Academia Brasileira de Ciências diploma novos membros de GO e MG
Cerimônia realizada na UFG empossou jovens pesquisadores que se destacam em suas áreas
Texto: Luiz Felipe Fernandes
Fotos: Carlos Siqueira e Evelyn Parreira
Cinco jovens pesquisadores de Goiás e Minas Gerais foram diplomados, na última quarta-feira (3/9), como membros afiliados da Academia Brasileira de Ciências (ABC). Flávia Figueira Aburjaile (UFMG, Ciências Agrárias), Lucas da Silva Reis (UFMG, Ciências Matemáticas), Paulo Vinicius Trevizoli (UFMG, Ciências da Engenharia), Rafaela Salgado Ferreira (UFMG, Ciências Químicas) e Tiago do Prado Paim (IF Goiano, Ciências Agrárias) foram eleitos no fim de 2024, empossados automaticamente em 1º de janeiro de 2025 e cumprirão o mandato até 2029.
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A reitora da UFG, Angelita Pereira de Lima, ressaltou o “marco excepcional” que a diplomação representa para a carreira dos pesquisadores. Ela parabenizou os novos membros, ressaltando a responsabilidade que recebem. “Nessa passagem do bastão, nós estamos passando também a nossa expectativa, a nossa esperança e a nossa confiança na ciência brasileira”.
A professora Mercedes Bustamante, vice-presidente da ABC regional Minas Gerais e Centro-Oeste, explicou que a criação da categoria de membro afiliado em 2007, juntamente com as vice-presidências regionais, foi um passo fundamental para “interiorizar e ao mesmo tempo trazer e renovar a capacidade científica no âmbito da Academia”.
Dirigindo-se aos diplomados, ela enfatizou o papel crucial do conhecimento contextualizado. “Uma ciência que é desconectada do local é uma ciência menor. Somente quando enraizamos o conhecimento no solo da nossa realidade é que efetivamente vamos poder ser capazes de vencer esses desafios”.
O presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), Marcos Arriel, destacou a importância do investimento em ciência como estratégia de desenvolvimento humano, social e econômico. “Reconhecemos que a Academia cumpre um papel fundamental: estimular a integração dos cientistas e também o protagonismo da ciência”, afirmou.
Saudação
O professor da UFG Boniek Gontijo Vaz, afiliado da ABC desde 2022, saudou os novos membros compartilhando um pouco de sua trajetória e ressaltando as oportunidades dentro da Academia. Ele mencionou que a ABC, como “casa da ciência” e “rede de pessoas”, incentiva conexões entre diferentes áreas e regiões. Destacou oportunidades como encontros de afiliados, programas de mobilidade e participação em comissões. Enfatizou a importância da divulgação científica e da persistência na carreira, afirmando que, com paciência, trabalho e parcerias, o impossível pode ser alcançado.
Representando os novos membros afiliados, o professor do IF Goiano Tiago Paim expressou o orgulho e a grande responsabilidade que compartilham. Ele destacou que, no contexto atual, onde o debate público muitas vezes se baseia em versões restritas da realidade e não em fatos objetivos, a ciência enfrenta o desafio de legitimar seu conhecimento. Para ele, o grande desafio é comunicar a ciência, que reconhece suas próprias incertezas e está em constante reformulação.
Simpósio
Na palestra de abertura do evento, o professor da UFG José Alexandre Felizola Diniz Filho, membro titular da ABC, destacou a tensão entre os valores idealizados da ciência, desde a Royal Society e os princípios mertonianos, e seus vínculos históricos e atuais com interesses políticos e econômicos. Ele citou a desigualdade entre Norte e Sul Global e defendeu a descentralização da ciência no Brasil como forma de valorizar o conhecimento local e enfrentar um “colonialismo interno”.
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Na sequência, os novos acadêmicos apresentaram um pouco de suas pesquisas. Lucas da Silva Reis (UFMG) falou sobre suas contribuições na teoria de corpos finitos e sua aplicação em comunicação e códigos corretores de erros. Ele destacou o papel transformador da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep) em sua trajetória. Os eventos, segundo o pesquisador, foram decisivos para que escolhesse a matemática como campo de atuação.
Rafaela Salgado Ferreira (UFMG) apresentou suas pesquisas no desenvolvimento de fármacos para doenças negligenciadas, como a Doença de Chagas, utilizando abordagens computacionais e inteligência artificial para explorar bibliotecas com milhões de compostos.
Flávia Figueira Aburjaile (UFMG), por sua vez, demonstrou a aplicação da bioinformática na vigilância genômica de patógenos na medicina veterinária – um trabalho alinhado ao conceito de Saúde Única, que integra as saúdes humana, animal e ambiental.
Tiago do Prado Paim (IF Goiano) detalhou sua jornada desde a iniciação científica, investigando os recursos genéticos de ovinos, até o desenvolvimento de tecnologias para a agropecuária digital em sistemas integrados de produção.
Fechando as apresentações, Paulo Vinicius Trevizoli (UFMG) explicou o desenvolvimento de motores e geradores termomagnéticos, uma tecnologia emergente para reaproveitar rejeitos de calor e gerar energia de forma mais eficiente e sustentável.
Quelle: Secom UFG
