Goiânia sedia 10º Encontro Nacional de Professores de Jornalismo
Docentes, profissionais e estudantes de Jornalismo presentes na cerimônia de abertura do 10° Encontro Nacional de Professores de Jornalismo tiveram, na última sexta-feira à noite, um encontro com autoridades e especialistas da área. Homenagens, lançamentos de prêmios e revista, e uma conferência sobre o surgimento dos cursos de jornalismo no Brasil, ministrada por José Marques de Melo, presidente da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom),integraram as atividades de abertura do evento, que permanece até segunda-feira, 30, na Faculdade da Educação da Universidade Federal de Goiás (UFG).
A solenidade teve início com a apresentação do coral Vozes e Cores, da Universidade Católica de Goiás (UCG). Em seguida, o diretor da Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia (Facomb) da UFG e coordenador local do evento, Joãomar Carvalho Brito Neto, destacou a parceria das quatro instituições privadas (Alfa, Faculdades Araguaia, Fasam e UCG), que também oferecem cursos de Comunicação em Goiânia, na organização do evento. O reitor da UFG, Edward Madureira, ressaltou a importância da comunicação como forma de integração da academia com a sociedade, a inserção e o desenvolvimento regional e, também, sobre os progressos da área na UFG, especialmente com a implantação do mestrado em Comunicação.
O evento aborda o tema “Os 60 anos de ensino de Jornalismo no Brasil e suas implicações sociais, profissionais e institucionais”. Apesar da abertura oficial ter sido à noite, durante o dia ocorreu o colóquio “A construção e a oferta de disciplinas nos cursos de jornalismo acerca da cobertura das políticas públicas sociais” promovido pela Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi) e o VI Pré-Fórum da Fenaj, com o tema “Formação superior em jornalismo: obstáculo ou garantia de acesso democrático aos meios de comunicação?”.
Além das autoridades citadas, a mesa foi composta ainda pelos presidentes do Fórum Nacional dos Professores de Jornalismo, Gerson Luiz Martins, do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, Carlos Augusto, da Sociedade Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo, Elias Machado, da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Sérgio Murillo de Andrade, além dos representantes da Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia, Carlos Augusto Shireder, e da Deputada Federal Raquel Teixeira, Antônio Celso.
Destaques – Foram muitos os destaques da noite. Com o apoio do público presente, foram homenageados representantes do pioneirismo do ensino de jornalismo no Brasil: o prof. Nilson Lage, um dos maiores autores de livros de comunicação adotados nas faculdades brasileiras, ligado à Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); a Universidade Federal do Rio de Janeiro, pela implantação do primeiro curso público de jornalismo, e a Fundação Cásper Líbero, com sede em São Paulo, que implantou o primeiro curso privado de jornalismo do Brasil.
A democratização dos meios de comunicação foi lembrada pelo professor Nilson Lage. “Até há pouco tempo, os investimentos de jornalismo eram altíssimos. Com a digitalização, a produção caiu de preço. O mercado se amplia, não só para o acesso do público consumidor, mas para o trabalho do profissional à diversidade de fontes de informação”. E deu um recado para os acadêmicos e profissionais presentes: “Quem abre as portas somos nós”.
Na oportunidade, Sérgio Murillo lançou oficialmente o Prêmio Daniel Herz de Jornalismo, uma promoção da Fenaj.A premiação será focada em duas temáticas: a qualidade do ensino de jornalismo e a democracia na Comunicação, com premiações para as categorias escolas de jornalismo, estudantes e profissionais da área. As inscrições estarão abertas de 1º de setembro a 31 de dezembro.
Outro lançamento foi o da Revista Brasileira de Ensino de Jornalismo (Rebej), vinculada à Sociedade Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo, ainda em fase embrionária. De acordo com o presidente da entidade, Elias Machado, a publicação será um espaço de reflexão, debate e memória do ensino de jornalismo no país.
Academia e a inclusão cognitiva - Uma verdadeira maldição de Sísifo. Assim o prof. José Marques de Melo definiu a trajetória do ensino de jornalismo no Brasil, em sua conferência de abertura do 10° ENPJ. Trajetória essa marcada por sucessivas conquistas, derrotas e retomadas ao longo das últimas seis décadas, quando no pós-guerra, “um empresário progressista, Cásper Líbero, dono do jornal A Gazeta, resolve treinar o seu pessoal, criando a primeira escola de jornalismo brasileira”. Surgem os primeiros cursos, com a chancela de curso de Comunicação Social, habilitação em Jornalismo. Segundo ele, há uma luta história pela autonomia nos cursos, intensificada nos anos 80 e que resultou, na década seguinte, em maior liberdade curricular, com a aprovação da Lei da Reforma Universitária.
José Marques de Melo citou como pontos positivos da criação de cursos de comunicação, a conquista de uma identidade própria para o jornalismo brasileiro e de instituições de ensino de qualidade. “Apesar de existirem muitas escolas de segunda categoria, fábricas de diplomas, assim como ocorre também em outras áreas, o que nos leva a crer que é preciso implantar a certificação de qualidade de ensino para os cursos de jornalismo”, afirmou.
Dentre os pontos negativos, Marque de Melo lembra a falta de interação com o mercado e com a sociedade e defende o estágio acadêmico. Deve-se buscar a competência profissional diante do quadro de esgotamento de um ciclo marcado pelo jornalismo complexo, elitizado, e repensar o ensino e a ação profissional numa perspectiva de inclusão cognitiva das maiorias incultas e iletradas. “É preciso romper com a tradição gutenberguiana – para atingir as maiorias iletradas – e ultrapassar a caricatura balzaquiana – deixando de privilegiar a formação aristocrática de jornalistas comprometidos com os interesses das elites”, enfatizou.
Marques de Melo concluiu que apesar de o Brasil ter reconhecido tardiamente o jornalismo como área acadêmica, de estudo, tornando obrigatório o diploma, estamos avançando com a conquista de um espaço de produção do conhecimento jornalístico, especialmente por meio do fomento à pesquisa.
Fuente: Assessoria de Imprensa
