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O futuro da pós-graduação é discutido em Colóquio

On 11/26/24 13:30 .

Avaliação, integração com a Graduação e a Indústria foram alguns dos desafios apontados

Texto: Caroline Pires

Fotos: Evelyn Parreira

 

Dando continuidade as atividades do 6º Colóquio da Pós-graduação, promovido pela Pró-reitoria de Pós-graduação (PRPG), entre 25 e 26 de novembro. As atividades da tarde se seguiram com a fala do diretor de Avaliação da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior  (Capes), Antônio Gomes de Souza Filho, que realizou palestra sobre os Desafios da Pós-graduação no Brasil. O evento reuniu coordenadores e docentes dos 67 programas de Pós-graduação da UFG, que contam hoje com cerca de 5.000 estudantes.

Frisando que sua fala a necessidade coletiva de se pensar o futuro do Brasil, Antônio Gomes lembrou que em 1973 o país tinha apenas 167 programas de pós-graduação, e hoje, apesar dos vazios geográficos, conta com 4.656. “Apesar das distorções históricas, vivemos hoje uma evolução com qualidade, independente do indicador, há claramente uma grande qualidade na pós-graduação brasileira, inclusive com destaque para o Nordeste do país”, afirmou. O diretor defendeu a importância de flexibilizar os parâmetros de entrada de novos programas e apontou que a taxa de aprovação de programas das chamadas regiões assimétricas era bem maior anos atrás do que é atualmente. “Nesse processo de abertura, é preciso fazer atualizações e revisões, também com um olhar atento para os egressos e, nesse caminho, a avaliação é uma parte fundamental”, defendeu. Nesse sentido, ele afirmou que o perfil de atuação dos mestres e doutores mudou pouco ao longo dos últimos 10 anos, com a atuação seguindo predominante na área da educação, “contudo, olhando pelo lado da indústria, há uma baixa atuação desses pesquisadores e, talvez, isso seja consequência de uma base tecnológica que oferte poucos locais de trabalho para esses profissionais. É preciso trabalhar para que a presença deles também esteja no campo da produção do país. Temos um longo caminho”. Antônio Gomes destacou que o processo de desindustrialização brasileiro tem acontecido desde o final dos anos 90, e que demanda uma resolução que vai muito além da oferta de pós-graduação. 

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Diferente da graduação, onde 80% das matrículas são em universidades privadas, hoje 86% dos estudantes de pós-graduação estão nas universidades públicas, o que deixa patente a necessidade de investimentos estatais. “O aporte financeiro atual não é capaz de atender as demandas, e há uma limitação legal para esse investimento, o que tem criado dificuldades. Hoje temos ainda a dificuldade de trabalhar com as emendas parlamentares”, explicou. Apesar disso, o diretor de avaliação da Capes considera que há pontos que podem contar com esforços para uma alteração visando atender essas necessidades. Em 2023 e 2024 foram recebidas mais de 1.700 propostas de criação de novos programas de pós-graduação, o que é um número muito alto, considerando que o país possui pouco mais de 4 mil programas ativos. Para enfrentar esse desafio, a Capes está formando uma agenda de formação, para o levantamento das necessidades de cada estado da federação. “A ideia é que a partir do trabalho com esses resultados consigamos ver com mais clareza as demandas, alinhando inclusive com os interesses da indústria, criando uma pós-graduação com o perfil mais alinhado”, afirmou.  
No que se refere a Avaliação, o diretor acredita que as instituições devem ter liberdade para implementar determinadas mudanças. “Precisamos lembrar que o protagonismo na formação de mestres e doutores não deve ser submetido a uma tutela da Capes que impeça adequações de estrutura e estratégias”, sugeriu.  Antônio Gomes acredita que a avaliação deve verificar o que foi apresentado, frente ao que foi planejado, e não necessariamente verificar se há adequações a normas pré-existentes. “Se não viramos essa chave, o sistema dá sinais que não conseguirá avançando no sentido de atender as necessidades atuais”, alertou. 

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Desafios e reflexões

Pensando o futuro, Antônio Gomes acredita que o Brasil hoje tem uma sequência da formação é muito disciplinar e com um grau de exigência de ingresso muito alto. Assim, para que um estudante entre em uma pós-graduação diferente da sua graduação geralmente há um nível de seleção que dificulta a interação entre as áreas. “Precisamos de uma reformulação para que exista mais mobilidade entre os conhecimentos para que o aluno tenha o protagonismo na escolha de seus itinerários, e isso acaba refletindo na pós. Por isso é fundamental a aproximação entre a graduação e a pós-graduação”, defendeu. Desta forma, ele acredita ser urgente flexibilizar essas integrações e acelerar o processo de formação desse profissional. 
Além disso, ele entende que nem todas as áreas precisam de uma quantidade de créditos tão exagerada quanto se exige hoje. “A pós-graduação acaba ficando muito colegial e não contribui de forma direta para a produção do conhecimento, especialmente quando se trata de estudantes de doutorado, quando as disciplinas não é o elemento formador”, frisou. 
Ao final foi aberto espaço para que os participantes pudessem realizar perguntas para o diretor da Capes. 

 

Razões para discutir a Pós-graduação na UFG

Esta é a sexta edição do colóquio que tem por objetivo pensar a avaliação e o planejamento estratégico da área na UFG e é uma ação imprescindível e já consolidada culturalmente na Universidade. “A maturidade do processo avaliativo e formativo na pós-graduação, do qual este evento é fruto, acontece muito por conta das discussões, que acontecem neste colóquio desde 2019 como uma ferramenta para o acompanhamento e aprimoramento de avaliações e planejamentos", destacou o pró-reitor de Pós-graduação da UFG, Felipe Terra Martins.

Segundo ele, este ano, que coincide com o encerramento do quadriênio de avaliação, tem o caráter adicional de preparação do relatório descritivo final para a Capes, que irá trazer um apanhado que irá retratar a Pós-graduação da UFG, com todos os demais indicadores envolvidos, como a produção intelectual, capacidade do corpo docente e o perfil do egresso. "As discussões que estamos desenvolvendo permitem que cada programa de pós-graduação perceba e direcione o seu trabalho baseado na sua vocação e pensando de maneira interdisciplinar", frisou.

 

Comissão de Acompanhamento dos Programas de Pós-graduação Stricto Sensu

Finalizando os trabalhos da tarde, os coordenadores presente puderam participar de um momento de interação com os integrantes da Comissão de Acompanhamento dos Programas de Pós-graduação Stricto Sensu, composta por representantes de todas as áreas do conhecimento. na ocasião eles puderam compartilhar quais são os principais problemas e desafios enfrentados. As falas salientaram detalhes que, por vezes, passam desapercebidos no dia-a-dia dos processos avaliativos, bem como na proposta de abertura de novos programas de pós-graduação. Entre os tópicos citados estão a necessidade de melhoria na redação dos textos, preenchimento correto de relatórios e desequilíbrios entre as produções do corpo docente. 

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Source: Secom/UFG

Categories: Notícias Noticias PRPG

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