FD UFG lança semana de celebração dos 125 anos da unidade acadêmica
Exposição documental é a primeira das atividades que inclui entrega de título honorífico e selo
Texto: Versanna Carvalho
Fotos: Evelyn Parreira
A primeira segunda-feira (7/8) do mês de agosto marca o lançamento da programação pelos 125 anos da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Goiás (FD/UFG), a sexta faculdade de Direito mais antiga do Brasil. Criada em 13 de agosto de 1898, a instituição, que integra a Universidade Federal de Goiás (UFG), dá início às festividades com o lançamento da exposição "Memória Institucional FD/UFG - minha alma mater". As festividades se estendem até sexta-feira (11/8) com atividades no Câmpus Colemar Natal e Silva, em Goiânia, e no Câmpus Goiás, na cidade de Goiás.
"Completar 125 anos é um momento muito especial. Pensamos em uma programação variada que começa o resgate da nossa memória, com a exposição, um congresso e várias conferências. Na terça-feira (8/8) vamos a Vila Boa de Goiás [antigo nome da cidade de Goiás] que é um momento muito especial onde faremos o resgate das nossas origens mais profundas", resume o diretor da FD, José Querino Tavares Neto.
Quando questionado sobre o fato de a FD existir a aproximadamente o dobro do tempo do que a própria UFG, a qual completou 62 em dezembro último, o docente afirma carregar um misto de duas sensações. "De um lado temos a honraria de termos existido antes da UFG, e a UFG surgir no seio da Faculdade de Direito; por outro lado, o sentimento é de uma grande responsabilidade, isso nos coloca em uma situação de exigência ainda maior", mensura.
Apesar da honra e da responsabilidade, o diretor acredita que a unidade acadêmica tem cumprido a sua finalidade enquanto instituição pública, gratuita, dedicada ao ensino, pesquisa e extensão e formado um quadro de profissionais em todo o sistema de Justiça: juízes, promotores, advogados, defensores públicos. Temos cumprido o princípio do ensino público, gratuito e sobretudo ensino, pesquisa e extensão.
Coube à vice-diretora da FD, Sílzia Alves Carvalho, a missão de liderar a comissão organizadora dos 125 da unidade acadêmica. Ela conta que os motivos que levam a FD a comemorar os seus 125 anos vão além da mera passagem temporal. "Essas celebrações estão sendo realizadas tendo em vista o reconhecimento do passado da Faculdade de Direito, das suas inúmeras contribuições, daqueles que deram muito das suas vidas aqui, daqueles que receberam muito nas suas vidas a partir dos conhecimentos que tiveram a oportunidade de receber aqui", conta.
Sílzia afirma que junto com as festividades está sendo pensada a revitalização da Faculdade de Direito. "Sua história, seu presente, mas acima de tudo, o lançamento das bases para o seu futuro. As bases de uma sociedade mais igualitária, mais justa e de um profissional jurídico que seja realmente capaz de pensar e refletir a complexidade do século 21. Que exige tanto de nós do século passado, quanto exigirá muito mais ainda dos nossos jovens, esses estudantes que estão chegando hoje aqui à nossa casa do Direito em Goiás".
Medalha
Durante a solenidade de lançamento, Sílzia contou que ao longo do processo de elaboração dos eventos, foi criado um selo comemorativo, e também uma medalha, que nasceu como a ideia de uma moeda. A primeira personalidade agraciada com esta medalha foi a reitora da UFG, Angelita Pereira de Lima. "A sua manifestação de apoio, de carinho, de respeito, de compromisso, nos fez ter a certeza de que entre as pessoas que mais merecem recebê-la [a medalha], você hoje, em nome de todas as pessoas que têm estado ao nosso lado nesse propósito, venha receber a homenagem", justifica a vice-diretora da FD.
A reitora comenta que foi à cerimônia para celebrar os 125 anos da Faculdade de Direito, o seu prestígio e o prestígio que ela confere à Universidade Federal de Goiás. "Com certeza o que é a UFG hoje está devidamente creditado à trajetória e toda a competência da Faculdade de Direito e à sua importância para a sociedade de Goiás".
Angelita destaca que o lançamento da exposição "Memória Institucional FD/UFG - minha alma mater" dá continuidade ao que considera como um dos principais legados da sua gestão frente à Universidade, que é a recuperação de toda a memória da Universidade, e que este é o tempo certo de recuperá-la. "A memória da UFG na parceria entre a Proec, Cidarq, Casa da Memória, curso de Museologia e Reitoria, é uma tarefa importantíssima porque se preservamos a nossa memória e nosso patrimônio, nós também recuperamos a nossa dificuldade, a nossa luta, os momentos em que foi necessário sermos resilientes. A memória é fundamental para que possamos trilhar um futuro tendo a certeza de que nós estamos no caminho certo", diz.
Juntamente com a preservação da memória da FD, a gestão da Universidade pretende investir na requalificação dos espaços físicos da unidade acadêmica. "Estamos empenhados para conseguir, tanto do ponto de vista orçamentário, quanto do ponto de vista de vista de apoio da sociedade, dos nossos parlamentares, para nós recuperarmos esta casa, para que o prédio fique a altura das almas [que constroem a Faculdade de Direito] e das alegrias que se promovem aqui", ressalta Angelita.
Reparação histórica
A reitora antecipou um pouco da programação da terça-feira (8/8), quando, em Goiás, haverá a entrega in memorian do título de Doutora Honoris Causa para Leodegária Brazília de Jesus (1889-1978). "Leodegária foi uma mulher preta, poeta, escritora, jornalista, quis ingressar na Faculdade de Direito na cidade de Goiás, foi impedida, certamente por sua condição de mulher e negra. Nós decidimos, por uma iniciativa, da Faculdade de Direito de Goiânia e da Faculdade de Direito da cidade de Goiás, e aprovada por aclamação no Consuni [Conselho Universitário da UFG] a concessão do título de Doutora Honoris Causa como reparação histórica à Leodegária", contextualiza.
"À Leodegária será prestada essa grande homenagem em nome da memória de todos que lutaram por uma Faculdade de Direito que pudesse ser uma faculdade que marca a história da transformação da sociedade e das pessoas", complementa.
Primeira diretora
Em 2017 foi eleita a primeira mulher diretora da Faculdade de Direito da UFG, a professora Bartira Macedo de Miranda. Isso quando a unidade acadêmica já contava com 119 anos de fundação. Em seu discurso de posse, Bartira ressaltou que não apenas era a primeira (e única até o momento) mulher a assumir o posto, como também a primeira mulher negra e nordestina. Bartira esteve à frente das festividades dos 120 anos da FD, em 2018, e falou sobre os avanços ocorridos nos últimos cinco anos. "Vemos que a faculdade evoluiu muito porque hoje nós temos dois programas de pós-graduação stricto sensu consolidados. Lá em 2017 quando tomamos posse na direção, ter um doutorado em Direito era um sonho. Esse sonho se tornou factível. Quando o nosso Programa de Direito Agrário foi a nota 4 [na avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes)] e, depois, em 2021, instalamos o primeiro doutorado em Direito do Centro-Oeste, fora de Brasília. Além disso, nesses quatro anos, de 2017 a 2021, o jovem programa de Direito e Políticas Públicas também se tornou um programa consolidado que foi nota 4 e agora nos preparamos para oferecer um segundo doutorado. Acho surpreendente que cinco anos atrás era um sonho ainda muito distante e em breve Goiás passará a ter dois programas de doutorado em Direito. A contribuição da Faculdade de Direito é muito grande para a ciência jurídica em Goiás", conclui.
Mesa diretiva
A mesa diretiva simbólica da solenidade foi composta pela reitora da UFG, Angelita Pereira de Lima, o diretor da Faculdade de Direito, José Querino Tavares Neto, a vice-diretora e presidente da Comissão Organizadora dos 125 anos da FD UFG, Sílzia Alves Carvalho, o presidente do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), Carlos Alberto França, o defensor público do Estado de Goiás, Tiago Gregório Fernandes, e o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil - seção de Goiás (OAB-GO), Rafael Lara Martins. Os três convidados são egressos do curso de Direito da UFG e ingressaram na Instituição entre os anos 1980, final dos anos 1990 e início dos anos 2000.
Em seu discurso, Carlos França observa que nesses 125 anos FD UFG ajudou a formar e a capacitar milhares e milhares de jovens para o mercado de trabalho, e, principalmente, para ser um melhor cidadão. "O Poder Judiciário traz aqui nessa largada das comemorações dos 125 anos a sua palavra de agradecimento, a sua manifestação de reconhecimento da importância desta instituição de ensino, que, além de formar os profissionais de Direito, já fez inúmeras parcerias com o Poder Judiciário do Estado de Goiás. Contamos com essa parceria sempre, pois sabemos que aqui na UFG, apesar das inúmeras dificuldades impostas por alguns que não valorizavam a educação nacional, essa universidade sobreviveu, se manteve e esta Faculdade de Direito, foi e continuará sendo sempre uma casa de ensino fundamental para a sociedade goiana, a Justiça e o sistema de justiça de Goiás".
O defensor público Tiago Fernandes relembrou sua trajetória na FD e observou que a Defensoria Pública do Estado de Goiás existe há apenas 12 anos e é uma das instituições mais jovens do sistema de justiça. "Não há dúvidas de que a Faculdade de Direito para a instalação da própria Defensoria Pública do Estado de Goiás. A propósito, a primeira vez que eu ouvi falar sobre defensoria pública foi com o professor Adegmar [José Ferreira], com seus causos e histórias, em júris simulados e nas aulas de Direito Agrário do professor Cleuler [Barbosa das Neves]”.
Entre as lembranças que o presidente da OAB-GO, Rafael Lara, guarda da FD está o fato de ele ter ingressado na instituição como estudante há 25 anos, na “turma centenária”, e de participar das eleições do Centro Acadêmico XI de Maio (Caxim). “Uma coisa não mudou nesses 25 anos que eu conheço e tenho tanto carinho pela Faculdade de Direito da Universidade Federal de Goiás que é do que a Faculdade de Direito é feita. Temos instituições de ensino por todo o País e algumas são feitas pela sua estrutura, pelas suas histórias acadêmicas, pelos seus quadros, e nos altos e baixos da nossa faculdade, tem uma coisa que sempre a deixou em destaque é que a FD é também feita de pessoas que a ama e constrói a sua história dia após dia”.
Exposição
A exposição "Memória Institucional FD/UFG - minha alma mater" é uma realização da Reitoria da UFG, em conjunto com o Câmpus Goiás da UFG, Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proec), Faculdade de Direito (FD), Digital Lab UFG, Centro de Informação, Documentação e Arquivo (Cidarq), Faculdade de História (FH), Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão (Lepehis) e Centro Acadêmico XI de Maio (Caxim). A iniciativa conta com a participação de estudantes da disciplina Comunicação Patrimonial IV - projeto e montagem de exposições, da graduação em Museologia, ministrada pelo professor Pablo Lisboa.
Segundo os organizadores, a expografia é divida em três diferentes módulos: a linha do tempo com os principais acontecimentos históricos; sete vídeos de relatos de história que abordam desde fatos mais institucionais, até histórias do cotidiano da FD; 16 documentos históricos, que vão desde procedimentos rotineiros até fatos mais marcantes. A curadoria geral é dos professores José Querino Tavares Neto e Pablo Fabião Lisboa. A mostra fica em cartaz no saguão da FD até o dia 18 de agosto. Entre 25 de agosto e 7 de setembro, poderá ser vista na Reitoria da UFG, no Câmpus Samambaia.
Confira aqui os vídeos da exposição "Memória Institucional FD/UFG - minha alma mater"
Fuente: Secom UFG, com informações da Reitoria Digital