Nota de falecimento

A Universidade Federal de Goiás (UFG) lamenta informar o falecimento do professor da Faculdade de Letras (FL) Gilberto Mendonça Teles na noite de quarta-feira (4/12), aos 93 anos. Para além dos muros da academia - também foi professor na Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), Universidade de Brasília (UnB) e outras instituições - construiu uma carreira de destaque como poeta, crítico e historiador literário. Tornou-se nome de referência nacional, chamando a atenção do País para o estudos de literatura em Goiás, e consequentemente, da história e da sociedade goiana. Em 1962, fundou, na UFG, enquanto foi docente da FL, o Centro de Estudos Brasileiros (CEB), tornando-se o seu primeiro diretor.

Em 4 de novembro de 2005, o Conselho Universitário (Consuni) da UFG aprovou a Resolução Consuni 17/2005 sobre a outorga do título de professor emérito a Gilberto Mendonça Teles, a mais alta honraria entregue pela Instituição a seus professores. Entre os muitos argumentos a favor da concessão da homenagem, destaca-se o fato de ter sido membro fundador da UFG; ter estruturado e ter sido o primeiro diretor do Centro de Estudos Brasileiros (CEB) em 1962,  o qual foi fechado pelos militares em 1965; criado as cadeiras de Literatura Brasileira e de Teoria Literária. Àquela época, já havia orientado mais de 100 teses de mestrado e doutorado, além de ter lecionado no Uruguai, Portugal, França, Estados Unidos e Espanha. Recebido 18 prêmios literários por seus ensaios e poesias, e sido homenageado nos versos do poeta Carlos Drummond de Andrade. Em 1979, foi eleito pela Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás o “Príncipe dos Poetas Goianos”. Recebeu do governo português, em 1987, a “Comenda da Ordem do Infante Dom Henrique”. Em 1992, a União Brasileira de Escritores instituiu o “Concurso Nacional Gilberto Mendonça Teles de Poesia” e, quatro anos depois, recebeu o título de Professor Honoris Causa da Universidade Federal do Ceará.

O diretor da FL UFG, Jamesson Buarque, destaca ainda que, durante o reitorado do professor Orlando Amaral (2013-2017), em diálogo com a FL por meio de Goiandira Ortiz Camargo e Antón Corbacho Quintella, e logo, com a UFG, Gilberto Mendonça Teles doou quase toda sua biblioteca para a Universidade. Parte do acervo, um pouco mais de 5 mil títulos, encontra-se na Biblioteca Seccional de Letras e Linguística, na FL. A maior parte encontra-se na Biblioteca Central. "Enquanto a UFG recebia o acervo, tive a honra de participar da equipe de curadoria, que inclui edição original e autografada de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, de O Tronco, de Bernardo Élis, além de outras obras em edição rara, que graças à generosidade intelectual de Gilberto Mendonça Teles, somente a UFG possui”, comenta Jamesson.

Ainda segundo Jamesson, a obra A Poesia em Goiás (1963), de Gilberto Mendonça Teles, foi capital para a formação da Rede Goiana de Leitura e Ensino de Poesia, organizada pela professora Goiandira Ortiz Camargo. A Rede atua até hoje e por muitas vezes pôde manter diálogo com Gilberto Mendonça Teles. "O professor e ex-diretor do Centro Editorial e Gráfico (Cegraf) da UFG Antón Corbacho Quintela, ex-diretor do Cegraf, destaca a importância de notificar que Gilberto Mendonça Teles foi o primeiro doutor goiano em Letras, o autor da primeira obra realmente acadêmica publicada pela UFG e isso também se aplica à primeira obra realmente acadêmica publicada pela antiga Escola Técnica de Goiânia (atual IFG). O escritor foi organizador, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), da Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, sobre o estado de Goiás”, conclui.

A UFG e a FL se solidarizam com a família, amigos e colegas de Gilberto Mendonça Teles neste momento de pesar.