Dulcinea Maria Barbosa Campos recebe título de Professora Emérita
Celebração fez o resgate de atuação da docente na área da saúde pública e da parasitologia
Texto: Carolina Melo
Fotos: Júlia Barros
Uma vida dedicada à docência, à pesquisa e à saúde. A história de Dulcinea Maria Barbosa Campos teve início na Universidade Federal de Goiás (UFG) no ano de 1972, onde ao longo 32 anos colecionou conquistas enquanto docente do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (Iptsp): além do ensino na sala de aula, ocupou cargos de gestão e se consagrou como pesquisadora da área da saúde pública, parasitologia e doenças negligenciadas.
O reconhecimento ao seu legado acadêmico foi realizado pela Universidade na manhã chuvosa de terça-feira (12/11) com a entrega do título honorífico de professora emérita da UFG, honraria de reconhecimento internacional, como bem lembrou o professor do IPTSP, José Clecildo Barreto Bezerra, responsável por fazer a saudação à homenageada.
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A relação da renomada parasitologista com a UFG é anterior à docência. Dulcinea Campos se formou na instituição federal de ensino superior de Goiás em Farmácia e Bioquímica e, após duas especializações, seguiu para o doutorado em Parasitologia pela Universidade de São Paulo (USP). “Com um espírito incansável de pesquisadora, ela tornou-se uma referência no ensino, formando não apenas futuros médicos, biomédicos, farmacêuticos, bioquímicos, enfermeiros e nutricionistas, mas também contribuindo para a expansão e aprofundamento do conhecimento em Medicina Tropical e Saúde Pública”, afirmou professor Clecildo.
O destaque no campo da Ciência veio quando a professora Dulcinea Maria Barbosa Campos contribuiu de forma decisiva para o entendimento e o desenvolvimento de abordagens terapêuticas para lagochilascariose, uma doença negligenciada e rara. “Ela elevou o conhecimento sobre o parasito Lagochilascaris minor, revelando aspectos do ciclo biológico e do impacto clínico dessa enfermidade que até então era praticamente desconhecida no mundo”, relembrou José Clecildo Barreto Bezerra. A professora acumula citações acadêmicas, são mais de 693, e “suas publicações, livros e capítulos reforçam sua importância e inspiram futuros pesquisadores”.
Professor Clecildo Bezerra também chamou a atenção para sua atuação na gestão institucional: Dulcinea Campos foi chefe do departamento de Parasitologia e diretora do Iptsp/UFG e presidente da Sociedade Brasileira de Parasitologia. “Foram gestões inovadoras que proporcionaram à universidade maior reconhecimento nacional e fortaleceram as ciências da vida”. Sua trajetória também se vincula à consolidação do Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical e Saúde Pública, no nível de doutorado.
Em 2009, a professora aposentada da UFG, hoje professora emérita, foi uma das personalidades homenageadas com a outorga da Ordem do Mérito Anhanguera, mais alta honraria concedida pelo Governo de Goiás. Em 2016, recebeu a prestigiada outorga da Láurea Professor João Florentino Meira de Vasconcellos pela Academia Nacional de Farmácia, como destacou o professor Clecildo Bezerra.
Desafio em conciliar vida profissional e pessoal
Dulcinea Maria Barbosa Campos falou sobre a emoção em receber a honraria da Universidade Federal de Goiás e destacou entre os seus anseios ao longo da vida o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal. “Sempre achei que o objetivo da minha vida era conciliar o familiar com o profissional. Isso foi muito forte em mim. E, posso dizer, só tenho gratidão. Terminei minha graduação, casei com Itami Campos, meu grande encontro. Construímos juntos nossa família e nossa carreira acadêmica”, afirmou.
A professora emérita também agradeceu ao “amigo Clecildo, mentor da indicação do título ao conselho diretor do Iptsp”, e estendeu os agradecimentos à reitoria, a UFG e ao Iptsp. “Aqui vivi muitos anos, 32 anos na docência, outros como aluna. Fiz gestão, ensino, pesquisa. Na área da ciência, nossa linha de pesquisa sobre um parasita raro e sobre uma doença negligenciada, num momento em que ninguém conhecia nada sobre a transmissão, foi uma experiência muito rica. Naquela época era tudo material físico, no papel. Elaboramos pastas e mais pastas com informações e, de fato, conseguimos descrever o ciclo deste parasita e confirmar o mecanismo de transmissão. Foi muito interessante”, relembra.
Sobre sua inquietude, que fez com que desse continuidade a sua vocação acadêmica, mesmo após aposentada, na Universidade Evangélica de Anápolis, contribuindo para consolidar Goiás como polo de excelência na área farmacêutica na América Latina, assim como relatado pelo professor Clecildo Bezerra, Dulcinea fez referência. “Após me aposentar, não parei. Minha carreira acadêmica durou 40 anos. Agora, estou lendo outras literaturas”, brincou, antes de agradecer aos colegas e à família. “É muito bom fazer o que a gente gosta”.
Homenagens
A diretora do Iptsp, Flávia Aparecida de Oliveira, lembrou que o título de professora emérita foi proposto como reconhecimento à dedicação de Dulcinea Campos à sua área de conhecimento. “Hoje estamos vivenciando uma cerimônia de reconhecimento da história da universidade. E foi especialmente emocionante presenciar o professor de nossa unidade, Alverne Passos Barbosa, acompanhar a professora Dulcinea até a mesa diretiva”, afirmou. “O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade que elas acontecem”, afirmou Flávia Aparecida inspirada em poema de Fernando Pessoa. “O Iptsp hoje segue honrando sua história”. Ao final, a diretora da unidade acadêmica demonstrou o encanto pela família de Dulcinea “que se encontrou e se identificou com a área da Educação”.
Segundo a reitora Angelita Pereira Lima, cerimônias como a entrega de títulos honoríficos são uma espécie de devolutiva de reconhecimento do tempo dedicado à instituição. “Sabemos o quanto somos absorvidos e sequestrados de nossas famílias, que são generosas”, disse. “Parabenizo Dulcinea e peço que todos se sintam reconhecidos e homenageados e digo do meu privilégio de estar como reitora e ter participado da entrega do título de professor emérito ao professor Itami Campos e, agora, a professora Dulcinea Campos. Dulcinea carrega no nome a inspiração. A inspiração da utopia de Dom Quixote, contra os moinhos de vento, os obstáculos da vida. Dulcinea, na obra, é uma inspiração. E você também é inspiração para nós, na UFG”, afirmou Angelita.
Fonte: Secom UFG