Julho das Pretas promove troca cultural entre empreendedoras
3ª edição também focou na saúde e bem-estar das comunidades preta, indígena e quilombola
Texto: Jayme Leno
Fotos: Evelyn Parreira
O dia internacional das mulheres negras latino-americanas e caribenhas é 25 de julho. E foi nesse dia que ocorreu a 3ª edição do “Julho das Pretas: contra o racismo, por reparação e pelo bem viver". Promovido pela Secretaria de Inclusão da Universidade Federal de Goiás (SIN/UFG), o evento ocorreu no Museu de Antropologia da UFG e permitiu o encontro das mulheres negras, que puderam trocar informações sobre empreendedorismo, saúde e bem-estar. Clique aqui para ver o álbum de fotos do evento.
Palestras, rodas de conversas, apresentações culturais, exposições de arte e feira foram algumas das atrações da programação. A abertura do encontro contou com a presença da pró-reitora adjunta de Graduação, Heliny Neves; da vice-diretora e representante do Museu Antropológico da UFG, Rossana Klippel de Souza José; da secretária adjunta da SIN/UFG e coordenadora da edição, Ana Paula Purcina Baumann; e da discente do curso de Geografia do Instituto de Estudos Socioambientais (Iesa/UFG) e ingressante quilombola pelo UFGInclui, Valdinésia Pereira da Cunha.
A professora Ana Paula Baumann lembrou que o evento faz parte de um projeto nacional iniciado em 2013 pela organização Instituto da Mulher Negra Odara. Desde então, o evento tem ganhado proporções nacionais, sendo organizado localmente pelo Movimento Feminista Negro. Ela ainda acrescentou que, na UFG o projeto teve início em 2022 sob a coordenação da professora e secretária da SIN, Luciana Dias, e destacou a importância de espaços de discussão e visibilidade para mulheres negras.
Empreendedorismo e resistência
A diretora-executiva da marca de roupas Nyna Koxta Moda Africana, Saturnina da Costa, comentou sobre a importância dos projetos que fomentam o empreendedorismo e a economia criativa entre mulheres negras, indígenas e quilombolas. "Um evento como este, onde podemos fomentar o empreendedorismo, a economia criativa, e reunir potências pretas, é muito importante. Temos aqui pessoas na área da alimentação, do artesanato, da moda", afirmou Saturnina, ressaltando o valor da troca cultural proporcionada pelo encontro.
A empresária destacou a inclusão propiciada pelo evento e contou um pouco sobre sua trajetória na Universidade, onde cursou Ecologia e Análise Ambiental, o que culminou em seu convite para participar das edições. "Sou cria da UFG e sempre me convidam para dar oficinas e participar do evento", disse ela, lembrando da importância de manter um vínculo contínuo com a Universidade e de apoiar iniciativas que promovam a inclusão e o protagonismo das mulheres negras.
O evento também contou com a presença do Grupo Mulheres Negras Malungas, representado por uma de suas fundadoras e coordenadora, Maria do Carmo Avelina Brito. Desde 1999, o Malunga tem sido uma força importante na luta pelos direitos das mulheres negras em Goiás. Maria do Carmo destacou a relevância do Julho das Pretas como o pontapé inicial para a Marcha das Mulheres Negras que ocorrerá no próximo ano. O objetivo é levar mais de um milhão de mulheres para Brasília em um ato histórico em prol dos direitos e da visibilidade das mulheres negras.
Saúde e prevenção
A saúde e o bem-estar também foram o foco da 3ª edição do Julho das Pretas, que promoveu iniciativas voltadas para o cuidado e conscientização das mulheres. Ana Paula Baumann salientou o objetivo de abordar a saúde de forma mais aprofundada. “Teremos uma roda de conversas sobre saúde, e convidamos as Ligas, incluindo a Liga de Enfermagem e a Liga de Atenção à Saúde da Mulher Negra, para trazer informações relevantes. Também contamos com o projeto de epilepsia para adicionar mais conhecimento sobre a saúde da mulher negra", disse.
A Liga de Atenção Integral à Saúde da Mulher, iniciativa formada por graduandas do curso de Enfermagem da UFG, realizou atendimentos e cuidados às visitantes da edição. No local, as participantes puderam fazer a aferição da pressão e tirar dúvidas sobre hipertensão e diabetes.
A professora do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFG, Aline Pansani, coordenou, junto a equipe do projeto “Epilepsia em foco”, atividades de conscientização sobre a doença, além de informar as mulheres presentes sobre os primeiros socorros e sobre como prevenir mortes relacionadas à doença. A coordenadora lembrou que o projeto é pioneiro no estabelecimento de um protocolo institucional para crises epilépticas na UFG e pretende estender essa abordagem para outras instituições.
Fonte: Secom UFG