UFG adquire equipamento inédito na América Latina
Aparelho permite a identificação de problemas vasculares ainda em fase inicial
Texto: Mariza Fernandes
Fotos: Carlos Siqueira
O endotélio é uma membrana que reveste a parte interior dos vasos sanguíneos, incluindo as artérias. Atualmente, ele é considerado um órgão, pois não tem apenas a função de revestir, ele também produz substâncias e, portanto, é um órgão fundamental para a saúde dos vasos. A perda de capacidade do endotélio pode favorecer o envelhecimento das artérias, acarretando problemas como o acidente vascular cerebral (AVC) e o infarto do miocárdio. Por isso, é muito importante que qualquer alteração nesse órgão seja identificada o mais rápido possível.
A Universidade Federal de Goiás (UFG), por meio da Liga de Hipertensão Arterial, adquiriu recentemente um aparelho inédito na América Latina para análise endotelial. O equipamento possui um braço robotizado que permite ter mais precisão na realização da técnica chamada “análise da dilatação fluxo-mediada”, uma metodologia capaz de identificar a perda da funcionalidade do endotélio ainda em fase inicial.
Tecnologia
O coordenador da Liga de Hipertensão Arterial, Weimar Sebba Barroso, explica que o aparelho garante que o método seja bem aplicado. “A grande maioria dos estudos apresentados até então foram realizados com modelos que dependem de um operador; o ultrassom é operado pela mão humana. Como é um exame demorado, a partir de um certo momento, o cansaço pode interferir na qualidade”, destacou.
A primeira diretriz sobre a análise da dilatação fluxo-mediada trouxe, como padrão ouro para essa metodologia, um aparelho que realiza o exame de forma totalmente robotizada. “O braço mecânico consegue manter o direcionamento sobre a artéria sem perder a qualidade e, com isso, avaliar se há uma resposta adequada do endotélio”, explicou Weimar. A UFG, após uma série de negociações empreendidas pelo professor Weimar, é a primeira instituição da América Latina a adquirir tal aparelho.
Aplicação
A recente aquisição entrará em uso a partir de janeiro de 2022 e, a princípio, será utilizada em quatro projetos de pesquisa que já estão em andamento na UFG e que utilizam a metodologia de análise da dilatação fluxo-mediada: um estudo sobre saúde vascular e cognição; uma avaliação de danos vasculares em pacientes com problemas renais em fase inicial; uma pesquisa sobre a saúde vascular em pacientes pré-diabéticos no início da alteração da glicose; e um projeto que avalia a intervenção de bons sentimentos na promoção da melhora na saúde das artérias e vasos.
O reitor da UFG, Edward Madureira Brasil, destacou a importância da atitude do professor Weimar para que a universidade alcançasse mais essa conquista. “Estamos assistindo aqui hoje a aquilo que move a universidade pública: A vontade. A gente tem pessoas muito bem formadas, idealistas, muito determinadas e ousadas. O que faz diferença sempre são as pessoas, o conhecimento e a vontade de passar isso para a frente, de ver o brilho nos olhos dos orientandos que certamente vão usar esse equipamento em suas pesquisas, produzir teses e publicar artigos. A nossa satisfação é ver o trabalho andando e a sociedade sendo beneficiada com isso”, comemorou.
Histórico
A possibilidade de aquisição do aparelho começou a ser analisada há cerca de um ano, quando a Liga de Hipertensão Arterial, buscando estudar o endotélio se colocando no topo da pesquisa sobre o tema, adquiriu um aparelho de ultrassom vascular que ainda não era o chamado “padrão ouro”. Havia a necessidade de comprar um software para aplicar nas análises.
O professor Weimar entrou em contato com uma empresa na Itália para comprar o software, que custava o equivalente a 10% do valor do equipamento mais moderno. Weimar, então, teve a ideia de procurar a empresa responsável pelo aparelho para tentar comprar o equipamento pelo mesmo valor do software. A ousadia foi bem recebida pelos representantes da empresa, que aceitaram a oferta e contribuíram para que a UFG pudesse adquirir o modelo robotizado. “Isso foi possível com o nosso compromisso de utilizar o aparelho para produzir conhecimento científico”, explicou o professor.
Source: Secom UFG
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