Sede provisória do Câmpus Cidade Ocidental é inaugurada

 

Texto: Salvio Farias

Fotos: Pablo Lisboa

“A UFG é nossa!” Esta foi a frase mais impactante presente nos adesivos colados no peito de quem esteve na inauguração da sede provisória da Universidade Federal de Goiás em Cidade Ocidental, no sábado, dia 14. As palavras de ordem demonstram a receptividade da população ao novo câmpus da UFG,  que está sendo implantado no município e começará a funcionar no local em fevereiro. Apesar de toda a movimentação recente, a ideia de uma expansão da UFG na região surgiu há mais de uma década e uma comissão chefiada pelo professor Orlando Afonso Valle do Amaral  vem trabalhando no planejamento há pelo menos seis meses.  

Além da inauguração, o fim de semana foi de comemorações: justamente nesse dia, a UFG estava completando 64 anos, e Cidade Ocidental celebrou seus 48 anos no domingo (15/12). Com a presença de diversos membros da gestão superior da Universidade, o prefeito e o prefeito eleito, vereadores e parlamentares da região, o clima foi de festa e nem a iminência de forte chuva atrapalhou os ânimos das cerca de 300 pessoas que acompanharam o evento sob as tendas e no palco construídos na Avenida Eixo II (também conhecida como Avenida Central), em frente ao prédio onde funcionará provisoriamente a unidade acadêmica e administrativa da UFG. 

 

 

Nos discursos das autoridades, o tom geral foi de grandes apostas no futuro da cidade, reconhecimento da importância da implementação da expansão e agradecimentos ao atual governo federal e a quem vem se debruçando sobre a iniciativa desde 2011, quando o deputado federal Rubens Otoni propôs à então presidente Dilma Rousseff a criação do câmpus. 

Pouco tempo, muitas ações

A reitora da UFG, Angelita Pereira de Lima, destacou que Cidade Ocidental foi o único projeto de criação de câmpus da Região Centro-Oeste a ser contemplado no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da Educação Superior, que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou em junho deste ano, em encontro com reitores, em Brasília. Além da UFG, outras nove instituições tiveram seus pedidos de expansão atendidos. “É um presente, um privilégio, mas também uma grande responsabilidade”, afirmou ela, enfatizando que “a ciência e a educação voltaram a ser pautas estratégicas no País”.

 

 

A reitora disse que é preciso louvar a  capacidade de trabalho das equipes envolvidas, pois em seis meses a UFG caminhou bastante na implementação do projeto. “Estamos com mais de 40 docentes trabalhando na criação dos novos cursos, já temos um projeto arquitetônico da sede sendo finalizado e atentos a tudo o que precisa ser feito para que as primeiras turmas iniciem em agosto do ano que vem.”

Coube ao vice-reitor da UFG, Jesiel Freitas Carvalho, anunciar os seis primeiros cursos: Engenharia de Software, Administração Pública, Gestão para a Saúde Digital, Segurança Cibernética, Gestão em Segurança e Inteligência Artificial para a Política Pública. “Inicialmente, vamos contemplar três eixos inovadores que visam atender às demandas da região e do País, que são tecnologia da informação, gestão pública e segurança no mundo digital”, disse. A previsão é que sejam oferecidas 120 vagas no turno matutino e 120 no período noturno.

 

 

Orlando Afonso do Amaral, presidente da Comissão de Implantação do Câmpus Cidade Ocidental e reitor da UFG entre os anos 2014 e 2017, disse que ainda há muito o que se fazer, mas as ações estão ocorrendo com muito empenho de todos, seja na comissão principal, seja nas seis subcomissões dos cursos de graduação. Ele enumerou os próximos passos: a finalização do projeto arquitetônico, fazer os trâmites para a licitação que possibilitará a construção do prédio sede e aquisição de equipamentos mobiliários, obter os códigos de vagas para realizar concursos para professores e técnicos-administrativos e realizar o processo seletivo especial para os estudantes, o que precisa acontecer ainda no primeiro semestre de 2025.

A sede provisória fica no centro de Cidade Ocidental e foi alugada pela Prefeitura. No local funcionava um colégio particular. Agora, passará por readequação que deve perdurar até o mês de fevereiro. O espaço será usado até o término do prédio sede, que será entregue em agosto de 2026. 

Agradecimentos 

O prefeito Fábio Corrêa lembrou as primeiras conversas com Edward Madureira Brasil, então reitor da UFG, e se referiu ao ato do dia 14 como a concretização de um sonho antigo. Em seu discurso, disse que não havia como não agradecer ao governo federal, que viabilizou essa conquista. “É um ganho não apenas para o município, mas para toda a região. Cidade Ocidental foi a quinta cidade que mais cresceu em Goiás na última década”, falou animado. 

O prefeito eleito, Lula Viana – o Lulinha –, recordou-se de quando foi chamado ao Ministério da Casa Civil, em 2011. Na ocasião, a presidente Dilma Rousseff fez o convite para que cidadãos fossem a Brasília acompanhar a assinatura do decreto que destinava ao município a expansão da UFG.

Reitor da UFG por três mandatos, Edward Madureira Brasil  estava à frente da Universidade quando surgiu o projeto de expansão. Ele enalteceu a mobilização suprapartidária para que se atingisse o objetivo esperado. O professor ressaltou ainda o futuro promissor do novo câmpus: “quando a gente colocou lá no edital que precisávamos de uma área com pelo menos 500 mil metros quadrados, é porque a gente não vai ficar só em seis cursos. Aqui vai haver 20 cursos, 30 cursos, quem sabe um dia uma universidade autônoma vai surgir daqui”. E destacou: “a Universidade começa e não para, ela só vai pra frente e transforma. Ela vai transformar definitivamente essa cidade”.

O coordenador-geral de Articulação Institucional da Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação (MEC), Fernando Matos, que estava representando o ministro Camilo Santana, ressaltou a importância da união das pessoas em torno de um objetivo comum que beneficie a todos. “Não é apenas uma unidade acadêmica o que estamos trazendo para esta cidade.  É um instrumento de transformação e de desenvolvimento social e econômico para toda a região”.

A cerimônia de inauguração contou ainda com a presença dos deputados federais Adriano do Baudy e Leda Borges, o presidente da Câmara Municipal de Cidade Ocidental, vereador Saulo Budin; e o secretário municipal de Educação, Fábio Dutra Rêgo. O lado festivo ficou a cargo da apresentação de jovens da Banda da Escola Municipal Maria Pereira Braga, com a condução de Marcelo Antônio Lobo de Almeida.

Prédio sede

A UFG possui uma área de 500 mil metros quadrados para implantação do novo câmpus em Cidade Ocidental, que foi doada pela empresa Emsa Engenharia, situada no bairro Morada das Garças. A equipe de arquitetos da Secretaria de Infraestrutura da UFG (Seinfra), com o apoio de especialistas da Escola de Engenharia Civil e Ambiental (Eeca) e da Faculdade de Artes Visuais (FAV), está finalizando um projeto com 7,5 mil metros quadrados de área construída, para abrigar as atividades do novo câmpus. 

O projeto é assinado pelos arquitetos Lívia Maria Moreira, Matheus Möller e Bráulio Vinícius Ferreira, que é diretor da FAV e apresentou o projeto na cerimônia de inauguração da sede provisória. A equipe conta ainda com  profissionais das áreas da engenharia, Janes Cleiton Oliveira, Ivo Andrade e Poliana Nascimento, gestora da Seinfra. Bráulio Ferreira  explicou que apesar do tamanho, o novo prédio será edificado rapidamente pois está previsto uso de tecnologias construtivas inovadoras. Além disso, o projeto foi planejado para respeitar questões ambientais, como o uso de energia solar e drenagem e reuso de águas pluviais.

Para a estruturação da unidade em Cidade Ocidental, o PAC da Educação destinou um pacote de 60 milhões de reais para a UFG, sendo 50 milhões para obras e 10 milhões para a compra de equipamentos básicos para a estruturação do câmpus. As tratativas para a implementação de um câmpus no município tiveram início há mais de dez anos. Contudo, somente em 2024, com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal, a UFG foi contemplada com aprovação de recursos para a implementação do Câmpus Cidade Ocidental, além de outras três grandes obras, sendo elas o Restaurante Universitário do Câmpus Aparecida de Goiânia, a construção do Centro de Aulas do Câmpus Cidade de Goiás e a aldeia intercultural que funcionará como espaço multiuso para estudantes indígenas, com auditório e alojamento, no Câmpus Samambaia. 

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