Museu Antropológico lança Observatório dos Povos Indígenas de GO
Projeto irá monitorar e promover os direitos das populações indígenas do Estado
Texto: Luiz Felipe Fernandes
Fotos: Carlos Siqueira
O Museu Antropológico da Universidade Federal de Goiás (MA/UFG) lançou oficialmente, na última terça-feira (10/12/2024), o Observatório dos Povos Indígenas de (em) Goiás: direitos humanos, saberes do Cerrado e inclusão social. A cerimônia foi realizada na sede do MA, no Câmpus Colemar Natal e Silva, no Dia Internacional dos Direitos Humanos.
Coordenado pelo diretor do Museu Antropológico, Manuel Ferreira Lima Filho, e pelo professor emérito da UFG, Pedro Wilson Guimarães, o projeto irá monitorar, documentar e promover os direitos humanos das populações indígenas em Goiás. O Observatório tem o apoio do Ministério da Educação (MEC), da Fundação RTVE, da Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação (PRPI) e do Programa de Pós- Graduação Inerdisciplinar em Direitos Humanos da UFG.
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"Este projeto nasceu antenado com a questão dos direitos humanos, mas principalmente dando voz de forma simétrica aos grupos indígenas com os quais temos tido compromisso ao longo dos nossos 55 anos de Museu Antropológico", disse o professor Manuel.
Segundo o direitor, o Observatório será um canal de diálogo entre as comunidades indígenas, a sociedade civil e as instituições públicas, com o objetivo de garantir a visibilidade e a proteção dos direitos dos três povos indígenas de Goiás: Iny Karajá, Tapuia e Avá Canoeiro. Entretanto, a iniciativa também beneficiará indígenas de outras etnias que vivem no estado – um total de 19.517 pessoas, segundo o censo de 2022.
Manuel enfatizou a vocação extensionista do projeto, que buscará integrar os esforços acadêmicos, comunitários e governamentais para a efetiva proteção dos direitos indígenas. "Somos um museu universitário de uma universidade do Cerrado que quer estar alinhada a esse diálogo com outros setores do nosso país", reforçou Manuel.
Representantes indígenas
Representantes dos povos indígenas Iny Karajá, Tapuia e Avá-Canoeiro estiveram presentes no lançamento e falaram da importância do Observatório para a luta pelos seus direitos.
O representante da aldeia Bidè-Burè do povo Iny Karajá, Wajurema Karajá, destacou a importância do projeto para dar visibilidade à presença indígena em Goiás, muitas vezes ignorada. "Já ouvi muitos dizerem que em Goiás não tem indígena", disse. Ele relatou o preconceito enfrentado por sua comunidade, localizada no centro da cidade de Aruanã, e a necessidade de conscientização da sociedade sobre a cultura e os direitos dos povos indígenas.
Representando os Tapuia, a professora Eunice Pirkodi Tapuia ressaltou a resistência histórica do seu povo, que chegou a ser reduzido a apenas três indivíduos e hoje é o maior grupo indígena do estado. Ela defendeu a expansão da educação intercultural e investimentos em políticas de permanência de estudantes indígenas na Universidade. "Precisamos ter mais dos nossos no mais diversos espaços. Devemos pensar em como podemos aldear a Universidade", conclamou a primeira professora indígena da UFG.
Falando sobre os Avá-Canoeiro, a professora Rosani Moreira Leitão descreveu a situação de extrema vulnerabilidade enfrentada por essa comunidade, que sofreu perseguição e massacres. Hoja há apenas sete pessoas da etnia vivendo em Goiás. Rosani enfatizou a importância de políticas públicas que reconheçam a história e as necessidades específicas dos Avá-Canoeiro, que vivem em uma região impactada pela construção da usina hidrelétrica de Serra da Mesa.
Combate à violência
O professor Pedro Wilson Guimarães manifestou sua satisfação em participar do projeto, comprometendo-se a combater a negligência e a violência contra os povos indígenas. Ex-prefeito de Goiânia e professor aposentado e emérito da UFG, Pedro Wilson se tornou pesquisador associado do Museu Antropológico em outubro deste ano. Como coordenador do Observatório, defendeu a construção de políticas públicas que preservem a história e que garantam o presente e o futuro das nações indígenas.
O vice-reitor da UFG, Jesiel Freitas Carvalho, comemorou a volta do professor Pedro Wilson à Universidade e a reafirmação do compromisso da UFG com os povos indígenas, com participação e cidadania.
"Não tenho dúvidas de que este é um projeto estratégico de grande importância. E ele não nasce do nada. Ele nasce exatamente daquilo que nós já temos acumulado. Ele nasce das experiências e, principalmente, das pessoas que estão na luta dos direitos humanos e dos direitos dos povos indígenas", ressaltou a reitora da UFG, Angelita Pereira de Lima.
Angelita afirmou que o Observatório deve pautar a Universidade e assessorar a sociedade com políticas públicas para a garantia de direitos. A reitora também mencionou a as interlocuções feitas com o governo federal para a viabilização de recursos. "O Observatório é um presente que a UFG recebe pelos seus 64 anos", concluiu.
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资源: Secom UFG