"As portas da Casa da Inclusão estão abertas"
Universidade Federal de Goiás inaugura a sede da Secretaria de Inclusão
Texto: Caroline Pires
Fotos: Carlos Siqueira
O auditório estava repleto daquilo que a UFG tem de melhor: pessoas. Centenas delas com seus mais diversos discursos e diversidades e imbuídas da missão de zelar por esta pluralidade. As músicas cantadas e tocadas pelo projeto de extensão Musiversidade coroaram o ambiente para a inauguração da sede da Secretaria de Inclusão da UFG, nesta sexta-feira, 10/2. A cerimônia contou com a presença de estudantes, servidores e membros da comunidade em geral que reconhecem a importância desse espaço para o contínuo trabalho de inclusão, dentro e fora da Universidade. Confira o álbum de fotos do evento.
Emocionada, a secretária de Inclusão da UFG, Luciana de Oliveira Dias, iniciou seu discurso justamente lembrando da pluralidade do povo brasileiro. "Existir nos convida a resistir e nós, como universidade pública, passamos os últimos anos por muitas dificuldades. Foram tempos de lutar contra a violência. Aprendemos que não podemos ignorar a pluralidade e temos que desconfiar da homogeneidade sempre que a encaramos", afirmou. Segundo ela, a convivência com a diferença é uma dádiva e as ações de inclusões e contra qualquer tipo de preconceito é a missão de todos os brasileiros. "Nossa universidade é um exemplo de radicalidade contra qualquer tipo de discriminação e trabalhamos para garantir não só o acesso como também a permanência dos nossos alunos, prezando pela missão máxima do Ensino", defendeu.
Luciana Dias, Ieda Leal e Angelita Pereira de Lima comemoraram a inauguração da sede da SIN como uma conquista que ultrapassa os muros da UFG
A secretária se dirigiu nominalmente a cada um dos pró-reitores e secretários, além de membros da equipe da SIN e agradeceu os apoios específicos, que colaboraram com a estruturação e projetos da SIN. "Sem todos e cada um de vocês que estão aqui hoje essa realidade não estaria sendo construída", complementou. A secretária frisou ainda que é o espírito disposto a servir e construir juntos, que une desde estudantes e sindicatos, até movimentos externos que atuam de forma única e alcançam a transformação social. "Quem possui na pele essa marca tem a estranha mania de ter fé na vida. Vamos juntos construir uma universidade onde todos os plurais tenham assegurado não só o ensino, mas também um ambiente de acolhimento e pertencimento. A UFG é nossa casa. A liberdade é nossa uma luta constante", concluiu.
Auditório do Instituto de Química recebeu a cerimônia de inauguração e contou com grande público
Em seguida discursou Vilmar Costa, prefeito da cidade de Cavalcante, afirmando que a inauguração é um momento ímpar. "Sou o único prefeito quilombola do Brasil. Esse é um tempo de construir e é preciso sempre lembrar que não estamos ocupando o espaço de outra pessoa, mas esse é nosso local de direito. O povo Kalunga está presente nessa luta", defendeu. Já a secretária de direitos humanos da Universidade de Brasília, Deborah Santos, entende que a universidade não se vive sozinha e nem de maneira isoladas uma das outras. "Mais do que espaço de Inclusão, tenho certeza que a SIN é um espaço de escuta e pertencimento. UnB e UFG compartilham essa busca e tem uma parceria no enfrentamento contra todas as violência", afirmou. Representando a ministra Aniele Franco, Ieda Leal, coordenadora nacional do movimento negro unificado e secretária do sistema nacional de promoção da igualdade racial, afirmou que se sente em casa na UFG. "Todo brasileiro é criolo. E a SIN é o sim para que a gente possa seguir batalhando. Foi nessa universidade que eu aprendi tanta coisa e tenho tanto a agradecer", ressaltou.
Lembrando a sua trajetória na luta pela igualdade, a diretora executiva da Fundação de Apoio a Pesquisa (Funape), Sandramara Matias Chaves, resgatou a criação do projeto UFG Inclui, há mais de 10 anos. "Fico muito emocionada com essa inauguração pois ela marca o protagonismo dessa área na universidade", afirmou. Já o reitor da UFG por três mandatos, Edward Madureira Brasil, entende que a luta pela a inclusão é um permanente aprendizado. "Vamos comemorar o patamar que alcançamos e continuar batalhando, como temos feito há mais de uma década", defendeu. Jesiel Carvalho, vice-reitor da UFG, lembrou que a criação da SIN nasceu na campanha para a reitoria da Universidade. "Mesmo com todas as dificuldades orçamentárias, foi possível criar esse espaço que reúne toda a estrutura de Inclusão da nossa instituição. Mas isso é só o reflexo de tudo o que tem sido feito dentro e fora da UFG", pontuou.
Acolhimento e defesa das pluralidades é o foco de atuação da Secretaria de Inclusão
Destacando que a composição da mesa de abertura é paritária no que se refere a brancos e pretos, a reitora Angelita Pereira de Lima também se emocionou com os discursos da manhã. "Temos que ter atenção para essas questões, que fazem completa diferença no dia a dia, como a composição de uma mesa de evento, sejam normalizadas e pensadas de forma inclusiva. Isso educa o olhar e transforma o mundo. Mas isso não acontece do dia para a noite. O que vivemos hoje é construção". A reitora defendeu que cada um dos presentes atue com afinco para que essas construções sejam cada mais maiores e fortemente edificadas. "Fico muito feliz de saber que a nossa geração é vitoriosa nesse aspecto. Estamos fazendo marcos. Por isso vamos fazer do dia 10 de fevereiro como o Dia da Inclusão da UFG", defendeu. Por fim, a reitora afirmou que a perspectiva inclusiva está permeando toda a gestão. "Até a próxima temporada de coleções de grau nos teremos uma resolução que contemple a inclusão de rituais indígenas nas cerimônias", concluiu.
Em seguida, os presentes foram convidados a conhecer o espaço físico da nova sede da SIN e foi realizado o descerramento da placa.
Diretorias com um só propósito
Com a criação da Secretaria de Inclusão, no início de 2022, a UFG passou a ter em sua estrutura administrativa um órgão que centralizou as ações relativas ao reconhecimento da diferença e da diversidade, a promoção da igualdade de oportunidades e tratamento, além da inclusão de segmentos historicamente discriminados. O secretário de Inclusão adjunto, e diretor de Ações Afirmativas, Pedro Cruz, entende que a inauguração da SIN foi uma coroação de um longo trabalho. "Conseguimos em apenas um ano a construção dessa sede, que é o reconhecimento a um trabalho que tem sido realizado há muito tempo. Hoje trabalhamos integrados e todas as atividades são colaboradas e organizadas entre todas as diretorias", defendeu. Contudo, segundo ele, a criação da SIN não significa a resolução de todos os problemas da área, mas representa, melhores condições de enfrentar as discriminações. "As pessoas precisam apresentar a respeitar espaços, zelando pela dignidade e a cidadania. Esses desafios demandam de nós uma maior comunicação com a sociedade, colaborando com esse movimento que é complexo, mas fundamental", frisou.
Já a professora Kellen Cristina Prado da Silva, é a atual responsável pela Diretoria de Mulheres e Diversidades, nascido do GT Mulheres que era coordenado pela então vice-reitora, Sandramara Matias Chaves. "Atuamos partindo da concepção de mulheridades, que é mais ampla do que o conceito de mulher. Um grande desafio que temos é atender especialmente as mulheres que são mães dentro da UFG. Além de políticas mais efetivas para a permanência de trans e travestis na universidade", destacou ela como maiores desafios. De acordo com ela, além disto é preciso se aproximar de outras entidades da sociedade civil com o objetivo de conversar melhor com esse público que a diretoria quer acolher cada vez mais.
A diretoria de Acessibilidade, é a terceira diretoria que compõe a SIN, e é dirigida pela professora Ana Cláudia Sá. "Nossa maior barreira sem dúvida é a construção de uma sociedade mais inclusiva, garantindo o direito dessas pessoas de explorarem as suas potencialidades e conviverem socialmente", explicou. Ela explica que além de estudantes, servidores e docentes também são atendidos pela diretoria. "A equipe da diretoria é muito coesa e olhamos com um olhar cuidadoso e permanente sobre a acessibilidade no ambiente acadêmico", concluiu.
"O dia 10 de fevereiro deve entrar para o calendário da UFG como o Dia da Inclusão, em comemoração a esse momento", defendeu a reitora da UFG
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