Virada Ambiental estende sua ação para fora do país

Texto: Carolina Melo

Fotos: Júlia Barros

O fortalecimento do debate e das ações em defesa da sustentabilidade e da preservação dos recursos naturais direcionou o tom da abertura da 6ª edição da Virada Ambiental, considerado o maior projeto de extensão da Universidade Federal de Goiás (UFG). A ação deste ano reúne os esforços de mais de 200 municípios goianos, 17 estados brasileiros e Distrito Federal, e países como Chile, Argentina, Portugal e Espanha em torno do plantio de mudas de árvores nativas. 

A abertura simbólica da edição ocorreu na sede da Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater), onde foram plantadas 23 mudas na manhã de terça-feira (19/11). A ação se estende até o dia 26 de novembro, e a previsão é a de que cerca de 400 mil mudas sejam plantadas só no estado.

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Parceira do projeto da UFG ao contribuir para a sua abrangência em Goiás, a Emater foi representada pelo chefe de gabinete, Edilson Alencar, que, em nome do presidente Rafael Gouveia, afirmou sobre a satisfação de sediar a abertura do evento. “Temos a alegria em apoiar esse projeto que vem transformando Goiás em exemplo por meio da preservação do meio ambiente”.

O apoiador da Virada Ambiental e vice-presidente dos Egressos da UFG, professor Jonathas Silva, relembrou a concepção do projeto de extensão em 2019 que, segundo ele, carrega as dimensões acadêmica e política. “Política no sentido aristotélico da ciência política e acadêmica porque o professor Emiliano de Godoy, seu idealizador, resolveu se dedicar à extensão universitária”. Professor Jonathas fez uma rápida retomada histórica do projeto, destacando a primeira audiência realizada com a Associação Goiana de Municípios (AGM), depois com o Ministério Público e com o comando da Polícia Ambiental. “É uma trajetória que engrandece não só a universidade, mas também quem participa do projeto”

Participando da Cúpula Climática das Nações Unidas, a COP 29, realizada na cidade de Baku do Azerbaijão, a deputada estadual e presidente da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Assembleia Legislativa (Alego), Rosângela Rezende, manifestou-se em vídeo, chamando a atenção para a importância do projeto enquanto construção de uma consciência coletiva de preservação ambiental. “De muda em muda, a gente muda o mundo”, brincou.

Por sua vez, o presidente da Saneago, Ricardo José Soavinski, afirmou sobre a urgência da temática ambiental nos dias atuais, em que “todos os dias os noticiários nos lembram sobre os riscos das mudanças climáticas”. De acordo com ele, o desenvolvimento deve acompanhar a proteção do ecossistema. “E isso tem que ser dimensionado em cada bioma”. Conforme informado, a Saneago criou a Superintendência de Meio Ambiente e Recursos Hídricos “e cada vez mais o pessoal interno e externo entende a importância dessa área criada na empresa”. “Além do investimento em obras de saneamento nos municípios, lidamos com a saúde ambiental e a questão ambiental é um aspecto essencial, pois utilizamos a água dos rios e ribeirões que precisam ser preservados. Precisamos de segurança hídrica, recuperação da vegetação para um lençol recarregado. Ano passado doamos 60 mil mudas, esse ano doamos um pouco mais. Enaltecemos esse trabalho. Parabéns aos responsáveis”, afirmou.

Universidade

A pró-reitora de Extensão e Cultura da UFG, Luana Ribeiro, representando também a reitora Angelita Pereira Lima, destacou a abrangência do projeto Virada Ambiental. “Com certeza é o nosso maior projeto de extensão, que alcança 80% dos municípios e atinge 17 estados mais o Distrito Federal”. De acordo com Luana, “discutir o ambiente é discutir sobre as nossas vidas” e esse debate, que tem semente na universidade, começou a ser multiplicado por inúmeras mãos: “Saneago, Emater, Receita Federal, representantes das secretarias dos governos estaduais e municipais, egressos, estudantes, docentes. Ele extrapolou e ganhou maior dimensão. E quando a gente olha para a universidade pública, gratuita, é isso que podemos esperar”, disse. “Não é fácil construir essa história. Viva a Virada Ambiental”.

Coordenador e idealizador da Virada Ambiental, o professor Emiliano Godoy admitiu que ao iniciar o projeto não tinha dimensão do tamanho que ele alcançaria. Em sua apresentação, fez uma cronologia do projeto que teve início com a realização de um inventário sobre o carbono emitido pelos câmpus universitários da UFG e o plantio de mudas como forma de compensação. “Passamos a agregar novos municípios, pessoas, ideias e parcerias e o projeto cresceu”. 

De acordo com os dados do professor Emiliano, a ação já atingiu 84% dos municípios goianos, com distribuição de cerca de 2,5 milhões de mudas e mais de 1800 hectares plantados. “Nosso objetivo agora é plantar almas: deixou de ser apenas plantio, agora é capacitação, passeio de bicicleta, corrida, ações de educação ambiental nos municípios. Nossa prioridade são as áreas de abastecimento público, as bacias de captação de água”. Segundo o professor da UFG, a semente plantada vem crescendo também em outras universidades. “A Virada Ambiental também vem sendo cadastrada como projeto de extensão em outras universidades, como a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)”.

O desafio assumido para o futuro é atingir cem por cento dos municípios goianos e um município em cada estado do País. “Queremos que a Virada seja um exemplo que como agir. A pessoa que planta árvores sem se preocupar com quem vai se sentar à sombra dela, entendeu o sentido da vida”, afirmou.