“Não contem com o fim do livro”
Sede da nova Editora UFG é inaugurada com espaço moderno e site reformulado
Texto: Mariza Fernandes
Fotos: Carlos Siqueira
Quando o professor Anselmo Pessoa Neto foi convidado pelo reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Edward Madureira Brasil, para ser diretor do Centro Editorial e Gráfico da UFG (Cegraf), ele foi alertado sobre o desafio que teria à frente: Edward queria que a Editora UFG se tornasse independente do Cegraf. Esse seria o primeiro passo de um projeto cujo objetivo é colocar a marca da UFG entre as principais editoras universitárias do Brasil. Três anos depois, o desafio foi concluído com a inauguração da sede da Editora UFG no prédio da Pró-reitoria de Pesquisa e Inovação (PRPI/UFG).
O evento ocorreu na noite desta quinta-feira (25), e foi marcado por um sentimento de dever cumprido. E não foram poucos os que colaboraram com o projeto. Como lembrou Anselmo, a construção do espaço físico da editora não teria sido possível sem muitas parcerias. As duas salas onde a Editora UFG foi instalada estão dentro do prédio da PRPI, na área onde fica a Agência UFG de Inovação, que cedeu o espaço. “É uma alegria ter a editora instalada elegantemente aqui na Agência UFG de Inovação, com autorização da ‘dona da casa’, a professora Helena Carasek. Certamente, essa parceria vai resultar em grandes frutos”, comemorou o pró-reitor de pesquisa e inovação da UFG, Jesiel Freitas Carvalho.
Parcerias
A boa vontade para fazer a Editora acontecer está marcada em cada canto da sede da Editora UFG e envolveu até mesmo a família do professor Anselmo: “São doações da minha família; do meu filho, que está aqui presente, que fez o desenho geral, e da minha filha, que fez o desenho das mesas, com a supervisão da mãe, os três são arquitetos”, explicou. O trabalho de marcenaria foi executado na marcenaria da UFG pelo marceneiro Wanderley e o projeto de iluminação das salas foi desenvolvido por Rodrigo Costa, servidor da Escola de Música e Artes Cênicas (EMAC/UFG). Todo o trabalho foi realizado pela Seinfra, sob a supervisão da engenheira Keila da Silva.
O desafio de estruturar a nova Editora da UFG não se limitou à construção do espaço físico, o que já é uma grande empreitada. O professor Anselmo também precisou pensar em como seria a organização da Editora, que conta com uma equipe formada por mais duas pessoas: a secretária executiva, Edleila Soares, e a Programadora Visual, Ilíada Damasceno Pereira. O servidor da Secretaria de Tecnologia e Informação (SeTI/UFG), Allan Costa de Avelar, também colabora com a Editora, que agora possui um novo site. Os trabalhos também envolveram a reformulação do regimento e a revisão das orientações sobre como publicar pela Editora UFG, que estão disponíveis no site.
“Não contem com o fim do livro”
Além de todo o trabalho de construção da nova editora, o diretor, Anselmo Pessoa Neto, precisou estudar muito para tentar responder à pergunta: “O que é uma editora universitária?”. A resposta parece ainda mais difícil diante do cenário de aparente transição do livro impresso para o digital. Anselmo passou grande parte do período de isolamento social estudando sobre a história do livro e da leitura.
“A história do livro, da leitura, da transmissão do conhecimento, já viveu transições em vários momentos. Talvez um tão forte como este que estamos vivendo agora, seja a invenção da máquina de impressão em tipos móveis de Gutenberg, por volta de 1438. Foi o grande salto do manuscrito para o impresso. Agora, vamos para o digital e estamos vivendo essa indefinição dos rumos. Isso exige muito estudo, porque não há resposta pronta”, explicou Anselmo.
O professor cita Umberto Eco e seu livro intitulado “Não contem com o fim do livro”. “Ele acreditava que o impresso não deixaria de existir, mesmo com a concorrência do digital crescendo. Por outro lado, um livro que nós vamos publicar pela Editora UFG, escrito pelas professoras Andréa Pereira dos Santos (FIC UFG) e Lígia Maria (UFMG) a partir de entrevistas com o historiador da história do livro e da leitura, Roger Chartier, sobre essas questões, já não aponta uma certeza tão forte assim. Em "A aventura do livro: do leitor ao navegador'', Roger Chartier era muito mais confiante e, assim como Umberto Eco, acreditava que o livro impresso não iria desaparecer. No entanto, em "Livro, mundo digital e leituras: práticas e apropriações", muito em breve no catálogo da Editora UFG, ele apresenta uma posição bem mais matizada”.
Na opinião do professor, o impresso e o digital seguirão convivendo. “Mas o livro impresso é muito mais caro, comparado ao digital, e portanto se tornará uma coisa mais “de nicho”, para os amantes do livro ou para quem precisa ter a edição física. Mas a maior parte das vendas, eu acredito, será do livro no formato digital”. As reflexões do professor Anselmo evidenciam todo o trabalho intelectual que está por trás da administração de uma editora. “O sonho de todo editor é que você compre o livro por confiança na marca. Às vezes você não conhece o autor, mas você conhece a marca, e compra por confiança na marca, no selo. Esse é também o nosso projeto para a Editora UFG”, afirmou.
Reestruturação
Com o desmembramento, a Editora UFG passa a funcionar de forma independente em relação ao Centro Editorial e Gráfico (Cegraf/UFG), que agora é administrado pela servidora técnico-administrativa Maria Lucia Kons. Com isso, a Editora UFG e o Cegraf ganham mais agilidade para desempenharem suas funções. “Tanto o trabalho do Cegraf quanto o da Editora são importantes, porém são muito diferentes”, explica o professor Anselmo.
A Editora UFG cuida de receber propostas de publicação pelo selo Editora UFG, em um trabalho muito parecido com o de uma revista científica, isto é, com Conselho Editorial e parecer por pares. O Cegraf mantém os serviços de revisão, editoração eletrônica e impressão e pode ter esses serviços contratados por qualquer instituição ou servidor público, portanto, mesmo pela própria Editora UFG.
Fonte: Secom UFG
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