Direito Agrário comemora o Doutoramento Honoris Causa do "Araucária"
Professor Carlos Marés recebeu a honraria por sua extensa trajetória em defesa dos povos tradicionais
Texto: Luciana Santal
Imagens: Andréia Barra
A noite da sexta-feira (29/4) no Câmpus Samambaia da Universidade Federal de Goiás (UFG), foi marcada por rememoração e aplausos à história marcante do professor Carlos Frederico Marés de Souza Filho, também conhecido como Araucária. Nascido no estado do Paraná, ele chegou a Goiás depois de percorrer outros países, como Uruguai, Chile e Venezuela, com o intuito de contribuir com os povos tradicionais e suas defesas das terras em que habitam.
Agora, em 2022, o professor recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela universidade e pode ressaltar: “Se eu pudesse escolher, seria nessa universidade em que eu faria o meu doutorado e em Direito Agrário. Num passe de mágica, realizou-se meu sonho. Eu vou levar esse título com tanto orgulho que algumas pessoas podem me olhar e dizer ‘Ali caminha um homem orgulhoso’, coisa que nunca fui! É uma honra muito grande ser doutor Honoris Causa por essa Universidade”. Doutor Honoris Causa é o título máximo dado a personalidade da sociedade que se tenha distinguido pelo saber ou pela atuação em prol das artes, das ciências, da filosofia, das letras ou do melhor entendimento entre os povos.
Para a entrega da honraria, juntaram-se, à mesa diretiva da sessão solene, a reitora da UFG, Angelita Pereira de Lima; o diretor e a vice-diretora da Faculdade de Direito (FD), José Querino Tavares Neto e Sílzia Alves Carvalho; a coordenadora do Programa de pós-graduação em Direito Agrário (PPGDA), Maria Cristina Vidotte Blanco Tarrega. O ex-vice-reitor da UFG e docente da FD, Eriberto Francisco Bevilaqua Marin, acompanhou o homenageado até a mesa ao som de “O trenzinho do caipira”. A cerimônia foi realizada no Núcleo Takynahaky de Formação Superior Indígena, local escolhido para abrilhantar ainda mais o momento, já que o professor é conhecido por seu trabalho como advogado dos povos indígenas desde 1980.
“Faço essa saudação ao professor Marés em nome de toda a comunidade acadêmica da UFG”, iniciou sua fala, Maria Cristina Vidotte, que contou sobre a trajetória do homenageado desde a época em que era liderança estudantil na universidade, aos 21 anos de idade, como também sobre os desafios enfrentados durante as ditaduras militares do Brasil e do Chile, um dos países onde ele viveu. Em 1979, voltou ao Brasil, lugar em que defendeu causas sociais e povos tradicionais, como quilombolas e indígenas.
O diretor da FD, José Querino, também foi convidado a discursar sobre e para o professor Marés: “Um militante dos direitos dos povos indígenas e tradicionais. O socioambientalismo talvez fosse efêmero, não existisse sua contribuição acadêmica e exemplo pessoal. Receba os parabéns da Faculdade de Direito de forma muito carinhosa. Muito obrigado por estar aqui conosco hoje”.
Para encerrar a cerimônia, a reitora Angelita enfatizou que os presentes eram testemunhas de uma história que se vincula à da Universidade Federal de Goiás. E se dirigiu ao professor Carlos Marés: “Obrigada por emprestar sua trajetória e seu repertório intelectual, pessoal e sua memória política para a UFG”. Também falou sobre o protagonismo da universidade em relação às políticas de ações afirmativas com a instituição do programa UFG Inclui, que garante uma vaga a mais em todos os cursos para alunos indígenas e quilombolas.
Fuente: Secom