Técnicos-administrativos da UFG paralisam o Hospital das Clínicas
Cerca de 800 pessoas ficaram sem atendimento médico nesta quinta-feira, dia 02, no Hospital das Clínicas da UFG. O comando de greve do Sindicato dos Trabalhadores da UFG (SINT-UFG) paralisou o atendimento nos ambulatórios e no Centro de Referência em Oftalmologia (Cerof) do HC, fechando os portões de entrada ao hospital e impedindo a realização de consultas e exames médicos. Somente casos de urgência, emergência e de tratamentos de hemodiálise, quimioterapia, radioterapia e retorno pós-cirúrgico estão sendo atendidos.
Mais de 1.200 funcionários lotados no HC paralisaram as atividades no hospital. De acordo com o coordenador do comando local de greve do SINT-UFG, João Pires, os servidores decidiram paralisar vários setores do HC como protesto contra envio do projeto de fundação estatal para os hospitais universitários pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) ao Congresso Nacional. O projeto deverá ser votado pelos parlamentares ainda neste mês de agosto. “O Governo Federal desrespeitou o compromisso assumido com o movimento nacional de greve de não enviar o projeto ao Congresso Nacional antes de promover um amplo debate com a sociedade para discutir sobre o modelo ideal de gestão para os hospitais universitários”, explicou.
A paralisação atinge 45 hospitais universitários em todo o país. Segundo João Pires, ela foi necessária pois já se passaram 67 dias de greve, mas não houve avanços em relação à negociação dos servidores com o Governo Federal. “Já fizemos várias manifestações no Hospital das Clínicas, coletamos mais de 50 mil assinaturas no abaixo-assinado contra o projeto de fundação estatal, mas o governo mostra-se irredutível quanto à retirada do projeto para votação no Congresso Nacional”, disse.
Muitos pacientes ficaram irritados com a falta de atendimento no Hospital das Clínicas da UFG. A paciente Quitéria Vieira Tavares, 59 anos, que passou pelas cirurgias de catarata e deslocamento da retina no Cerof, esperava para medir a pressão intra-ocular, que se encontra elevada desde a realização das cirurgias. “Estou preocupada, porque não sei se haverá atendimento para o caso da minha mãe”, disse a estudante Sueli Vieira Tavares, filha de Quitéria.
João Pires disse que o comando local de greve não pretende prejudicar os pacientes. “O paciente tem razão em ficar nervoso, porque ficará sem atendimento hoje. Não queremos que essa situação continue, por isso desejamos que o governo tão logo resolva essa situação”, salientou.
O diretor em exercício do Hospital das Clínicas da UFG, Luiz Arantes Rezende, informou que todos os pacientes que tinham consultas ou exames marcados para hoje poderão retornar ao hospital amanhã, dia 03, para reagendar os procedimentos para uma nova data.
Justificativa dos grevistas - Os grevistas acreditam que o modelo de fundação estatal de direito privado para os hospitais universitários prejudicará o atendimento da população carente, que depende do atendimento gratuito destes hospitais. “Os hospitais terão que inserir a cobrança de taxas aos usuários, pois a instituição terá que visar o lucro para manter seus serviços”, afirmou João Pires.
Os servidores também temem que o Hospital das Clínicas perca o caráter de hospital universitário, ou seja, deixe de priorizar o ensino, a pesquisa e extensão, pois os projetos e pesquisas de interesse social ficarão condicionados à iniciativa privada. Dessa forma, defendem a continuidade da vinculação dos hospitais universitários às universidades.
Além do protesto contra o projeto do Governo Federal de transformação dos hospitais universitários, os grevistas também reivindicam o aumento dos salários dos servidores das universidades, que se encontra congelado há dois anos, e a abertura de concursos públicos para suprir o déficit de profissionais qualificados nas universidades públicas federais.
Source: Ascom/HC-UFG
