UFG em Todo Lugar chega à Ceasa

Texto e fotos: Luiz Felipe Fernandes

Caio tem 7 anos. Toda quarta-feira de manhã, acompanha a mãe na retirada de frutas, legumes e verduras no Banco de Alimentos da Organização das Voluntárias de Goiás (OVG), que funciona na Central de Abastecimento (Ceasa). Nesta quarta (9/4), a ida ao local proporcionou uma experiência, no mínimo, diferente; e a julgar pela sua curiosidade, muito mais interessante. Caio percorreu um a um os insetos nas caixas entomológicas levadas pelo Curso de Entomologia do Centro-Oeste (Ceco), do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Goiás (ICB/UFG).

O estande foi um dos diversos atrativos do programa UFG em Todo Lugar, uma iniciativa de popularização da ciência promovida pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proec), que tem o objetivo de levar o conhecimento produzido na Universidade para a comunidade.

Segundo a titular da Proec, Luana Ribeiro, a natureza itinerante do programa visa justamente acessar os mais diversos espaços. No caso do Banco de Alimentos da OVG, a ideia foi dialogar com uma população que, muitas vezes, está em situação de vulnerabilidade social. “Queremos mostrar o que eles podem fazer com os alimentos, falar de descarte, de conservação, e também de outros projetos da Universidade”.

A pró-reitora adjunta de Extensão e Cultura, Adriana Régia Marques de Souza, acrescenta que a diversidade do público que frequenta o local – que inclui crianças, jovens e idosos – torna a ação ainda mais abrangente. Para isso, esta edição do UFG em Todo Lugar incluiu projetos que pudessem fazer sentido para essas pessoas, como aqueles relacionados à alimentação, à saúde e ao meio ambiente.

A dona de casa Aneli Duarte, por exemplo, já sabia que a ora-pro-nóbis tem propriedades nutricionais e medicinais. Ela contou que a planta é utilizada em casa como complemento alimentar para o marido, que tem problemas renais. Mas ela se surpreendeu ao saber que, em alguns casos, até as flores são comestíveis, como no caso da begônia e a flor de cosmos. As informações estavam sendo repassadas por Lívia Souza, Samuel Vitorino e Luana Coelho, do ICB, no estande sobre Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs).

A gerente do Banco de Alimentos da OVG, Marília Araújo Silva, explicou que as famílias beneficiadas passam pela assistência social da instituição e, uma vez cadastradas, podem ir uma vez por semana ao local retirar alimentos. A distribuição também é feita para entidades filantrópicas. Ela explica que a parceria com a UFG se dá ainda no desenvolvimento e na aplicação de tecnologias para lidar com esses alimentos e seu descarte.

Informação compartilhada

Sucesso de público, os exemplares de escorpiões, aranhas e cobras chamaram a atenção de Francisco Rodrigues da Silva. Ele disse que escorpiões e cobras eram comuns nas carvoarias em que trabalhava, no interior de Minas Gerais. Por isso, segundo Francisco, é tão importante compartilhar o conhecimento sobre os riscos que oferecem, o que fazer em caso de picadas, a importância desses animais no equilíbrio ecológico e as melhores formas de manejá-los.

A Liga Acadêmica de Educação em Saúde e o projeto Pequi com Sus levaram o varal de notícias, com informações relacionadas à insegurança alimentar. Os integrantes dos projetos abordaram, entre outros assuntos, o uso inadequado de agrotóxicos, a crise ambiental e o consumo de alimentos ultraprocessados. A professora do ICB Luciana Alves de Oliveira explicou que o foco é pensar as políticas públicas a partir desses temas.

Na “caixa da verdade”, do Núcleo de Estudos e Pesquisa de Enfermagem em Prevenção e Controle de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (Nepih), o público também pôde observar nas próprias mãos os efeitos da higienização inadequada. O Pátio da Ciência também esteve presente com a magia científica causada pelos efeitos físicos da luz e das cores. Além disso, a equipe da Proec, com seu mascote Extensão, sorteou brindes aos participantes.