Convenio_UFG_Estado_GO_teste_genetico_cancer_de_mama_19-10-2023

Goiás e UFG oferecem teste genético em câncer de mama herdado

Em 19/10/23 19:20.

Estado de Goiás se torna primeiro do País a oferecer serviço pela rede pública por meio do SUS

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Convênio assinado: símbolo de pesquisas científicas que estão sendo convertidas política pública

 

Texto: Versanna Carvalho

Foto: Marco Monteiro/SES-GO

O Estado de Goiás vai ser a primeira unidade federativa do País a oferecer via Sistema Único de Saúde (SUS) o acesso ao teste genético que detecta alguma mutação genética em mulheres com câncer de mama e/ou ovário. A iniciativa vai ser empreendida em conjunto com a Universidade Federal de Goiás (UFG) que vai realizar esses testes no Centro de Genética Humana (Cegh), vinculado ao Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Instituição.

A assinatura do Termo de Cooperação entre a Secretaria Estadual de Saúde (SES) e a UFG ocorreu durante o lançamento do Projeto Goiás Todo Rosa, na quinta-feira (19/10), no Palácio das Esmeraldas, também uma parceria com a UFG. Com o convênio, Goiás passa a ser o primeiro estado a implementar e colocar em vigor a lei (lei estadual 20.707 de 14 de janeiro de 2020) que dispõe sobre a realização desse teste. 

A professora da Faculdade de Medicina da UFG, Rosemar Macedo Sousa Rahal, que atua na área de mastologia e pesquisa clínica em câncer de mama, conta que "a identificação de uma mutação genética pode mudar o tratamento da paciente, uma vez que, uma vez que as abordagens cirúrgicas e medicamentosas podem sofrer".

A médica afirma que nos casos em que a mutação genética é detectada em familiares da paciente portadora da mutação "podemos adotar estratégias de prevenção para evitar o desenvolvimento de um câncer de mama". Rosemar comenta que uma das possíveis alternativas pode ser a mastectomia profilática, como a que foi feita pela atriz Angelina Jolie e que inspirou o nome da lei estadual do Rio de Janeiro. "Essa cirurgia consiste na retirada do tecido mamário".

Rosemar é também uma das idealizadoras do projeto Goiás Todo Rosa. Ela explica que a ação vai ser trabalhada em quatro eixos em todos os 246 municípios do Estado de Goiás. "O primeiro é a capacitação dos profissionais da atenção básica (médico, enfermeira e agente comunitário) para identificar as pacientes que possam ter uma suspeição de um câncer de mama e dar celeridade ao tratamento. O segundo é ampliar a rede de biópsia, que é um gargalo no Brasil ter acesso a uma biópsia mamária. O terceiro é conectar a atenção primária, secundária e terciária, fazendo com que a paciente que tenha alguma lesão mamária possa ser tratada mais rápido, reduzindo mortalidade. O quarto é o painel genético que será feito pela UFG para pacientes do SUS a partir da parceria entre UFG e Estado de Goiás", resume.

A mastologista destaca que "é extremamente importante porque essas pacientes normalmente são extremamente jovens, os tumores são muito agressivos e infelizmente muitas pacientes acabam morrendo em decorrência do não acesso ao teste genético".  

Segundo o secretário da Saúde (SES), Sérgio Vencio, o projeto Goiás Todo Rosa já vai começar a capacitar profissionais de saúde pela região sudoeste e depois vai se estender para todo o Estado. "É importante que fique claro que estamos falando pela primeira vez em prevenção e Goiás sai na frente. As nossas policlínicas vão aos poucos mudando o perfil para se transformarem em centros de diagnóstico de câncer por punção guiada por ultrassom e também tele patologia. A população pode esperar isso para o ano que vem, que vai acontecer". 

Serviço para a população

A outra pesquisadora da UFG que está envolvida com a iniciativa é a professora do ICB UFG Elisângela de Paula Silveira Lacerda. Ela é geneticista e coordena o projeto que vai realizar os exames de detecção de mutação genética dos genes BRCA 1 e 2 (sigla em inglês para a expressão gene para o câncer de mama) no Centro de Genética Humana (Cegh ICB). 

A pesquisadora comenta que pesquisas nessa área já vêm sendo desenvolvidas "A chegada desse momento é a realização do sonho de ir além da pesquisa acadêmica, com as publicações em periódicos importantes e poder oferecer esse serviço para a população via SUS", diz.

Elisângela afirma que um dos objetivos é descentralizar a realização deste exame dos grandes centros e colocar o Estado para ser um centro de excelência para diagnóstico genético. "Tivemos duas teses de doutorado nessa área e transformamos a pesquisa em serviço".

"Até então esses testes têm sido feitos no âmbito da pesquisa e agora vai ser convertida em uma política pública no Estado", complementa Rosemar. 

Prevenção dos familiares

O termo de cooperação foi assinado pela reitora da UFG, Angelita Pereira de Lima; o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, o secretário de Saúde, Sergio Vencio; a diretora-executiva da Fundação de Amparo à Pesquisa (Funape), Sandramara Matias Chaves; além das pesquisadoras da UFG Rosemar Rahal e Elisângela Lacerda. Sandrama reforça a importância do projeto "especialmente para as mulheres em vulnerabilidade social porque muitas vezes o tempo que essas mulheres jovens aguardam para conseguir realizar uma biópsia é um tempo extremamente importante para o tratamento do câncer de mama. Então, quando a Funape participa desse convênio tripartite como uma fundação de apoio da gestão administrativa e financeira do projeto, é muito mais do que isso, para a Funape é uma alegria, uma honra e uma emoção muito grande fazer parte de um projeto desta natureza". 

Um dos aspectos destacados pela Angelita Pereira é que "o convênio permite que esse atendimento seja escalado pelo SUS e esse é o grande passo que está sendo dado aqui e Goiás passa ser o primeiro estado do Brasil a implementar a lei que permite a realização desse exame que é fundamental para o atendimento da mulher diagnosticada, mas principalmente para a prevenção dos seus familiares, já que se trata de um câncer que é herdado, e por meio dessa tecnologia e metodologia ser detectado", diz.

O governador Ronaldo Caiado fez questão de falar da importância de se respeitar a ciência. "Isso aqui que a Universidade Federal de Goiás está trazendo para nós é uma academia que se debruça para poder buscar melhoria da qualidade do diagnóstico antecipado na solução dos problemas, seja na área da vacina ou do sequenciamento genético ou outras". Caiado se comprometeu a investir no projeto e ressaltou que havendo respeito com o dinheiro público é possível utilizá-lo para salvar vidas. 

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Fonte: Secom UFG

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