Empossado 1º docente efetivo indígena da Universidade
Gilson Tapirapé foi estudante de graduação e mestrado e atuou como professor convidado
Texto: Luciana Santal
Fotos: Carlos Siqueira
Na tarde de quarta-feira (13/2), a natureza em torno do Núcleo Takinahakỹ, da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Goiás (FL/UFG), dava as boas-vindas aos presentes que aguardavam a cerimônia de posse do primeiro professor indígena da UFG, Gilson Ipaxi'awyga Tapirapé. Primeiro, sol e calor na composição da mesa diretiva: além de Gilson, estavam a reitora Angelita Pereira de Lima; o vice-reitor Jesiel Carvalho; o pró-reitor de Gestão de Pessoas, Sauli dos Santos Júnior; a secretária de Inclusão da UFG, Luciana de Oliveira Dias; e o representante do Conselho do Núcleo Takinahakỹ, Makatu Kayabi.
Em seguida, trovões compunham a música de fundo durante a leitura do Termo de Posse, realizada pela diretora da Administração de Pessoas, Wilma Maria Gonçalves dos Santos. A ventania trouxe frescor para a cerimônia e contribuiu para o clima de festa, enquanto a reitora Angelita e Gilson assinavam o Termo de Posse que, a partir daquele momento, passava a valer como uma Portaria de Nomeação para que ele venha a exercer o cargo efetivo de professor da carreira de Magistério Superior, em regime de dedicação exclusiva, com lotação na FL.
A coordenadora do Núcleo Takinahakỹ, Aline da Cruz, explicou que a vaga ocupada pelo empossado nasceu de um edital de inovação em que trabalharam juntos os professores e as respectivas unidades acadêmicas: Jamesson Buarque de Souza (FL), João Medrado (Instituto de Matemática e Estatística - IME), Eugênio de Carvalho (Faculdade de História - FH), Izabela Tamaso (Faculdade de Ciências Sociais - FCS) e o professor Anderson de Paula (Faculdade de Filosofia - Fafil). "É uma grande alegria para nós do Núcleo Takinahakỹ termos o primeiro professor indígena da UFG", celebrou Aline.
A secretária de Inclusão, Luciana Dias, falou da satisfação de receber o novo professor na UFG: "Essa já é a sua casa, Gilson, que conhece profundamente a Universidade na condição de aluno e também de professor. Seja muito bem-vindo a essa casa que você olha agora a partir de um outro lugar, confiamos na missão grandiosa que você deve cumprir aqui".
"Esse é um momento de agradecimento, alegria e emoção", pontuou o agora professor da UFG, Gilson Ipaxi'awyga Tapirapé, com a voz embargada daqueles que tentam falar em meio às lágrimas. Ele contou da luta durante os estudos, principalmente no mestrado, época em que perdeu a mãe, a irmã e o avô. Como a conquista seria ainda maior na companhia dos familiares, o Sindicato da Associação dos Docentes das Universidades Federais de Goiás (Adufg) ajudou a trazer a esposa, o pai e os filhos do professor para a cerimônia.
Entre outras pessoas e instituições, Gilson agradeceu ao seu povo Apyãwa e ao corpo docente do Núcleo Takinahakỹ , em especial, à professora Mônica Veloso Borges, sua orientadora desde 2007. "A alegria de estar discutindo hoje Territorialidade e Ancestralidade começa a partir do curso de Educação Intercultural. Quando se fala em território e ancestralidade, estamos falando sobre vitalidade cultural e vitalidade linguística. O Núcleo tem sido espaço de construção de nova perspectiva metodológica para visibilizar as culturas e línguas indígenas", explicou o professor, enquanto a chuva finalmente caía como que detalhe artístico da cerimônia.
Segundo a reitora Angelita, a praxe do dia de posse é um ato administrativo, em sala, apenas com a chefia imediata. "Mas a UFG jamais poderia deixar de dar a esse momento a visibilidade e importância merecidas. Nós queremos que este lugar, em que você certamente passará muito tempo da sua vida, seja de muita realização. A sua posse, professor Gilson, está muito prestigiada por quem conduz a gestão da UFG e a sua presença nos faz e fará enxergar melhor essa Universidade. Quero te agradecer por vir engajar conosco nesse projeto de Universidade Federal de Goiás, na sua universalidade, na sua diversidade e nos seus desafios", ressaltou.
O professor Gilson é mestre em Letras e Linguística, na área de Estudos Linguísticos pela UFG (2020). Possui graduação em Educação Intercultural - Ciências da Linguagem (2011) e especialização em Educação Intercultural e Transdisciplinar: Gestão Pedagógica, também pela Universidade Federal de Goiás - UFG (2015). É professor da Escola Indígena Estadual Tapi'itãwa, onde exerceu a função de diretor em 2016 e 2017. Também é pesquisador na Ação Saberes Indígenas na Escola (Rede UFG/UFT/UFMA).
Fonte: Secom
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