Curta o câmpus território indígena

Curta o câmpus promove vivência no Núcleo Takinahakỹ

Em 05/07/24 11:25.

Durante evento, acadêmicos indígenas tiveram acesso a serviços de saúde

Texto: Carolina Melo

Fotos: Júlia Barros

Pinturas indígenas, oficinas de grafismos e línguas indígenas, contação de histórias e exposição dos pôsteres dos trabalhos acadêmicos dos discentes do Núcleo Takinahakỹ de Formação Superior Indígena possibilitaram a vivência da 12ª edição do Curta o Campus UFG Território Indígena, na manhã de quinta-feira (4/7). Os participantes puderam conhecer um pouco mais de perto a proposta do curso de Educação intercultural, passeando pelos laboratórios, pelo Espaço Cultural Wèkède Maria do Socorro Pimentel da Silva e pelas salas de aula. O evento também marcou a recepção aos acadêmicos de cerca de 30 povos indígenas, que durante o mês vão cumprir a etapa do curso na UFG. Confira a galeria de fotos.

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Os visitantes tiveram a oportunidade de participar de exposições de artesanatos, conhecer os livros em línguas indígenas produzidos pela Ação Saberes Indígenas na Escola e assistir às apresentações de cantos e danças indígenas.Também foi possível conhecer sobre as Plantas Alimentícias Não-convencionais (Pancs), apresentadas pelo Programa Educação Tutorial Engenharia de Alimentos (PET EngAli), ter acesso à nota técnica e ao protocolo para primeiros socorros à pessoas com epilepsia na Universidade, produzidos pelo Projeto de Extensão Epilepsia em Foco, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), e participar da oficina de produção de copos de bambu, ofertada pela Rede Bambu Goiás, da Escola de Agronomia (EA) 

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Atendimento à saúde indígena

Durante o evento, os acadêmicos indígenas tiveram acesso aos serviços de saúde disponibilizados pelo projeto de extensão Programa de Saúde Indígena da UFG, articulado pelo Núcleo Takinahakỹ, pela Pró-reitora de Assuntos Estudantis (PRAE/UFG), pela Pró-reitoria de Graduação (Prograd) e Secretaria de Inclusão (SIN/UFG). Triagem médica, odontológica, vacinação e atendimento clínico de doenças respiratórias foram disponibilizados durante toda a manhã no Centro de Saúde do câmpus Samambaia. “Aqui vamos fazer um check up do pulmão, com a mesma qualidade que fazemos no Hospital das Clínicas (HC)”, afirmou o vice-diretor da Faculdade de Medicina, Marcelo Riabahi.  

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O coordenador do curso de Educação Intercultural, Andrey Nikulin, agradeceu a Universidade pelo projeto com o foco na área da saúde indígena e agradeceu a presença da comunidade acadêmica. “Estamos felizes com a presença dos visitantes, alunos e alunas que vieram conhecer o nosso trabalho. Espero que nossos laços se fortaleçam”. O vice-reitor Jesiel Freitas aproveitou a oportunidade para dar boas-vindas aos acadêmicos indígenas. “Que essa seja uma experiência profícua”. E relembrou a posse dos dois docentes indígenas, Gilson Ipaxi’awyga Tapirapé e Eunice Pikodi Caetano Moraes Tapuia, que se formaram pela Universidade. “A sensação é de alegria e realização do dever que nos cabe”.

A reitora Angelita Pereira de Lima afirmou que mais do que as “boas-vindas”, “boas notícias” marcam a primeira edição do Curta o Câmpus no Núcleo Takinahakỹ. De acordo com a reitora, o Programa de Saúde Indígena na UFG vem sendo estruturado, “articulando a saúde, o ensino e a extensão” e visa a promoção não só de atendimento e acolhimento como também de pesquisas na área da saúde indígena. Ainda no espaço das boas notícias, a reitora informou sobre a aprovação pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal, da construção da Aldeia Intercultural, ou seja, da casa do estudante indígena, com alojamento e auditório. “Hoje é dia de celebrar, cultivar e motivar a esperança da UFG e no que produzimos juntos para que o futuro seja melhor”. afirmou.

Curta o câmpus território indígena
Vice-diretor da FM, Marcelo Riabahi (ao centro): atendimento de qualidade ao estudante

 

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Reitora Angelita Pereira Lima acompanhada da gestão superior: dia de celebrar

 

Trocas culturais

Ao som do berimbau e cânticos indígenas, a troca de saberes e cultura deu o tom do evento. Para a discente Decir Krikati, que entrou no curso de Educação Intercultural em 2021, o evento foi “interessante para entender a forma como as pessoas da universidade trabalham, que é diferente de nossa cultura e de nossa língua”. Ela também chamou a atenção para a oportunidade que as pessoas, de outras áreas da Universidade, tiveram de conhecer o Núcleo na prática, e de vivenciar com os alunos indígenas. “É importante para a gente comunicar a nossa diferença, isso é uma forma de a gente se entender”, disse. A estudante Beatriz Carneiro Vilela, 11 anos, afirmou que foi a primeira vez que teve contato com os povos indígenas. “Apesar de eu ser parda, minhas relações são principalmente com pessoas brancas da minha família. Hoje conversei com muitas pessoas e gostei muito, pois tenho pouco convívio. Os traços dos rostos me chamaram muita atenção”, disse.

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Vivências com o jogo Adugo

 

“Ninguém gosta daquilo que não conhece”, destaca Fleury Kiegewa Ekureu, 39 anos, egresso do curso de Educação Intercultural. “Sempre defendi que essas vivências são importantes. A partir do momento que as pessoas conhecem, começam a respeitar”, afirmou. Fleury estava orientando os interessados a jogar o Jogo Adugo (da Onça Pintada), utilizado pelo Laboratório de Etnomatemática. “É um jogo milenar de nosso povo Bororo, que usa a estratégia de guerra, de como atacar e como se defender. Há uma peça que representa do adugo (onça pintada) e 14 arikau (cachorros), que têm a finalidade de acuar e deixar o adugo sem saída, enquanto o adugo tem a finalidade de devorar arikau”, explica. Segundo Fleury, o jogo, ao ser levado para fora do país, chegou a ser considerado um jogo europeu, “até que foram fazer seu resgate histórico e descobriram sua origem Bororo”. 

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leury Kiegewa Ekureu apresentou jogo Adugo

 

Fonte: Secom UFG

Categorias: Notícias FL