Discente do Cepae participa de feira de ciências internacional
Anny Gabriela conquistou na Febrace 2022 a oportunidade de representar a UFG fora do Brasil
Texto: Versanna Carvalho
Fotos: arquivo pessoal e FBJC
Uma disciplina do ensino médio resultou em um projeto triplamente premiado na maior feira de ciências da educação básica do Brasil e com a oportunidade de expor o pôster da pesquisa na maior feira internacional de ciência do ensino médio, nos Estados Unidos. Essa parte da trajetória da estudante do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação (Cepae) da Universidade Federal de Goiás (UFG), Anny Gabriela Marçal de Carvalho Araújo, 18 anos, com o Trabalho de Conclusão do Ensino Médio (TCEM).
A discente fez o projeto “Desenvolvimento e caracterização de nanocarreadores magnéticos fluorescentes para aplicação em hipertermia magnética” para o Trabalho de Conclusão do Ensino Médio (TCEM), que foi orientado pelo professor do Instituto de Física (IF), Marcus Carrião dos Santos. O material foi inscrito na 20ª edição da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace 2022), em março, e conquistou três prêmios: 1º lugar em Ciências Exatas e da Terra; Prêmio Destaque Unidades da Federação; e uma credencial, com viagem paga, para participar do Regeneron International Science and Engineering Fair (Isef 2022) - a maior feira internacional de ciências do mundo realizada em maio, nos EUA.
Na semana passada, essa história ganhou um novo capítulo quando Anny participou da 3ª Feira Brasileira de Jovens Cientistas (FBJC 2022), do Instituto Brasileiro de Jovens Cientistas (IBJC), realizada virtualmente, de 23 a 26 de junho. Agora, a estudante obteve mais duas vitórias. O primeiro lugar em Ciências Exatas e da Terra, juntamente com um projeto do Rio Grande do Sul, e o "Prêmio Desbravando o Mundo", cujo prêmio é uma credencial para participar da Conferência Internacional de Jovens Cientistas (ICYS), em abril de 2023, na Grécia.
Anny Gabriela explica que o TCEM é uma disciplina obrigatória do Cepae, que é desenvolvida durante todo o ensino médio. Ela conta que inicialmente pensava em trabalhar um tema na área da astronomia, mas ao visitar a Escola de Física do IF UFG de 2019, um evento de divulgação científica voltado a estudantes do ensino médio, assistiu uma palestra do professor do IF, Andris Bakuzis, sobre hipertermia magnética aplicada no tratamento de câncer.
“Eu me apaixonei por esse novo assunto e realmente acreditei muito na proposta, achei bem inovadora e que parecia bem interessante de investir meu tempo, principalmente para o TCEM. Pois meu objetivo, desde o começo foi contribuir de alguma forma com o meu trabalho, e não fazer o TCEM por obrigação, mas tirar um proveito de três anos de estudo”, conta.
Contribuição efetiva
O passo seguinte foi conversar com o professor de Física do Cepae, Guilherme Colherinhas de Oliveira, que indicou que ela fizesse contato com Marcus Carrião, no IF. “Ela me solicitou um projeto que não fosse apenas de revisão de literatura, mas sim um projeto no qual ela pudesse contribuir de forma efetiva e original. Ela trabalhou algum tempo com minhas alunas de Iniciação Científica e, depois que ela já tinha adquirido alguma formação básica na área, definimos o seu projeto”, relata Carrião.
O orientador conta ter oferecido a Anny uma série de opções de projeto e que restrições orçamentárias e sanitárias, devido à pandemia, foram levadas em conta. “O projeto consistia em repetir parte do trabalho desenvolvido na tese de doutorado defendida no Instituto de Física por Nicholas Zufelato para a síntese e caracterização de um nanocarreador magnético e fluorescente para aplicações em hipertermia magnética para oncologia. Ao longo do projeto, nós propomos a, mais que repetir, tentar otimizar a síntese aumentando a concentração de material magnético no nanocarreador, que foi o que ela fez”.
Veja o vídeo gravado por Anny no qual ela fala sobre a pesquisa que desenvolveu no Cepae UFG
Interessada em atividades além da escola, Anny já havia participado da Febrace em outras oportunidades, mas nunca como ganhadora. A iniciativa de inscrever o projeto da Febrace em 2021 partiu dela. "Eu forneci apenas o suporte que ela solicitou para organizar a apresentação e preencher documentos. Eu me preocupei mais em dar o suporte para que ela pudesse concluir o TCEM com êxito, mas ela foi além. O mérito da participação e sucesso na Febrace e na Isef é todo dela", enfatiza o orientador.
Novidade
Carrião afirma que a experiência de orientar uma estudante do ensino médio foi uma novidade muito positiva para ele, que até então só havia orientado discentes da graduação. "A Anny é uma aluna acima da média, então, não tivemos dificuldades do ponto de vista de compreensão do conteúdo. Ela sempre se mostrou muito interessada, muito independente e proativa. Eu fico muito satisfeito de poder contribuir para que ela tenha uma formação básica em pesquisa sendo tão jovem. Tenho certeza que isso impactará de forma positiva sua formação e, mesmo que ela não siga uma carreira científica, sua visão sobre a relevância da ciência para a sociedade", avalia.
"Além disso, ela teve a oportunidade de participar da maior feira de ciências pré-universitária do mundo, teve a honra de representar o Brasil no evento, conhecer e compartilhar experiência com jovens pesquisadores do mundo todo. Estou feliz de poder contribuir para a formação dela e já estou trabalhando para expandir essa experiência e oferecer essas e outras oportunidades a outros alunos", complementa.
Além do esperado
A Anny, que concluiu o ensino médio no Cepae no ano passado e colou grau neste ano, conta que às vezes não acredita no que aconteceu, pois, apesar de saber que seu projeto, os resultados foram além do que era esperado. "Nunca pensei que eu fosse ganhar três prêmios na maior feira de ciências do Brasil, e ainda mais que um deles fosse participar da maior feira pré-universitária do mundo, conheci pessoas incríveis do Brasil, jovens cientistas assim como eu, e de diferentes países também".
No momento, a adolescente tem estudado em um cursinho preparatório para o vestibular e o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O objetivo é ingressar no curso de medicina, mas Anny afirma que pretende continuar fazendo pesquisa. "Essa experiência me dá gás para continuar no caminho que eu quero, de pesquisadora, e sinto que estou no caminho certo. Aprendi muito com essa experiência, cresci muito como pessoa e na área acadêmica também. Agora, me resta continuar estudando e me esforçar como sempre para que eu continue fazendo o que gosto, a pesquisa", salienta.
O professor Marcus Carrião destaca que existe todo um movimento que vem sendo feito por ele e outros professores do Instituto de Física da UFG no sentido de aproximar alunos do ensino médio do Instituto. O grupo tem investido em projetos como a Escola de Física, o apoio a estudantes que queiram participar da International Young Physicists' Tournament (IYPT) e a participação no programa de Iniciação Científica Júnior. "Essas iniciativas têm potencial de desenvolver o interesse dos alunos do ensino médio em ciências, mais especificamente em Física, e de atrair talentos para nossa Instituição. Existem muitas oportunidades para alunos do ensino médio dentro da UFG, não apenas no Instituto de Física, e essa interação com alunos e professores é muito importante".
Fonte: Secom UFG
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