Aziz Ab'Saber abre a III Mostra Milton Santos
在 30/05/06 16:46 上。
O público lotou ontem o auditório do ICB 1, no Campus Samambaia da UFG, para ouvir a conferência de abertura da III Mostra Multicultural Milton Santos, proferida pelo geógrafo e professor emérito da USP Aziz Ab ´Saber. O evento, promovido pela Associação dos Docentes da UFG (Adufg), tem como tema central a “Natureza em fúria”.
Para atender o volume de pessoas presentes à abertura do evento, um telão foi instalado no pátio do ICB1. A conferência do geógrafo e começou às 10 horas. Um público caloroso ovacionou o professor antes do inicio da palestra e ouviu por mais de uma hora ele falar sobre o tema “A Revanche da Nautureza”.
Premiado internacionalmente e recém-homenageado com o prêmio da Fundação Conrado Wessel na categoria Ciência Aplicada ao Meio Ambiente, considerado o Nobel brasileiro, Aziz Ab´Saber direcionou sua fala para o que chamou de “revanche entre aspas” e dividiu em partes: Revanche das Águas, Revanche dos Ventos e Revanche da Pobreza Social (Brasil). O professor iniciou sua fala abordando as áreas de instabilidade tectônica e que explicam as causas dos recentes terremotos ocorridos na ilha de Java (Indonésia). “Surgem várias hipóteses, mas nem um pouco de história”, disse ao lembrar que os continentes Americano e Africano eram emendados e que a separação, há milhares de anos, tem ligação direta com os tremores de terra.
Segundo Ab´Saber, mares ingressando em massa e invadindo as cidades também são uma espécie de “revanche do que ficou mal acomodado”. “O Brasil não tem esse problema, mas tem obrigação de pensar nestes países e nas milhares de vítimas. Estas áreas precisam ser melhor conhecidas e as universidade do mundo compreenderem melhor o porquê dessas instabilidades”, destacou o professor.
A explanação sobre os fenômenos mundiais ocupou boa parte da palestra, mas Ab´Saber preferiu falar mais sobre o Brasil e destacou a “Revanche dos Ventos” no Rio Grande do Sul. Ele falou sobre o processo de arenização no Estado que segundo ele ficou “equivocadamente” conhecido como o “grande deserto gaúcho”. “Não é nada disso. É a acomodação de dunas provocada pelo maltrato da terra. O gado pisoteou e o vento levou a areia”. O geógrafo citou também a cultura da soja e os ventos da região como causas da movimentação das areias e condenou a idéia de empresários de transformar o Rio Grande do Sul em Florestas de Eucaliptos. “É claro que o Eucalipto tem valor econômico para a indústria da celulose, mas é preciso planejar onde e como plantar”, sentenciou.
Foi justamente a falta de planejamento que Aziz Ab´Saber apontou como responsável pelo início da degradação da Amazônia e citou a Belém-Brasília, que na época foi construída sem estudo das previsões de impacto. Ab´Saber dedicou parte de sua fala ao relato do acelerado processo de devastação da Amazônia com a extração de madeira feita por fazendeiros aliados a madeireiros. A última parte da palestra abordou as condições de vida dos moradores e trabalhadores da floresta. “Ninguém escolhe o ventre, o lugar geográfico, a condição sócio-econômica para nascer. O nascimento ocorre onde o acaso determinar. Assim, a única religião que aceito é a que pensa em todos os humanos e não somente em quem está em melhores condições. A geografia é isso”.
Solenidade de abertura
Uma performance de dança afro com a professora Zita Ferreira e a apresentação de um documentário em vídeo sobre as duas primeiras edições da Mostra, em 2001 e 2004, deram início à programação. A abertura solene foi feita pela estudante Manuela Costa, 9 anos, que cantou o Hino Nacional à capela, acompanhada pelo público.
Participaram da mesa o presidente da Adufg, professor Romualdo Pessoa Campos Filho; vice-reitor da UFG, professor Benedito Ferreira Marques; o deputado estadual, professor Fábio Tokárski; o superintendente de Ensino Médio da Secretaria de Educação, professor Marcos Elias; o secretario regional da SBPC, professor Reginaldo Nassar Ferreira e o secretário de estado de Ciência e Tecnologia, professor José Clecildo Barreto Bezerra.
O presidente da Adufg, Romualdo Pessoa Campos Filho disse que a terceira edição da Mostra vem consolidar um trabalho de várias gestões da entidade destacando a importância que os professores têm na produção do conhecimento. Romualdo ressaltou que a universidade também é responsável pela identificação dos problemas que afligem o homem, a natureza e a sociedade em geral. “Temos de mostrar esses problemas e apontar soluções”, destacou.
O vice-reitor da Universidade Federal de Goiás, professor Benedito Ferreira Marques, parabenizou a Adufg pela “feliz iniciativa” de promover a mostra e de escolher uma criança para cantar o Hino Nacional. “Num país onde é preciso criar leis para defender a natureza, iniciativas como essas da Adufg deveriam ser feitas em outros ambientes”, destacou.
资源: Assessoria de Imprensa da Adufg
