordenadora Ana Lúcia.
Reconhecimento prévio
O ineditismo da pesquisa, apresentada no mês de junho no 6th International Symposium on Pneumococci & Pneumococcal Diseases (ISPPD), realizado em Reykjavik, capital da Islândia, levou ao reconhecimento do trabalho com a Menção Elogiosa dada à pesquisadora Ana Lúcia Andrade. O evento é realizado a cada dois anos e reuniu em 2008 mais de mil especialistas em doenças infecciosas e vacinas do mundo, focados em pneumococo e doenças pneumocócicas.
Fonte: Assessoria de Comunicação Social do CNPq
