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Professor Emérito 08-12-21 (1)

Orlando Amaral e Ricardo Bufáiçal são laureados Professores Eméritos

Em 13/12/21 20:21.

Os dois ex-reitores da UFG oriundos do IF são homenageados na mesma solenidade

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Solenidade de entrega dos títulos foi realizada no Centro de Eventos Ricardo Bufáiçal

 

Texto: Versanna Carvalho

Fotos: Carlos Siqueira 

As gestões dos ex-reitores e professores aposentados do Instituto de Física da Universidade Federal de Goiás (IF/UFG) Ricardo Freua Bufáiçal (in memorian) e Orlando Afonso do Valle Amaral são separadas por um intervalo de 20 anos, mas há alguns pontos em comum na trajetória dos dois docentes que foram agraciados com o título de Professor Emérito da UFG. Os dois foram contemporâneos de doutorado, trabalharam juntos no IF e fizeram grandes contribuições à UFG como professores, pesquisadores, gestores e reitores. A solenidade de entrega dos diplomas foi realizada na quarta-feira (8/12), no auditório do Centro de Cultura e Eventos Professor Ricardo Freua Bufáiçal, no Câmpus Samambaia. 

O evento contou com a presença dos familiares, colegas de trabalho e ex-alunos dos homenageados. O professor Ricardo foi representado pelo filho e também professor do IF, Leandro Felix de Sousa Bufáiçal. Durante os relatos dos acadêmicos que conviveram com os dois professores alguns desses elementos eram evidenciados.

Embora Orlando, mineiro da cidade de Raul Soares, tenha feito a graduação e o mestrado em Física na Universidade de Brasília (UnB), perto de Goiás, ele só foi conhecer o grupo de futuros amigos da UFG quando estava fazendo o doutorado em Física na Universidade de Sheffield, Inglaterra. O goiano e engenheiro civil Ricardo fazia parte desta turma - juntamente com Waldemar Wolney Filho e Fernando Pelegrini - e, segundo palavras do próprio Orlando, o "trouxe para Goiás".

 

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Orlando Amaral foi reitor da UFG de 2014 a 2017 e preside a Funape

 

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Leandro Bufáiçal representa Ricardo Bufáiçal, que foi reitor da UFG de 1990 a 1994

 

Semana da Física

Desde o início Orlando teve uma carreira destacada como professor e depois como gestor. Entre os feitos estão a criação da Semana da Física, encontro acadêmico que vem sendo realizado ininterruptamente há 38 anos e influenciou o surgimento de vários eventos semelhantes, em outras unidades da UFG e em outras instituições de ensino. Criou o grupo de pesquisa em Física Atômica e Molecular, que continua em atividade com sete pesquisadores que contam com bolsas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) de produtividade. 

Criou também um projeto de extensão de divulgação científica que visitava escolas e faziam demonstrações de física, que inspirou a criação do Pátio da Ciência, no Câmpus Samambaia - espaço devotado à difusão e divulgação científica, que visa proporcionar à população em geral e aos estudantes do ensino fundamental e médio, em particular, um ambiente de educação científica não formal.

Como administrador na UFG, Orlando foi coordenador de Assuntos Internacionais, diretor-executivo da Fundação de Apoio à Pesquisa (Funape) em dois momentos distintos, foi o primeiro diretor do IF, após a transformação do Departamento de Física em Instituto de Física. Foi pró-reitor de Administração e Finanças durante 8 anos, foi coordenador Nacional do Fórum de Pró-Reitores de Planejamento e Administração das Instituições Federais de Educação Superior. 

Foi eleito Reitor da UFG para o mandato de 2014 a 2017, época em que ocupou o cargo de vice-presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Educação Superior (Andifes) entre 2014 e 2015. Após sua aposentadoria em 2018, retornou para a UFG no cargo de diretor-executivo da Funape.

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Jesiel Freitas foi professor convidado a falar sobre Orlando Amaral

 

Escolhas acadêmicas

Segundo o pró-reitor de Pesquisa e Inovação da UFG, Jesiel Freitas Carvalho, quando o professor Orlando ingressou na UFG, em 1984, a pesquisa e a pós-graduação ainda dava seus primeiros passos. Havia menos de 10 cursos de pós-graduação na Instituição e nenhum de doutorado. Naquele ano foram publicados em torno de 10 artigos científicos em publicações indexadas.

"Penso que essa realidade influenciou as escolhas acadêmicas do professor Orlando. Além de desenvolver a sua própria atividade de pesquisa, havia o desafio enorme, que era criar, na UFG, as condições apropriadas para o desenvolvimento da pesquisa científica, tecnológica, que pudesse, então, nuclear o ensino de pós-graduação. O professor Orlando, como outros professores da UFG e também do Instituto de Física, procurou combinar as atividades de ensino, pesquisa, extensão e orientação de estudantes com as atividades de gestão", enumera Jesiel, que destaca a longevidade das iniciativas do professor Orlando.   

Equipamentos

Ao falar sobre a realidade do IF em meados da década de 1980, Orlando relembrou os esforços de vários colegas que se empenharam em obter e desenvolver equipamentos e criar laboratórios, mesmo com os poucos recursos existentes. O docente conta que uma primeira oportunidade para mudar esse quadro surgiu no final da década de 1980, com o professor Ricardo Bufáiçal, que dirigia um escritório técnico-administrativo da UFG, e o governo por meio do Ministério da Educação (MEC) fez um acordo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e foi criado o programa chamado MEC BID III. O principal objetivo desse programa era suprir algumas universidades com equipamentos e laboratórios de ensino.

"O projeto foi concebido, inicialmente nessa linha, mas no meio do caminho, o professor Fernando [Pelegrini], o professor Waldemar [Wolney Filho] e o professor Ricardo [Bufáiçal], principalmente, disseram que deveríamos aproveitar a oportunidade para colocar equipamentos de pesquisa. E foi aí que chegou o primeiro equipamento de ressonância paramagnética eletrônica (RNE) que fez toda a diferença para o Instituto de Física. Foi um primeiro grande salto, à época foi um dos melhores, senão o melhor do Brasil", conta.

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Orlando Amaral emociona-se com a homenagem e conclama a lutar contra obscurantismo

 

Reuni

Orlando Amaral comenta que outro grande salto para a UFG ocorreu em 2007 com o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), que deu oportunidade para a Universidade crescer. Nessa época, o docente era pró-reitor de Administração e Finanças (Proad) da UFG, durante o reitorado do professor Edward Madureira. "Nós gerimos um programa fantástico que dobrou o tamanho da Universidade em termos de edificações, cursos, contratação de professores e técnicos. Eu fui privilegiado de estar nessa posição em um momento único das universidades brasileiras. Fui também muito privilegiado por ter sido escolhido como membro de uma comissão designada pelo MEC para definir as diretrizes do Programa Reuni. Eu estava na concepção do Reuni e depois aqui na UFG, implantando-o".

O novo Professor Emérito da UFG finaliza seu discurso dizendo, "os ataques à ciência, às universidades e os ataques à democracia que estamos assistindo em outras partes do mundo visam a destruição de um patrimônio duramente construído. Lutar contra o obscurantismo, a violência, a miséria, a ignorância e o preconceito serão sempre as nossas bandeiras de luta. Agradeço mais uma vez a todos que me ajudaram de alguma forma a me colocar nesse púlpito e a receber essa honraria. Com todos eles (alguns aqui presentes, outros à distância e outros que já nos deixaram) divido a alegria desse momento". 

 

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Nelson Amaral conheceu Ricardo Bufáiçal quando foi seu aluno no ensino médio

 

Alegria, prazer e sofrimento

Coube ao professor aposentado do IF, Nelson Cardoso Amaral, falar sobre o ex-reitor Ricardo Bufáiçal. Nelson descreveu ter sentido como um misto de alegria, prazer e sofrimento ao aceitar o convite de falar na entrega do título. "Alegria e prazer por serem esses os sentimentos que me inundam quando me lembro de tudo o que vivi com o professor Ricardo. Desde o terceiro ano do ensino médio, quando ele foi meu professor de álgebra e termologia, durante o período em que foi reitor (de 1990 a 1994) e depois acompanhando sua militância em defesa do meio ambiente contra a exploração humana pelo mundo capitalista, como ele está estruturado. Eu confesso que nesses dias que antecederam a reunião, rememorei grande parte de momentos bons e ruins que passamos juntos em todos esse tempo", 

Nelson continua, dizendo que "o sofrimento é por saber que nesse momento tão deprimente da vida nacional não o temos próximo de nós para discutir, chamar e mobilizar. Coisa que sabia fazer como ninguém para contribuirmos para alterar essa grave situação de desconstrução e desfazimento do que foi construído desde a Constituição de 1988 (pelos governos com o apoio da maioria da sociedade brasileira), em especial das universidades federais, os institutos federais, a [Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior] Capes e a [Financiadora de Estudos e Projetos] Finep".

 

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Leandro Bufáiçal fica comovido com o reconhecimento 13 anos após a morte do pai

 

Reconhecimento

Na solenidade de titulação, Ricardo Freua Bufáiçal foi representado pelo filho e docente do IF UFG, Leandro Felix de Sousa Bufáiçal. "É uma honra para mim estar aqui, representando a minha família, para receber esse título em nome do meu pai. E é uma satisfação muito grande para nós que essa cerimônia aconteça em conjunto com a titulação do professor Orlando, que era não só colega do meu pai, mas também um grande amigo. Do meu pai e, naturalmente, da família também. Eu gostaria de externar os nossos profundos agradecimentos ao Conselho Universitário da UFG, o Consuni, por essa honra concedida ao meu pai, na escolha do seu nome para receber esse título de Professor Emérito. É comovente ver que, já passados 13 anos da sua morte, há quem ainda reconheça a qualidade do seu trabalho e a sua dedicação".

Um dos momentos de maior emoção da noite foi quando Leandro leu a adaptação de uma crônica escrita por sua mãe e viúva do professor Ricardo, a escritora Maria Felix de Sousa Bufáiçal. "Sua presença-ausência me deixa vaga e eu até hoje não sei porque buscaram você assim, amando ainda tanto a vida… e agora, me ocorre a resposta: levaram você porque este mundo é muito, infinitas vezes, menor que sua alma. Foi só isso, mais nada".   

 

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Edward agradece às famílias por emprestarem dois grandes seres humanos

 

Admiração e amizade

O reitor da UFG, Edward Madureira, disse nutrir uma grande admiração, amizade e um grande respeito pelo Professor Emérito, Orlando Amaral. "Por toda a sua trajetória e por estar sempre pronto para novos desafios e defender a educação pública brasileira e a educação pública superior federal".

Ao falar do Professor Emérito, Ricardo Bufáiçal (in memorian), o reitor cumprimentou o professor do IF, Leandro Bufáiçal. "É uma alegria poder prestar essa homenagem a um dos homens mais íntegros e mais capazes que eu tive a oportunidade de conhecer. Apesar de ter podido conviver pouco com ele porque eu entro na Universidade como docente em junho de 1994 e ele já tinha deixado a Reitoria da Universidade. Mas logo em seguida a gente se encontrou na campanha do Orlandão e daí para a frente, desenvolvemos uma amizade extremamente boa da qual eu tenho gratas recordações", conta.  

O reitor agradeceu aos familiares dos dois novos Professores Eméritos, "que de uma forma ou de outra, emprestaram esses dois grandes seres humanos para construir a história dessa que é a maior, a mais importante e a mais essencial Instituição do estado de Goiás". 

Edward comentou sobre o privilégio de estar pela terceira vez na posição de reitor da UFG e de comandar junto com as equipes os destinos da Instituição. "Privilégio de poder, nesta noite, reconhecer dois dos maiores homens que passaram por essa Universidade. O professor Ricardo Bufáiçal, o professor Orlando Amaral. Professores de fato. Meus professores. Pessoas com quem aprendi tudo de gestão da Universidade. Aprendi tudo de amor à Universidade, de dedicação à Universidade".

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Lauro Maia ressalta a importância da honraria para o Instituto de Física

 

O reitor lembrou ainda que fez a graduação e o mestrado na UFG. Depois retornou para fazer o doutorado, que foi o primeiro doutorado a ser oferecido por uma universidade da região Centro-Oeste e que foi criado pelo professor Ricardo Bufáiçal. "Tive o privilégio e a sorte de encontrar essas pessoas maravilhosas pelo meu caminho. Muito maiores do que eu, que me ensinaram, que me acolheram e que me mostraram o caminho da universidade pública e da gestão pública. Com certeza a gente está aqui para cumprir algumas missões, desenvolver alguns trabalhos, para construir um mundo melhor. Mas isso só é possível se a gente tem ao lado, tem à frente, pessoas da envergadura desses dois que são homenageados aqui hoje. Eu me considero privilegiado por ainda estar na Reitoria e pela generosidade das famílias que fizeram questão que esse título fosse entregue nessa data de hoje".

O Instituto de Física (IF) da UFG foi representado pelo diretor, Lauro June Queiroz Maia, que abordou a importância do evento para a unidade acadêmica. "Esse momento é especialmente importante para o Instituto de Física. Muito obrigado pela contribuição de vocês, perseverança, gentileza, tempo e disponibilidade, trabalho incansável na construção de uma das melhores universidades federais do País. A UFG é uma Universidade referência graças a pessoas e professores como o professor Ricardo e o professor Orlando", destaca. 

Clique aqui para acessar o álbum de fotos da solenidade de entrega dos títulos de Professor Emérito a Orlando Afonso Valle do Amaral e Ricardo Freua Bufáiçal (in memorian).

Para assistir à transmissão da cerimônia pelo YouTube UFG Oficial, clique aqui.

Fonte: Secom UFG

Categorias: Notícias IF CONSUNI

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