MEC realiza seminário na UFG sobre criação de universidade indígena
Evento promoveu escuta e análises de entidades e indigenistas acerca da formação da nova instituição
Texto: Eduardo Bandeira
Fotos: Júlia Barros
"Este é um momento único e especial. Estamos unidos com diversos povos indígenas e parceiros das universidades e instituições para construir uma universidade que representa o sonho de todos os povos indígenas do Brasil." Foi com o peso dessas palavras que Nivaldo Tapirapé, líder da comunidade Tapirapé e coordenador Pedagógico na Escola Indígena Estadual Tapi'itãwa, descreveu o impacto do Seminário Regional de Escuta para a Criação e Implementação da Universidade Indígena.
O evento aconteceu na quinta-feira (29/8) no auditório da Faculdade de Letras (FL) da Universidade Federal de Goiás (UFG), com o objetivo de reunir os participantes para refletir e discutir sobre a criação da Universidade Indígena no Brasil, uma reivindicação do movimento indígena brasileiro. Confira o álbum de fotos do seminário, clicando aqui.
Compromisso
Na solenidade, a reitora da UFG, Angelita Pereira de Lima, reiterou o compromisso da Universidade com a formação profissional dos povos indígenas e o desenvolvimento de uma pedagogia de alto impacto na preservação da troca de conhecimentos e na qualidade de vida da população indígena.
A reitora aproveitou o momento para destacar as ações da UFG nesse sentido, como a criação de redes de educação para o desenvolvimento justo e a superação das desigualdades. Além disso, trouxe uma série de notícias, como a nomeação de Pedro Wilson Guimarães, sociólogo, professor, político e ex-superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), cotado para assumir como pesquisador sênior no Museu Antropológico para a implementação de um observatório dos povos indígenas de Goiás.
Outra iniciativa anunciada foi a realização de convênios para a inserção dos estudantes indígenas nos processos de internacionalização da UFG, abrangendo os membros do curso de licenciatura em Intercultural, do Núcleo Takinahakỹ de Formação Superior Indígena (NTFSI), vinculado à Faculdade de Letras (FL) da UFG, além dos estudantes indígenas que ingressaram por meio do programa UFG Inclui.
Além dos convênios para a internacionalização, a Universidade Federal de Goiás, que conta com mais de 400 estudantes indígenas, também priorizou, nas obras do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) voltado às universidades federais, a construção da aldeia intercultural. Esse espaço visa apoiar a permanência dos estudantes indígenas na Instituição, oferecendo um auditório e infraestrutura adequada para ampliar sua formação.
Lideranças
A mesa diretiva foi formada por lideranças indígenas e convidado do Ministério da Educação (MEC), Universidade Federal de Catalão (UFCat) e da Universidade de Brasília (UnB). Destacam-se na composição: a professora do Instituto de Letras da UnB e coordenadora-geral de Articulação de Políticas Educacionais Indígenas, no Departamento de Línguas e Memórias Indígenas do Ministério dos Povos Indígenas, Altaci Kokama; a coordenadora geral de Educação Escolar Indígena/SECADI/MEC e diretora-geral do Câmpus Amajari do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima (IFRR), Pierlangela Cunha; a professora ligada à Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso (Seduc/MT) e representante da Secretaria de Estado de Educação do Mato Grosso (SEDUC/MT) e membro do Conselho Estadual de Educação de Mato Grosso (CEE/MT), Chikinha Paresí; o chefe da Coordenação Técnica Local da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) em Goiânia, Francisco Otávio Reis Oliveira; a gerente da Educação do Campo, Quilombola e Indígena da Secretaria de Estado da Educação de Goiás (Seduc/GO), Valéria Cavalcante da Silva Souza; os caciques Renan Wassuri, Tohokai Karajá e Nivaldo Tapirapé; o professor intérprete da língua indígena Almir Henori Abtsire; e a professora do Núcleo Takinahakỹ de Formação Superior Indígena e organizadora do evento, Mônica Veloso Borges.
Os tópicos abordados destacaram a magnitude de um seminário com uma proposta que torne viável a realização de um sonho que começa a se tornar realidade. A professora Mônica Veloso destacou a importância de criar uma universidade que atenda às necessidades dos povos indígenas, enfatizando o papel ativo dos professores e gestores. Já Almir Amorim agradeceu aos povos originários e manifestou a importância da diversidade cultural, com um tom de valorização das diferentes culturas.
Nessa linha, a atmosfera que marcou o seminário foi o sentimento de reverência e a importância da realização do sonho da universidade indígena, o papel ativo dos educadores nesse processo e o caráter especial do momento, além da colaboração necessária para construir a universidade desejada pelos povos indígenas. Houve também um clamor para o respeito aos princípios da Educação Indígena e a necessidade de união dentro da universidade.
Parceria
O seminário foi realizado pelo Ministério da Educação (MEC) - por meio da Secretaria de Educação Superior (Sesu) e a Diretoria de Políticas de Educação Escolar Indígena (Dipeei), da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (Secadi) - em parceria com o Ministério dos Povos Indígenas (MPI), a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e o Núcleo Takinahakỹ de Formação Superior Indígena (NTFSI) da Faculdade de Letras (FL) da UFG.
Fuente: Secom UFG