Inaugurado Centro de soluções para a indústria de petróleo e energia

Texto: Caroline Pires

Fotos: Evelyn Parreira 

 

Em um marco impensável anos atrás na Universidade Federal de Goiás e fruto de uma iniciativa que começou ainda em 2004, foi inaugurado na terça-feira (11/11), o Centro de Pesquisa em Estudos Moleculares, Energia e Petróleo (Cemep), que recebeu investimentos de 45 milhões de reais. A estrutura física do Cemep foi pensada para abrigar um equipamento único no Brasil, o Solarix FTICR 15 Tesla, além do IRMS de alta Resolução, Ultra 253, inédito na América Latina. O Centro foi criado a partir da expansão do Laboratório de Cromatografia e Espectrometria de Massas (Lacem) do Instituto de Química (IQ) e fica localizado no Parque Tecnológico Samambaia (PTS-UFG). O laboratório trabalha com diversos desafios ligados ao petróleo e energia, oferecendo soluções para a indústria de petróleo e gás. A cerimônia de inauguração foi realizada no auditório da Fundação de Apoio à Pesquisa (Funape/UFG). A apresentação cultural de abertura da inauguração, ao som da viola caipira, ficou a cargo do professor Pedro Vaz, da Escola de Música e Artes Cênicas (Emac/UFG).

 

 

Antes dos discursos da cerimônia, o coordenador do Cemep, Boniek Gontijo, iniciou as atividades da tarde apresentando a história que culminou com esse momento de inauguração. Ele destacou que “temos persistido nesse caminho que conta e contou com a colaboração de dezenas de pessoas, muitos que hoje estão trabalhando em outros estados e países. O sonho foi construído por cada um de vocês que estão aqui”, agradeceu. Em seguida, Andréa Chaves Rodrigues, também coordenadora do Cemep, destacou que esse é um marco para o Estado de Goiás, “usando nossas ferramentas modernas e nossos cérebros aguçados esperamos apresentar novas e inovadoras soluções tecnológicas. O que celebramos aqui é que o Lacem, que nasceu com a nossa coragem e cresceu. O nosso desejo hoje é colocar o Cemep como protagonista da ciência no Brasil”, desejou. Segundo ela, todos os trabalhos do Centro serão realizados com excelência, e ressaltou ainda que essa construção é fruto de todos os editais, bolsas e projetos que foram desenvolvidos ao longo de todos esses anos. Andréa Chaves reforçou a parceria e companheirismo do professor Boniek Gontijo, e lembrou Guimarães Rosa ao dizer que “o mais importante e bonito do mundo é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando”, finalizou.

Iris Medeiros, químico do Centro de Pesquisas, Desenvolvimento e Inovação Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), destacou o potencial da espectrometria de massas e afirmou que hoje no Brasil são desenvolvidas pesquisas de ponta. “É um orgulho para a Petrobras. Todos os nossos desafios são crescentes, mas nós sempre tivemos e temos confiança de apresentar para os professores Boniek e Andréa os problemas a serem resolvidos. E nós precisávamos dessa ajuda instrumental para ultrapassar os nossos limites, por isso o centro é tão importante”, defendeu. Ele destacou que a produção desenvolvida pela UFG na área é impressionante e que com certeza a parceria entre as instituições se manterá por muito tempo. Thalmo Uriel, gerente de química do Cenpes afirmou que a construção do prédio em si é apenas um detalhe e uma consequência da estratégia para o desenvolvimento de tecnologia para lidar com os novos produtos energéticos. “Esse equipamento não é simples, por isso a necessidade da adequação de infraestrutura que irá levar o Brasil para uma nova era”, comemorou.

A diretora-executiva da Fundação de Amparo à Pesquisa (Funape) e reitora eleita para a UFG, gestão 2026 - 2030, Sandramara Matias Chaves, lembrou que hoje são mais de mil projetos sendo coordenados pela fundação. “Cada gestor de projetos aqui tem entre 70 a 90 projetos. E eu só tenho de agradecer o compromisso da equipe da Funape no cuidado com tudo, especialmente nesse projeto”, compartilhou. A diretora lembrou da atenção dada a chega do Solarix FTICR 15 Tesla ao Brasil, quando quando dois colaboradores da Funape foram pessoalmente ao aeroporto de Campinas para acompanhar o caminhão que trouxe o equipamento para Goiânia. “O nosso objetivo era zelar para que ele chegasse em perfeito estado e que todo o processo atendesse as especificações necessárias”, concluiu.

 

Homenagem foi entregue aos gestores que colaboraram com a construção do prédio, gestão de recursos e aquisição dos equipamentos

 

Ao reforçar as parcerias e o seu impacto real de cada cooperação no dia a dia, a reitora da UFG, Angelita Pereira de Lima, lembrou que a UFG alcançou a 13ª posição no ranking RUF, da Folha de São Paulo, divulgado nesta semana e que o critério mais bem avaliado foi no que se refere à percepção do mercado. A reitora falou que esse resultado surpreendente e ao mesmo tempo mostra o motivo da Petrobras ter alocado tamanho recurso para um laboratório no coração do Brasil. “Aqui temos os melhores pesquisadores, com equipes dedicadas e que fazem as coisas acontecerem. Todos muito jovens e com energia e alegria para fazer tudo isso acontecer”, finalizou.

“A união de Boniek Gontijo e Andréa Chaves foi um ganho sem tamanho não só para o Instituto de Química, mas também para a UFG”, afirmou Wendell Coltro, diretor do IQ, quando iniciou sua fala, reforçando que a inauguração é um momento festivo. “São dezenas de patentes e, especialmente, mais de 100 alunos que foram muito bem ensinados. Estamos diante de professores que muitas vezes tiravam dinheiro do próprio bolso para conseguirem fazer as coisas acontecerem. Isso é amor e não é sem motivo que nós já somos protagonistas no Brasil e no mundo”, destacou. Ele ressaltou ainda o papel da Funape, que gerencia todas as demandas com maestria e é modelo para outras fundações de amparo. “A aproximação entre as áreas, com a pesquisa e a extensão, tem colaborado com o impacto e os bons resultados que alcançamos, por exemplo, nos excelentes índices da graduação”, finalizou.

Henrique Penteado, gerente-geral de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Exploração e Produção da Petrobrás, destacou que a Petrobras tem uma longa história de investimento em ciência e tecnologia e há décadas isso tem feito com dedicação. “O Cemep é muito mais do que um prédio, é mais do que os equipamentos de primeira linha, ele é o que há de mais moderno em tecnologia para o desenvolvimento da ciência”, reforçou. “As portas para a manutenção dessa e novas parcerias estão sempre abertas”, concluiu.

 

Equipamentos e obras

O equipamento em questão é o modelo Solarix FTICR 15 Tesla é o único no Brasil com esta capacidade e já está instalado no laboratório. O aparelho é o segundo do tipo no laboratório, mas com uma capacidade maior do que o primeiro, com 7 Tesla. Ele tem um campo magnético e precisou de um espaço específico para sua instalação.

Outro instrumento, é o IRMS de alta Resolução, Ultra 253, inédito na América Latina. Ele será utilizado na determinação de isótopos agrupados. O grupo iniciará com trabalhos em isótopos agrupados de metano, uma informação importante, pois com este perfil poder-se-á inferir a temperatura aparente de formação do metano do reservatório. Informação de temperatura é crítica para a modelagem de bacias, uma vez que ajuda a minimizar riscos operacionais, principalmente na perfuração de novos poços.

As obras do Cemep tiveram custo de R$ 5 milhões. O espaço possui 800 metros quadrados (m²), dos quais 700 m² são de área construída. Segundo Boniek, a intenção é que o Cemep atenda toda a UFG funcionando como um laboratório multiusuário. Segundo ele, hoje já são mais de 30 projetos sendo desenvolvidos com algum tipo de parceria com o Cemep, nas mais diversas áreas do conhecimento.

Entre as áreas de atuação do Centro estão: petroleômica, metabolômica (produtos do metabolismo), lipidômica (sistemas lipídicos), análise de fármacos e estudos de degradação, análise de pesticidas, isótopos estáveis, análise de contaminantes em alimentos, espectrometria aplicada à medicina e química forense.

 

Devido a especificidades dos equipamentos, a visita ao Cemep somente poderá ser feita com agendamento

 

Representantes da Petrobrás e da Fapeg participaram na inauguração