Virada Ambiental irá plantar 246 mil mudas nativas do Cerrado
Projeto de extensão conta com diversos parceiros e está presente em todos os municípios de Goiás
Texto: Caroline Pires
Fotos: Carlos Costa - Assembleia Legislativa do Estado de Goiás
Mobilização de instituições e municípios goianos é a palavra chave para o resgate e promoção da biodiversidade do estado de Goiás. Sob essa bandeira a Universidade Federal de Goiás (UFG) se uniu a diversos outros parceiros para o lançamento da Virada Ambiental 2023, realizado hoje, 5/6, na Assembleia Legislativa. O evento marca a proposta de plantar 246 mil mudas típicas do Cerrado em todos os municípios do estado. Os plantios serão realizados ao longo do ano, mas terá como dia D o dia 22 de novembro.
Lembrando que hoje é o dia Internacional do Meio Ambiente e que a UFG foi a idealizadora desse projeto, a deputada estadual Rosângela Rezende agradeceu a todos os parceiros e reforçou a importância da atuação coletiva sobre o tema. "O Cerrado abastece oito das doze bacias hidrográficas e é a caixa d'agua do Brasil. E como filha de Mineiros, e dessa parte aflorada do aquífero Guarani, me vejo no dever de defender esses recursos", iniciou sua fala. Segundo ela, apesar da vocação para a agricultura e pecuária, é preciso cumprir o código ambiental e as licenças de exploração de espaços devem ser adotadas à risca da lei. "De muda em muda iremos plantar a semente da transformação", concluiu a deputada.
"A Virada Ambiental demonstra o impacto dos projetos de extensão da UFG", destacou a Reitora.
"Esse dia 5 de junho, em comemoração ao dia do Meio Ambiente nos alegra e nos alerta", iniciou o discurso a reitora da UFG, Angelita Pereira de Lima. Ela reforçou que o Virada Ambiental nasceu de um projeto de extensão da UFG e que essa é uma atividade cara e fundamental para a instituição. "Além de formar pessoas para serem profissionais, nossa Universidade atua de maneira forte encabeçado projetos que impactem na sustentabilidade", explicou. De acordo com a reitora, é preciso ter uma visão de desenvolvimento mais descentralizado, haja vista que hoje 70% do produto interno bruto do estado está concentrado em apenas 10 municípios. "O agronegócio não é um adversário, mas deve ser entendido como parceiro para que, com o uso de ciência e tecnologia, consigamos também distribuir renda", defendeu.
O representante da Federação Goiana de Municípios, Altran Nery, engenheiro ambiental de formação, destacou que o problema é muito complexo e demanda uma luta constante. "Em Flores de Goiás temos 65% do nosso território preservado, mas ao mesmo tempo encontramos dificuldades simples, como por exemplo, disponibilização de lixeiras adequadas", pontuou. O presidente da Emater, Rafael Gouveia, afirmou que a instituição está com representantes em todo os 246 municípios de Goiás, e atua, em especial, junto aos trabalhadores da agricultura familiar. "O nosso cerrado deve ser desfrutado não só por nós, mas também pelos filhos e netos. Vamos seguir nos unindo com outras entidades fortes para tornar essa realidade possível", frisou.
A vereadora Kátia Maria dos Santos, iniciou sua fala lembrando do que ela chamou de "deforma" que recentemente aprovou mudanças no código florestal, que afetam de maneira negativa o Cerrado. "Nós precisamos fazer desse 5 de junho um conscientização de verdade, para não termos só discursos bonitos mas ações práticas", afirmou. Segundo ela, essa realidade atual não é para desanimar a todos, mas deve ser combustível para fazer da pauta ambiental uma constante de atuação no legislativo, executivo e organização civil organizada. Criador da Frente Ambiental em defesa da Chapada dos Veadeiros, o deputado Antônio Gomide, discursou lembrando que a área mais devastada do estado acompanha o Rio Araguaia. "Estamos na quinta edição da Virada Ambiental e infelizmente não temos muito o que comemorar, porque nesses 5 anos tivemos um aumento de 45% no desmatamento do estado", lamentou.
Autoridades realizaram o plantio simbólico de uma muda na Assembleia Legislativa, quando início a Virada Ambiental
Compuseram a mesa ainda o presidente da Associação Goiana de Municípios, Carlos Alberto Andrade Oliveira (Carlão da Fox), o presidente do Sistema da Organização de Cooperativas do Brasil em Goiás (OCB/GO), Luís Alberto Pereira, o titular da Delegacia da Receita Federal em Goiânia, Auditor Fiscal Djalma Alencar Lustosa Sobrinho, a gerente de Economia Sustentável da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Rúbia Santos Corrêa e a Superintendente de Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Saneago, Camila Roncato.
5ª edição da Virada Ambiental
Idealizador do projeto, o professor da Escola de Engenharia Civil e Ambiental (EECA/UFG) Emiliano Godói, destacou que oVirada Ambiental, surgiu do programa UFG Sustentável, que visa buscar soluções inovadoras e criativas de sustentabilidade nos órgãos públicos. Com o projeto em funcionamento, houve a ideia de neutralizar a emissão de carbono do UFG Sustentável com o plantio de mil mudas de árvores típicas do Cerrado. Por ideia do professor Jônatas Silva, da Faculdade de Direito da UFG, eles então passaram a buscar parceiros para ampliar essa ideia de plantio não só para a capital, mas também para os demais municípios do estado. "A virada ambiental está de acordo com os objetivos de desenvolvimento sustentável da Organização Mundial de Saúde, pensando globalmente e atuando de forma local. Sabemos que tudo acontece nos municípios, por isso a necessidade de participação especialmente dos secretários municipais de meio ambiente. Queremos ser uma onda de virada para romper com as atuais degradações", lembrou.
O professor destacou que o grande diferencial dos projetos de extensão é a maneira como eles são abraçados pela sociedade, e com a Virada Ambiental não é diferente. "Somos resultado dessa participação ativa de várias parceiros, inclusive de pessoas físicas que nos apoiaram ano passado, para que consigamos atingir nossos objetivos e realmente impactar nosso estado e o Brasil", exemplificou. Ele anunciou que, como ação permanente, a partir do mês de agosto a Escola de Governo da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás irá oferecer capacitação para servidores voltadas para as ações de trabalho da Virada Ambiental. "O nosso número mágico é tentar alcançar mil mudas para cada município do estado, felizmente temos ultrapassado esse número", contou. Vale lembrar que mesmo durante a pandemia, o plantio seguiu acontecendo. Ele destacou ainda que vários municípios começaram a unir à Virada Ambiental ações de esporte, como passeios ciclísticos.
Por fim, o professor lembrou que em quatro anos o projeto plantou mais de um milhão de árvores. "Nenhum outro projeto teve esse sucesso no que se refere ao plantio de árvores em todo o estado de Goiás. E isso deve ser reconhecido e os secretários e associações parcerias devem ser prestigiados. Porém, o custo básico para uma muda são 5 reais. Ou seja, foram gastos 5 milhões de reais", lembrou. Segundo ele, por isso é fundamental o envolvimento de empresas privadas aderindo ao projeto Virada Ambiental com o objetivo de neutralizar o carbono produzido por eles.
Deputada Rosângela Rezende afirmou que está em contato permanente com instituições públicas e privadas em prol de preservar os rios do estado, que são fundamentais para a manutenção das bacias hidrográficas brasileiras
Adolescentes do Projeto Batida Forte, de Rio Verde, fizeram a apresentação cultural que deu início ao evento
Cooperativa Bordana participou da abertura da Virada Ambiental e auxiliou na decoração do palco