Lançado o programa Internacionalização em Casa
Objetivo é promover experiências interculturais para a comunidade universitária
Texto: Caroline Pires
Fotos: Evelyn Parreira
O auditório da Biblioteca Central da Universidade Federal de Goiás (UFG) ficou repleto de olhares curiosos e animados para mergulharem no universo de novas culturas. O lançamento do projeto Internacionalização em Casa, coordenado pela Secretaria de Relações Internacionais (SRI/UFG) fez parte das atividades da semana do aniversário de 64 anos da UFG e representou um convite para que toda a comunidade universitária compreenda e se aproxime das inúmeras possibilidades que podem ser abertas na aproximação com novas culturas, mesmo quando não é possível realizar uma mobilidade de maneira presencial. O objetivo é que cada pessoa possa ser protagonista nesse processo, pensando e vivenciando novas experiências, em uma perspectiva de formação cosmopolita. O evento foi aberto com um vídeo que apresentou experiências de estudantes e professores na área de internacionalização. Confira a galeria de fotos do evento.
Ao explicar que o processo de internacionalização é muito mais do que mobilidade física, que inclusive demanda altos custos e investimentos, a secretária de Relações Internacionais da UFG, Rejane Ribeiro-Rota, afirmou esse processo passa por experimentações de maneiras diferentes de pensar. “Isso é possível fazer viajando, mas também podemos realizar trocas e multiplicações com aqueles que estão em nossa volta”, defendeu a secretária. Segundo ela, é necessário ter uma visão estratégica para essa virada de chave no que se refere a internacionalização. Citando um provérbio africano, que afirma que é necessário levantar pedras quando se quer mover montanhas no futuro, Rejane Rota defendeu a necessidade da internacionalização do ensino, com inclusão de idiomas no ensino, interação cultural e uso de tecnologias para esse processo. “O projeto ainda está sendo construído e nesse caminho queremos integração a comunidade acadêmica, gerando um ambiente mais cosmopolita, inclusivo e inovador”, ressaltou.
O programa Internacionalização em Casa possui quatro eixos: internacionalização curricular, conexões globais, eixo linguístico-cultural e eixo de incentivo a carreira. A secretária explica que não haverão inscrições específicas, mas sim uma sistematização das oportunidades que estão abertas, sendo um ação estratégica e contínua, “vontade para a construção de uma cultura de internacionalização acessível e sustentável”, defendeu. A programação de ações para 2025 estará disponível em fevereiro.
A reitora da UFG, Angelita Pereira de Lima, afirmou que a Universidade está mudando a sua perspectiva do que seria mobilidade e internacionalização. “Ela só se dará quando criarmos um ambiente realmente internacionalizado, e esse processo se dá um várias direções e tudo pode ser aprimorado”, defendeu. Esse trabalho, necessário mas trabalhoso, é totalmente possível, segundo a reitora, uma vez que já existem na UFG diversas iniciativas nesse sentido, mas é necessário uma articulação, como exemplo ela citou as cátedras e as ações de internacionalização individualizadas. “Esse auditório cheio e interessado, na semana de aniversário da UFG, é sem dúvida um grande presente”, afirmou a reitora.
Como fazer internacionalização em casa?
O programa Internacionalização em Casa tem como missão colaborar com a formação profissional qualificada para formar cidadãos globalmente competentes. A concepção é de que a internacionalização no ensino superior é uma estratégias de integração e é um elemento de transformação local e internacional. Essa imersão, em todos os seus modos, gera profissionais com uma visão mais ampla e capazes de desempenhar suas ações de forma mais competente. Contudo, sabe-se que a mobilidade presencial demanda altos custos, o que nem sempre é possível. O Programa Internacionalização em Casa é mais do que reagir a oportunidade de editais, mas é uma abordagem que se caracteriza com práticas e estratégicas para que a comunidade acadêmica da UFG possa interagir e viver experiências para além dos muros da Universidade.
Após a abertura, foi realizada uma mesa-redonda, com o objetivo de iniciar as discussões e compreender melhor os desafios do programa. O assessor Especial para Assuntos Internacionais do Ministério da Educação (MEC), Francisco Figueiredo de Souza, iniciou sua fala defendendo que qualquer tipo de intercâmbio demanda acima de tudo o acolhimento, e tópicos como responsabilidade, solidariedade e interesse nacional. “Temos a tendência de não nos valorizar, mas estamos entre os 15 países do mundo que mais produzem ciência. E valorizar isso, para por entender o intercâmbio como crescimento do País é importante”, afirmou. Segundo o assessor, o País tem passado por um processo de interiorização do desenvolvimento, contudo muitas vezes isso não foi acompanhado no que se refere à internacionalização. Apesar das dificuldades, ele afirmou que há um esforço no MEC para garantir a universalização de acordos básicos e seguir promovendo iniciativas nesse sentido.
Um total de 433 milhões de reais foram investidos pela Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) nas ações de internacionalização. Esse dado foi apresentado por Vanessa Araújo, coordenadora-geral de Programas Institucionais e Bolsas Internacionais (CGPIB/DRI/Capes), ao defender ações de internacionalização em casa. “Enviamos mais de 20 mil estudantes e recebemos pouco menos de 4 mil estudantes. A Capes quer continuar enviando estudantes para mobilização internacional, mas precisamos urgentemente pensar maneiras que reinventar essa modalidade”, defendeu. Segundo ela, iniciativas como a lançada pela UFG é um dos caminhos possíveis para que exista maior equidade no que se refere a formação de estudantes de graduação também em termos de inserção global.
Em seguida, a assessora de Relações Internacionais da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Ana Cristina Salomão, apresentou a experiência de sua instituição que, desde 2018, desenvolve o programa Brazilian Virtual Exchange (BRaVE), que coloca alunos para aprenderem com outros estudantes de todo o mundo, de forma on-line. A assessora defendeu que os sujeitos atualmente precisam ser trabalhados e formados não apenas no conteúdo acadêmico, mas em competências como cidadania global, línguas e trocas de experiências, com foco ao desenvolvimento sustentável. "É comum termos colaboração entre professores de diversos países e que se comunicam de forma on-line, mas o que propomos é colocar estudantes nas duas pontas da comunicação, trabalhando projetos que estejam ligados a conteúdos que eles estão estudando, mesmo com a distância geográfica", explicou. O nome de "virtual exchange" é o adotado de maneira mundial e que atende a essas atividades, que duram parte do semestre letivo.
Por fim, o diretor de Relações Internacionais da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Valdenor Bastos, defendeu a internacionalização em casa como um passo de inovação a ser dado pelas universidades públicas. "Estamos falando de mudanças organizacionais profundas, infundindo conteúdo em todos os currículos e fomentando uma perspectiva global de atuação", frisou. De acordo com o professor, a mobilidade física para o intercâmbio na América Latina é muito pequena, especialmente no que se refere ao interesse por mobilidade para países que não estão localizados na América do Norte e Europa, e esse cenário demanda que seja incentivada e pensada a internacionalização de uma forma não tradicional. Ele defendeu ainda a participação de toda a comunidade acadêmica nesse processo, e não somente de estudantes.
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Fonte: Secom