Alejandro Luquetti recebe título de Professor Emérito da UFG
Honraria coroa trajetória do professor renomado na área de Parasitologia e doença de Chagas
O estacionamento do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP) da Universidade Federal de Goiás (UFG) ainda se lembra de abrigar, por incontáveis horas, o Passat amarelo que conduzia o professor Alejandro Luquetti Ostermayer, homenageado hoje, 11 de junho, com a titulação de Professor Emérito da UFG. Essa é a principal honraria da universidade destinada a docentes que tenham alcançado posição eminente em atividades relacionadas ao ensino, pesquisa, extensão e gestão. A Assembleia Universitária para entrega do Título de “Professor Emérito” à Alejandro Luquetti foi transmitida nessa tarde pelo canal UFG Oficial. O reitor da UFG, Edward Madureira, conduziu a sessão, realizou a outorga do título e fez a leitura do Termo de Outorga do Título de Professor Emérito ao Homenageado.
O presidente da Comissão de Concessão do Título Emérito, professor Ruy De Souza Lino Junior, e o professor Luquetti trabalharam juntos na Revista de Patologia Tropical. Após enumerar as diversas contribuições de Luquetti, Ruy leu uma homenagem escrita pelo professor emérito da UFG e ex-diretor da Faculdade de Medicina, Heitor Rosa. O texto, intitulado “Alejandro Luquetti, senhor Pesquisa”, é um depoimento de um amigo que acompanhou por anos o trabalho do agora professor emérito. “Foi um compositor de pesquisas de ricas ideias, um terremoto cerebral científico que lhe tomava todo o tempo, impedindo devaneios terrestres e conversas fora do contexto da investigação. Trabalhei ao seu lado em campos opostos, fígado e Chagas em laboratórios contíguos, entre 1976 e 2010. (...) Obsessivo pelo trabalho contínuo, rigoroso e intransigente com os dados e resultados, paternalista, humor contido, excelente brittish english, português nativo e questionável espanhol pátrio. (...) Poucos pesquisadores levaram tão alto o prestígio científico da Universidade Federal de Goiás a partir de um laboratório de aparência modesta, mas que albergava uma das mais brilhantes mentes pesquisadoras que já tivemos”.
Amigo de Luquetti, o presidente da Sociedade Brasileira de Parasitologia e Professor Emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro, José Mauro Peralta, também participou da cerimônia. “O professor Luquetti sempre atingiu todas as metas de participação dentro da universidade, mostrando a sua grande capacidade de pesquisa e ensino. O Brasil é o segundo país com o número de publicações na área de Parasitologia no mundo e o professor Luquetti deu a grande contribuição dele durante todos esses anos”.
Para o diretor do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública, José Clecildo Barreto, Luquetti continua em plena atividade com suas contribuições científicas. “Dois anos atrás, o professor Luquetti nos emprestou sua expertise em doença de Chagas para termos aprovado o projeto de referência regional de laboratório de coleções biológicas, onde boa parte da história científica de micro-organismos de Goiás será guardada e sistematizada aqui em nossa universidade”. O diretor ainda salientou o trabalho do professor Luquetti em diversas frentes de combate à doença de Chagas, que promoveu a redução radical de transmissão e contribuiu na melhoria da qualidade de vida de muitos brasileiros. Em seguida, relembrou alguns pontos importantes sobre a vida do professor: “Não dá aqui para narrar uma vida de dedicação. Sequer mencionei a importância e a história desse laboratório (Laboratório de Pesquisa de doença de Chagas) junto ao controle de doenças nos bancos de sangue, hemoterapias e transfusões. Ou sua dedicação à Revista de Patologia Tropical em grande parceria com a Sociedade Brasileira de Parasitologia. Não mencionei seu carro, o Passat amarelo, no nosso estacionamento, suas madrugadas no IPTSP, que os vigilantes da UFG perguntavam há anos: ‘Aquela luz acesa é para ficar mesmo?’ e a gente falava: ‘Relaxa, é o professor Luquetti aquela luz”.
Após ouvir os relatos e homenagens, o Professor Emérito da UFG, Alejandro Luquetti Ostermayer, também se manifestou: “Hoje é um dia de imensa alegria para mim, ao ver coroada a minha vida acadêmica que iniciou no Uruguai, prosseguiu no Reino Unido e, sedimentou, desde 1975, em Goiânia. O longo depoimento do amigo dileto Heitor Rosa, lido pelo professor Ruy, foi para mim emocionante. Agradeço, ao egrégio Conselho Universitário, a aprovação unânime da concessão do título. Sou muito grato à comunidade acadêmica dessa universidade, aos meus amigos e à minha família, que soube compreender as minhas ausências do convívio familiar em prol de tantas causas. Muito obrigado a todos!”.
O reitor Edward afirmou que o professor Alejandro representa a essência da universidade, que é o compromisso com a ciência. Para ele, realizar essa solenidade, em meio a uma pandemia, é uma mostra do valor do ser humano, daqueles que constroem a ciência brasileira. E dirigiu-se ao homenageado: “Quero aqui demonstrar a nossa gratidão, da Universidade Federal de Goiás, a tudo que o senhor construiu com muita dificuldade. O senhor perseverou, construiu, abriu portas, formou gerações de pesquisadores. Seu exemplo de dedicação, determinação e abnegação inspira a todos nós a continuarmos aqui na luta”.
Dedicação à ciência e educação
EM 1970, Alejandro Luquetti Ostermayer formou-se em Medicina pela Universidad de La Republica Oriental del Uruguay; nos anos de 1975 e 1976, especializou-se em Protozoologia na UFG, onde também concluiu seu mestrado (1987) e doutorado (2011) em Medicina Tropical. Seu trabalho como professor na universidade teve início em 1975, com grande contribuição ao ensino de Parasitologia, à pesquisa no laboratório de fisiologia e imunologia de tripanosomatídeos.
Sua atuação em Imunologia e Parasitologia é referência para muitos estudos, principalmente as pesquisas relacionadas à doença de Chagas. Desde 1978, Luquetti administra uma soroteca com 35 mil soros de pacientes diagnosticados com doença de Chagas, além de 450 estoques de Trypanosoma cruzi, protozoário causador da doença, e cerca de 6,5 mil prontuários de pacientes atendidos no ambulatório do Núcleo de Estudos da Doença de Chagas. A relevância de sua produção científica pode ser traduzida nos 121 artigos publicados em periódicos nacionais e internacionais, dois livros publicados, 31 capítulos de livros sobre doença de Chagas, Imunologia, Semiologia, Tratado de Infectologia, além de inúmeros trabalhos publicados em anais de eventos e apresentações em diversos congressos.
Source: Secom UFG