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Professora da FCS UFG vence Prêmio Jabuti Acadêmico 2024

En 08/08/24 16:36 .

Suzane Alencar pesquisa há mais de 13 anos as lutas e resistências de comunidades quilombolas

Texto: Versanna Carvalho

Fotos: arquivo pessoal e fotos oficiais do evento

A primeira edição do Prêmio Jabuti Acadêmico rendeu o reconhecimento à obra da professora da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás (FCS/UFG) Suzane Alencar Vieira. A docente, que atua no Programa de Pós-Graduação em em Antropologia Social (PPGAS), conquistou o primeiro lugar na categoria Antropologia, Sociologia, Demografia, Ciência  Política e Relações Internacionais com o livro, “Entre Risos e Perigos”, foi publicado pela editora 7Letras.

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A entrega dos prêmios foi realizada na terça-feira (6/8), em São Paulo. O evento foi organizado pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) e laureou 30 obras, divididas em dois eixos principais (Ciência e Cultura e Prêmios Especiais) e 29 categorias. Suzane foi ao Teatro Sérgio Cardoso com a família.

Ao Portal, Suzane falou que há cerca de 13 anos pesquisa as lutas de resistência das comunidades rurais quilombolas no município de Caetité, no Alto Sertão da Bahia. "Uma região do semiárido afetada pelas consequências políticas e ambientais da mineração de urânio e de ferro, da construção de parques eólicos, por períodos prolongados de seca e por uma intensa crise hídrica.

 

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Suzane: emoção ao dividir momento com o filho e desejo de fortalecer luta das mães na academia 

 

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Livro reconhecido: realização do desejo de contar uma história que mude o olhar que se tem para o sertão

 

A professora conta ainda que sua pesquisa busca criar um posicionamento ético-político e acadêmico no âmbito da antropologia diante de discussões mais recentes sobre crise ecológica e mudanças climáticas. "Procuro criar uma abordagem etnográfica que ressalta a complexidade dos conhecimentos  ambientais quilombolas que, por meio de embates concretos com empreendimentos de energia eólica e nuclear, desafiam consensos  hegemônicos em torno da noção de sustentabilidade".

Suzane comenta também que "essa também poderia ser uma contribuição ou um apelo para que outra ética ecológica possa contar para uma gestão não extrativista do destino comum, para a construção da justiça social, racial e ambiental nos planos de desenvolvimento do sertão da Bahia e do País".

Fora dos centros hegemônicos

Perguntada sobre a importância do prêmio para a sua vida profissional, ela afirma que se trata do reconhecimento de uma professora e pesquisadora goiana que atua numa universidade fora dos centros hegemônicos do conhecimento, de arte e cultura do País. "Para mim, esse prêmio é um sopro de esperança de que é possível inverter os vetores da colonialistas, fazer pesquisas e proporcionar formação de excelência, relevância acadêmica, política e social em Goiás, na UFG, e criar um novo posicionamento ético-político no debate sobre mudanças climáticas com os povos tradicionais e com pesquisadores dissidentes embrenhados no sertão, na caatinga e no cerrado, lidando com problemas ambientais e sociais concretos", anima-se.

"Além disso, foi uma emoção especial receber o prêmio ao lado do meu filho de 4 anos e fortalecer a luta das mães na academia que também militam por condições mais justas para a carreira acadêmica", ressalta.

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Autora, obra e troféu: entrega do prêmio foi realizada na terça-feira (6/8), em São Paulo

 

À pedido do Portal UFG, Suzane também falou sobre o significado da premiação no âmbito pessoal. Ela relata que o livro, agora reconhecido pelo Prêmio Jabuti Acadêmico, é a realização de um desejo de contar uma história que mude o olhar que se tem para o sertão, alvo histórico de colonização violenta, do extrativismo econômico,  político, ambiental. "Queria que minha antropologia fosse também uma narrativa de resistência que, por meio das lutas de resistência negra no sertão da Bahia, também desse visibilidade ao grave problema territorial nas comunidades quilombolas de Caetité", enfatiza.

 

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Suzane Alencar com a sua obra na solenidade de premiação

 

A ganhadora do Prêmio Jabuti Acadêmico finaliza contando que "uma das comunidades mais importantes para a história do meu livro, a comunidade de Malhada, aguarda há quase 10 anos pela titulação do território quilombola.  Queria que esse prêmio fosse convertido num apelo pela titulação desse importante território de resistência ecopolítica quilombolas".

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Livro premiado: reconhecimento a uma pesquisadora que atua fora dos centros hegemônicos do conhecimento

 

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Suzane durante a entrega do Prêmio Jabuti Acadêmico 2024

 

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Fuente: Secom UFG

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